Capítulo 10

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Carlos

Hoje estava acontecendo o baile. Alves iria me apresentar como o braço dele, vulgo Carlinhos. Tava tudo lindo, tudo favorável até receber um radinho de um menor da boca falando que estavam invadindo, na mesma hora vejo a Mel subindo correndo na minha direção. Fogos começaram a ser soltos indicando que o morro estava sendo invadido.

Pai, preciso falar com você – Ela disse

Agora não, Mel, tão invadindo – Disse e sai correndo dali deixando ela sozinha, torcendo para que ela ficasse bem.

Sai da quadra correndo com meu fuzil nas costas, fui descendo os becos com alguns vapores me dando cobertura. Entro em uma viela, e vejo 2L. Ele era o Dono Do Morro Rival. A Mel estava atrás dele, ele parecia estar apontando pra algum lugar, foco minha visão e vejo que a pessoa na sua mira é o Alves. O mesmo quando me viu deu um sorrisinho, olhei apavorado e vi que ele tinha a minha filha como refém. Desgraçado.

Melanie

Não se via mais ninguém nas ruas, todos já deviam estar escondidos dentro de suas casas, entrei em uma viela e me escondi por ali, os barulhos dos tiros iam chegando cada vez mais perto. Os soldados desciam de moto para tentarem defender a favela.

Eu não poderia ver meu pai naquela guerra e ficar parada, então eu fui atrás dele para tentar convencê-lo a ir para casa comigo. Quando estava descendo, senti alguém me puxar e quando me virei, não fiquei surpresa, era Alves.

Ele segurou meus braços e tampou minha boca – Fica quietinha, amorzinho. Se não eu te mato, aqui mesmo, ouviu? Só não te matei ainda porque meu alvo é o seu pai.

Mel – Meu pai? Por que? Eu pensei que vocês eram amigos.

Nem tudo é o que parece ser, ele ainda não me devolveu todo o dinheiro que me deve, não vou morrer sem nada em troca – Ele disse ríspido e voltou sua atenção para a invasão.

Eu já estava sem esperanças de sair salva dali. Quando quem eu menos espero aparece por trás e da uma coronhada no Alves, o derrubando e me tirando dali.

Mel – O que você tá fazendo aqui e por que me salvou?

2L – Eu tenho meus motivos e não posso explicar isso agora, fica quieta e não sai de trás de mim, ouviu? – Eu concordo com a cabeça e ele me dá um beijo no canto da boca.

Lorenzo

Estava tudo ocorrendo maravilhosamente bem, a invasão estava nos conformes, o morro seria meu, e a cabeça do Alves também. Meus soldados estavam armados com as armas mais pesadas, tava claro que a gente iria vencer aquela guerra, não dava nem uma hora pra eles começarem a se render.

Tava passando por uma viela quando vi o Alves segurando a morena que eu esbarrei na praia, meu coração bateu mais forte e um ódio tomou conta de mim, eu tinha que salva-lá, ela tinha que ser minha, que se foda que ela é do morro rival, ele ia ser meu mesmo.

Fui por trás deles e dei uma coronhada no Alves o desmaiando por minutos. Ela fez um monte de perguntas e eu ignorei todas, disse pra ela ficar calma, e ficar atrás de mim, tudo que eu mais queria era agarrar ela ali mesmo mas não era hora e nem lugar.

Dei um beijo no canto da boca dela – Sou filho de Deus também, né! Não consigo resistir pra sempre. – Eu disse e ela riu, era uma risada tão gostosa de ouvir mas ali não era hora de pagar de viadinho.

Apontei minha arma pra cabeça do Alves, só tava esperando ele acordar. Vi Carlinhos chegando, ele me olhou assustado, deveria ser por eu estar com a filha dele, porém o mesmo não disse nada, certamente estava com medo de que eu fizesse algum mal pra ela.

Despertei quando vi o Alves acordando, ele olhou pro Carlinhos e tentou dizer algo mas foi em vão. Eu fui mais rápido e dei um tiro certeiro nele, o morro era meu porra, meu, eu matei o desgraçado do Alves, meu maior inimigo!

Na mesma hora, a morena correu para o braços do seu pai que a abraçou e a confortou, fazendo ela parar de soluçar. Cheguei perto deles para dizer algo porém fui interrompido com a Mel falando – Pai, ele tentou abusar de mim, ele vinha me olhando e jogando piadas sempre quando passava do lado dele, hoje no baile ele me agarrou mas um vapor chegou na hora e interrompeu ele.

Ela disse já chorando e aquilo me deu um raiva absurda, na mesma hora voltei e fui até o corpo do desgraçado, dei mais cinco tiros na cabeça dele, não dava nem mais pra ver o rosto, deixei ele irreconhecível. Passei um rádio pro Menor e pedi pra ele jogar o Alves na vala, ele assentiu e diz que a invasão tinha acabado, os que sobraram tinham se rendido e estavam esperando a minha ordem.

2L – Não queria acabar com a graça da família aí mas eu tenho coisas pra resolver, eu não sou de poupar vida das pessoas mas tu tem conceito aqui e é o pai dessa garota. Eu quero que tu suba agora e vá falar com o resto dos que sobraram aqui na favela comigo. O morro é meu agora e quem tentar gracinha vai assistir o cano cantar, entendeu?

Carlinhos respondeu desesperado e chorando – S-Sim, pode deixar.

Melanie olhou pra mim e soltou um "Obrigada" em sussurro.

Botei minha Glock na cintura e subi com os dois.

O Dono do Morro RivalOnde histórias criam vida. Descubra agora