Capítulo 5

276 17 1
                                    

Melanie

Acordei já imaginando o quão cansativo o dia seria. Hoje era dia de pegar meus resultados finais na faculdade, como é dezembro, se eu passasse, já entraria de férias e esperaria pelo próximo ano letivo. Levantei, tomei um banho, coloquei uma calça jeans e uma regata branca, botei meu tênis e desci. Meu pai estava conversando com quem eu menos queria naquela sala, cumprimentei ele e fiz com que Alves nem estivesse ali, preferi fingir que não o vi. Dei um bom dia para Rosa e segui meu caminho, descendo o morro, teria que pegar um ônibus, quem diria, Melanie Andrade, andando de ônibus.

Quando estava chegando na barricada, veio um carro e parou perto de mim, já congelei achando que era Alves ou alguém pior.

Me virei e vi que era Juliana, dei um suspiro de alivio.

Ju – Entra aí, gatinha.

Mel – Eae, linda. Nem sabia que você tinha carro.

Ju – Disse entre risadas – Tá indo pra onde, hein?

Mel – Tô indo pra minha faculdade em Copa e você?

Ju – Aquele tipico rolê na praia, te deixo lá, entra aí.

Entrei no carro, fomos conversando e cantando várias musicas que tocavam na rádio. Ela era incrível, só de estar com ela em poucos minutos, senti que podia confiar nela. Anotei seu número novo já que a mesma insistiu que eu ligasse quando estiver saindo da faculdade. Ela estacionou na porta, agradeci e disse – Até logo. Ela sorriu e seguiu seu trajeto.

Cheguei na faculdade e agradeci por não ter muita gente, foi mais tranquilo pra chegar no auditório, lugar aonde iria sair os resultados. Quando cheguei perto do quadro de avisos, procurei pelo meu nome e nem acreditei que havia passado, finalmente consegui realizar um sonho. Pulei de felicidade e depois olhei se ninguém havia percebido aquilo. Liguei logo pra Juliana, e fui a caminho da saída, avisei a ela que em alguns minutos esbarraria com ela lá, perguntei se tinha algum problema em chamar a Duda e a mesma riu só de eu ter perguntado aquilo, ela me disse que ela e Duda sempre foram melhores amigas de infância e que não teria problema algum. Fiquei assustada con a coincidência, parece que todo mundo se conhece nesse lugar.

Peguei o ônibus, desci no ponto mais próximo de casa e subi as escadas correndo, troquei minha roupa, botei um biquíni, um short e uma regata bem larga. Troquei o tênis por um chinelo bem simples. Avisei a Rosa que iria na praia e que estava com celular, qualquer coisa era só me ligar.

Sai de casa e dei sinal pro motorista, só hoje já peguei dois ônibus.

Mandei mensagem pra Duda avisando que estava a caminho da praia, ela respondeu em poucos segundos dizendo que estava acabando de se arrumar, visualizei e guardei o celular.

Assim que botei os pés na areia e senti a maresia me senti bem, a praia era um dos meus lugares preferidos. Tratei de achar a Juliana, não foi tão difícil, ela estava em um dos quiosques tomando algo que parecia caipivodka de morango.

Quando ela me viu, começou a gritar.

Ju – Até que enfim, pensei que não ia vir mais!

Mel – Tô aqui e a Duda tá a caminho também mas ai, acaba logo com isso e vamos dar um mergulho?

Ela me ofereceu e eu tomei alguns goles.

Ju – Pronto, agora a gente pode ir– Disse pegando na minha mão e me arrastando pra água.

Ficamos um bom tempo ali, conversando, pegando onda que até esquecemos que a Duda poderia estar esperando a gente, quando percebemos, saímos e fomos atrás dela. Avistei a Duda e fui correndo em sua direção, quando esbarrei em alguém e cai com tudo na areia. Já estava levantando pra discutir com quem tinha entrado na minha frente, assim que me ajeitei percebi que tinha esbarrado em um garoto, ele era moreno e muito gato por sinal. Percebi que ele estava sem camisa e comecei a corar.

