𝟏𝟒
— O que foi? Por que está com essa carinha? — Vanessa disse distribuindo beijos pelo peito desnudo dele. — Não gostou do que acabamos de fazer? — Perguntou insegura. Ela sabia que Bernardo ainda amava a finada mulher, mas ele tinha que aceitar que ela havia morrido, ido para sempre.
Respeitava os sentimentos dele, mas já estava na hora de superar.
— Fica tranquila, eu gostei. — Bernardo garantiu, segurando o rosto de Vanessa entre as mãos e beijando os lábios dela.
— É a primeira vez que você faz sexo depois dela, não é? — Vanessa se sentou na cama, segurando o lençol na frente dos seios.
— Sim. — Ele respondeu, também se sentando e encostou o corpo na cabeceira da cama. Vanessa se ajeitou melhor entre as pernas dele e o beijou. — Mas não me arrependo de ter esperado. No final, estava esperando por você. — Insinuou, beijando o pescoço de Vanessa, que sorriu contente com a resposta.
Bernardo sabia que tinha que ser bem convincente nas coisas em que falava, fazia tudo parte do seu plano de justiça. Conquistar Vanessa até que ela o ajudasse a por Luiz na cadeia. Era a primeira vez, em sete meses, que os dois transavam. Tinha sido um passo difícil a ser tomado por Bernardo, mas tinha que o fazer.
Não que Vanessa não fosse uma mulher atraente, porque ela definitivamente era, mas dificilmente teríamos olhos para uma mulher estando amando outra.
— Seu marido matou a Lívia. — Bernardo disse tão baixinho que pensou que Vanessa não tinha escutado. Mas ela rapidamente levantou a cabeça do seu ombro e o olhou sério.
— O quê? Não Bernardo, sua esposa morreu porque você ap... — Mas foi interrompida.
— Eu sei, eu sei. Mas foi a pedido dela. Antes disso ela tinha sido atropelada na saída do teatro e ficou tetraplégica. Eu vi tudo, foi na minha frente. — Por um momento seus olhos ficaram opacos e sua cabeça vagou no passado. — O médico disse que se ela tivesse chegado no hospital um pouco antes Lívia poderia ter voltado a andar, mas a pessoa que atropelou fugiu do local sem nos ajudar e a ambulância chegou quase uma hora depois do acidente.
Vanessa estava mais confusa do que antes, mas parecia aos poucos entender o que ele estava tentando dizer.
— Luiz? Foi o Luiz que atropelou ela? — Vanessa perguntou com um fio de voz, sentindo uma lágrima escorrer pelos seus olhos.
— Lívia era uma bailarina alegre, feliz, não poderia viver uma vida cheia de limitações que teria sendo tetraplégica. Eu sabia disso, por isso aceitei quando ela propôs que eu fizesse eutanásia nela. — Bernardo continuou. Vanessa não conseguia olhar para ele, estava envergonhada demais para aquilo. — Ela estava saindo de mais uma de suas estreias quando um carro desgovernado a atingiu em cheio. Eu vi a pessoa, era o Luiz. — Afirmou com certeza.
Os dois ficaram em silêncio por mais um tempo. Vanessa sabia que seu marido era um tremendo babaca, mas não acreditava que fosse tanto a esse ponto. Atropelar uma moça e fugir feito um covarde?
— Você está me usando para atingir ele? — Vanessa perguntou subitamente, levantando-se do colo de Bernardo e não se importando se o lençol que cobria seu corpo havia caído no chão. — Sendo o amante da esposa do homem que matou a sua mulher? Isso é doentio, Bernardo! Até mesmo para você! — Gritou encabulada. Começou a juntar as suas roupas no chão escuro do motel, mas Bernardo a deteve.
— Claro que não! Você não lembra que eu fiquei surpreso quando você me disse que era casada com ele? — Ele falou, puxando-a para se sentar novamente. — Eu me encantei por você, foi isso que aconteceu. — Mentiu.
— Então está me dizendo que foi tudo uma pura coincidência?
— Sim! Eu quero pôr o Luiz na cadeia há muitos anos, não vou mentir, mas isso não tem nada a ver com a gente.
— Como assim prender ele? Como você vai fazer isso? Luiz é muito poderoso, não é tão fácil fazer isso.
— Eu sei disso e é por isso que preciso da sua ajuda. Colocando-o na cadeia nós podemos ficar em paz, só nós dois. — Bernardo falou tentando persuadi-la.
— Não, não, Bernardo. Ele iria se vingar de mim quando saísse. Nós podemos fugir para bem longe, sabe? — Ela sugeriu esperançosa.
— Você sabe que não daria certo, ele é um cara orgulhoso, iria atrás de nós dois até o inferno! — Bernardo disse e Vanessa pensou melhor. Aquilo era verdade.
— Não me envolva nisso Bernardo, não quero e nem vou fazer parte de nada. — Vanessa falou e começou a se vestir rapidamente.
— Você está querendo dar as costas aos seus problemas, isso não vai dar certo, eu já tentei. Para de ter medo, pare de fugir! — Ele gritou antes que Vanessa batesse a porta do motel, indo embora.
Bernardo suspirou cansado e se jogou para trás, no colchão.
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Justiça
FanfictionQuando a perda é irreparável, nada pode trazer alguém de volta. E, o que resta é o vazio. Existe justiça na vingança? Finalizada em: jan 12, 2017. A HISTÓRIA É DA MINHA AUTORIA, ENTÃO NÃO SE ESQUEÇA QUE PLÁGIO É CRIME COM PENA PREVISTA EM LEI, DETEN...