Capítulo 11

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Melanie

Na minha cabeça, eu não conseguia entender que tudo aquilo tinha acontecido em apenas uma noite. Meu pai me levou em casa logo depois, pelo caminho todo eu tentei encontrar as meninas mas foi em vão, tudo que eu desejo agora é que elas estejam bem.

Entrei em casa e me joguei na cama, tirei meu salto com os pés e liguei o ar condicionado, aquele quarto estava um forno. Me ajeitei na cama e peguei meu celular, tinha muita mensagem das garotas perguntando aonde eu estava, respondi todas dizendo que agora eu estava bem e pedi pra que elas passassem aqui em casa mais tarde, pra conversamos sobre o baile. Fui em direção ao banheiro, tentar relaxar um pouco, deixei a água cair pelo meu corpo e fiquei pensando no Lorenzo, aquele garoto mexia comigo de uma forma incrível. Me despertei dos meus pensamentos com meu pai me gritando do lado de fora do banheiro.

Carlinhos – Mel, tá tudo bem por ai?

Mel – Tudo sim, pai. Tô tomando banho.

Carlinhos – Olha, o 2L me chamou. Ele quer conversar, disse que quer minha ajuda por algum motivo desconhecido.

Mel – Toma cuidado, não quero mais nenhum susto por hoje.

Carlinhos – Creio que isso será impossível, princesa. Depois eu converso com você, se cuida.

Sai do banheiro e botei uma roupa bem confortável, me deitei na cama e adormeci.

Eduarda

Depois do baile, o morro se tornou um caos. As pessoas começaram a correr pelas suas casas, deixando tudo pra trás, parecia até cena de filme. Nós que moramos na comunidade já deveríamos estar acostumados com isso mas ninguém pensa assim, até porque não é todo dia que o morro rival entra escondido e toma o controle, não é? Aqui costuma ser harmonia e crianças brincando pelas ruas, adultos conversando em frente as suas portas e os bares funcionando até o dia clarear, música alta tocando e meninas na rua dançando, é divertido.

A Juliana se meteu em um lugar impossível de achar, puxei ela pela mão e fui em direção a nossas casas. Melanie sumiu logo após de avisar que iria pegar uma água, devia estar transando por ai, aquela cara de santa não me engana. Mandei algumas mensagens, só por precaução. Só iria saber o que realmente tinha acontecido mais tarde.

Ju – O que tu acha que vai ser do morro daqui pra frente?

Duda – Te falar, eu não tenho a mínima ideia.

Ju – Cara, eu acho que vai ser mó barra pro pai da Mel e pra ela também, né? Imagina se acontecer algo com ele.

Duda – Tá repreendido, garota.

Ju – É serio, Duda. A gente não conhece a natureza do 2L, não temos noção do que ele é capaz de fazer. Eu já ouvi que ele atirou na mão de um moleque só por ele ter roubado a mercearia.

Duda – Tu sabe muito bem como são as coisas no morro. Para de dar uma de sonsa.

Ju – Eu sei, mas eu tô pensando na Melanie agora. O Pai dela é tudo que ela tem.

Duda – Independente do que acontecer, a gente sempre vai estar aqui. Não é porque conhecemos ela agora que isso iria mudar. Agora rala, entra logo que eu quero ir pra casa dormir.

Me despedi dela com um beijo no rosto e sai correndo pra casa, tudo já tinha se acalmado mas não podíamos ficar dando mole por ai.

Lorenzo

Finalmente aquela palhaçada havia terminado, os crias daquele morro já tinham morrido e os que sobraram pularam o muro, vagabundo entra nessa vida e quando vê guerra a primeira coisa que faz é fugir. Tudo aquilo agora era meu. Eu deveria ter matado o Carlinhos também mas eu pensei na minha morena, não queria que ela vivesse sem o pai, decidi trazer ele pro meu lado e se ele não aceitasse, deveria ralar do morro antes que eu metesse bala na sua cabeça. Pro bem dele, eu esperava que ele escolhesse bem.

Carlinhos apareceu na porta da biqueira e eu pedi pra ele entrar. Botei a peça na mesa e olhei pra ele.

2L – Te mandar o papo reto. Ou tu vem pro meu lado, ou tu some do meu morro, sacou?

Carlinhos – Abaixa tua crista que eu não tenho medo de moleque como você, não.

2L – Então vai ser do modo difícil. Ontem tu não tava com essa marra toda.

Carlinhos – Não tem nada de difícil por aqui, eu aceito ficar do teu lado mas isso tudo é só por causa da minha filha, ela não merece mais sofrer com isso tudo.

2L – Correto. Cê tá ligado que um deslize teu, tu evapora.

Carlinhos – Quer ensinar o padre a rezar missa também, 2L? Eu sei como as coisas funcionam, tô aqui há mais tempo do que você, por mais que não pareça. Já posso ralar agora?

Assenti com a cabeça e fiz sinal com a mão mandando ele vazar.

O Dono do Morro RivalOnde histórias criam vida. Descubra agora