Ele me deu um sorriso, piscou e disse – Olha por onde anda, gatinha.

As meninas começaram a rir e assim que sai daquela situação ficaram me zoando e passaram o restante do dia falando o quanto ele era gato.

Sai bufando daquela situação, indo em direção ao carro e as meninas vieram logo atrás de mim, me zoando por ter esbarrado em um cara "super interessante". Elas entraram no carro e me disseram que suspeitavam dele ser o 2L, dono de outro morro, que era rival com o que moravámos. Comecei a ter uma crise de risos pelo apelido.

Duda – Acabei de chegar e a gente já vai, é sério?

Ju – Outro dia a gente te recompensa, miga. A mel tá irritadinha porque caiu na areia, tadinha – Começou a rir descontroladamente.

Mel – Ei, foi injusto.

Juliana deu partida no carro e fomos em direção ao morro, depois de passarmos pela barricada, o que foi um sufoco, é um tal de pisca alerta, seta, luz interna mas no final de tudo, subimos e ela me deixou na porta de casa.

Percebi que meu pai ainda não havia chegado e perguntei pra Rosa se ela sabia aonde ele tinha se enfiado. Ela me respondeu que ele tinha saído com o Alves. Revirei os olhos e subi pra tomar um banho, meu cabelo estava uma bagunça e meu corpo cheio de areia.

Lorenzo

O dia já tinha começado movimentado e bem estressante. Tive que levantar cedo pra ir na boca e fazer as contas pra dar a parte do pessoal. Fiquei um bom tempo lá até que decidi ir pra casa, botei uma bermuda qualquer e decidi ir pra praia. Tenho sorte de poder andar tranquilamente no asfalto, muito dono de morro não tem a mesma sorte que eu de ter a ficha limpa. E essa carinha de playboy ajuda.

Entrei no meu carro, que era um lindo Audi e desci o morro. Desde que virei dono já não era novidade me deixarem passar da barricada sem esforço algum.

Estava um sol bem quente e tinhas muitas pessoas por ali, fiquei em um quiosque bebendo e comendo alguns petiscos enquanto observava as ondas quebrando.

Desde criança, sempre gostei da praia. Tem gente que prefere piscina e eu não consigo entender. Aprendi a surfar quando tinha 15 anos então sempre fui muito ligado a praia. Luau era uma das minhas coisas preferidas, todo mundo reunido e cantando. Sinto falta disso.

Decidi dar alguns mergulhos, todas as garotas que passavam perto de mim, davam um sorriso. Me paquerando. Não estava a fim de ficar com ninguém então só retribuía e tentava sair de perto. Sei que isso não é uma coisa que homem tá acostumado a fazer mas hoje eu só queria um pouco de paz.

Quando decidi sair da água já estava escurecendo, tirei um pouco de água do cabelo e fui andando em direção ao meu carro quando uma garota super estabanada esbarrou em mim e acabou caindo na areia. Eu queria rir muito. Só que segurei a risada, soltei um sorriso, pisquei e disse – Olha por onde anda, gatinha.

Pensei sozinho: Sério 2L? Gatinha? Que puta jeito escroto de chamar uma mina.

Depois disso, entrei no carro. Lembrei do rosto corado quando ela se levantou. Era realmente bem gata, queria que ela se esbarrasse em mim desse jeito de novo, quem sabe as coisas seriam um pouco diferentes. Sorri com meus pensamentos e dei partida.

Em casa, decidi preparar o jantar. Tava com uma larica daquelas e duvidei que algum biscoito iria conseguir saciar minha fome. Assim que terminei, sentei de frente ao sofá, liguei a televisão e fiquei assistindo uma série qualquer.

O Dono do Morro RivalOnde histórias criam vida. Descubra agora