Yuki, o Nerd

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Como produzir um conto inovador? Como mudar os tipos de história de amor? Muitas são clichês demais, com encontros propositais. Não sei ao certo como escrever, por quê a maioria teria que o amor prevalecer? Será real que todo amor no fim, a felicidade vem ao final? Não sei ao certo, e aqui estou eu, mais um dia filosofando nesta classe de aula; o professor sempre escrevendo algo que para mim, é completamente inútil, que saco... Ser um menino é bastante complicado. Por quê aquele cara está vindo para cá? Espera... Ele está vindo ver o que estou escrevendo, é melhor fechar...

— O senhor Yuki gostaria de compartilhar mais um momento filosófico com a turma? — Todos eles começaram a rir — Já como não responde nada, vou supor que não copiou nada que passei na aula. Dessa forma não reclame depois de ficar na recuperação — Ele então virou-se e voltou ao quadro para apagar o que tinha escrito e anotar algo em seu diário.

Um leve toque de sino é escutado fazendo perceber que a aula havia acabado. Apenas recolhi meu material o colocando dentro da mochila e indo até o armário para guardar os livros mais irritantes da Terra. Depois de ter guardado, saí daquela odiada escola até eu sentir que alguém tocava em minhas costas, a menina mais bonita da classe e presidente do grêmio.

— Yuki? - viro de costas e olho em seus olhos.

— Olá, o que deseja Presidente Muna? — Aqueles seus olhos escuros me lembravam da noite, como seu nome Muna... Retirando o "a" fica Mun, que me lembra a fonética das palavras de Lua em inglês Moon; realmente faço teorias aleatórias do nada.

— Você me ouviu?

— Perdão, eu estava viajando.

— Tudo bem. — Ela respirava fundo e remexia em seus longos cabelos negros — Disseram que você esqueceu algum material dentro da sala, e... Eu posso ver o que escreve em seu caderno?

— Obrigado e não. — Dei um sorriso de leve saindo da presença dela e voltando a sala, notei que ela tinha um sorriso no canto dos lábios.

Enquanto subia as escadas para o segundo andar onde havia a sala 1-A que eu estudava, ficava pensando como faria para estudar para a recuperação. Já estava claro que eu não tinha nota suficiente, porém iria acumular o máximo que eu precisasse para passar.

Quando eu entro na sala vejo aquela zona, algumas carteiras fora do lugar e dou uma ajeitadinha nelas, não é porque temos zeladores na escola que temos que deixar tudo desarrumado. Ao chegar em minha carteira me abaixo um pouco para ver meu livro de matemática debaixo dela e abri uma página onde estava escrito de vermelho: "Nerd de merda".

— Tudo isso para pegar o livro daquele cara. — Me irrito com o que haviam escrito, pego aquele livro e vou caminhando até o armário um pouco apressado, pois tudo que eu queria era chegar em casa, deitar na cama, ligar o som e simplesmente escrever um pouco.

Meus pensamentos estavam intensos até que meu pé escorrega, e meu corpo se inclina para frente. Quando eu tive noção de que estava caindo, vi naquele corredor que tinha uma pessoa, e então... Estava no chão, enquanto em minha volta surgia um pouco de vermelho que circulava próximo e minha visão oscilava ficando totalmente escuro.

Ao acordar, o quarto era pequeno e a cama era confortável. Tudo nele era branco, e havia uma pessoa sentado ao meu lado. Ela abriu um sorriso quando nossos olhos se encontraram:

— Até que enfim acordou. — Ele respirou de alívio certamente.

— Onde estou e quem é você? — Posso ter sido grosso? Um pouco, mas não é todo dia que surjo na cama com alguém me olhando.

— Você está na enfermaria da escola e meu nome é Samuel, porém muitos me chamam de Sam. — Ele parecia hesitar as palavras.

— Me desculpe, o que faço aqui?

— Pelo visto você não se lembra do que houve, então vou contar tudo. — Ele levantava da cadeira onde estava sentado e fecha a janela do quarto, pois estava fazendo um pouco de frio — Você tinha saído da sala e estava no corredor bastante ágil. Acho que não leu a placa que estava escrito, "cuidado com o piso molhado" e então bum, escorregou e caiu no chão machucando bastante a cabeça. Eu corri até você e lhe trouxe para cá.

— Obrigado Samuel. — Eu tinha sido salvo por alguém que nem conhecia, realmente estou bastante grato.

— Pode me chamar apenas de Sam, Yuki.

— Como sabe o meu nome? — Perguntei curioso.

— Acho que você não notou que eu estudo na mesma sala que você... Desde o início do ano. — Ele respondeu baixando o tom de voz e eu me senti muito mal. Geralmente fico escrevendo nas aulas e não me importo com os alunos que estão a minha volta.

— Desculpas por isso, Sam. — Estava um pouco envergonhado.

— Tem quantos anos? — Aquela pergunta surgiu para quebrar o gelo e eu respondi .

— 16 anos e você? — Ele respondeu que tinha a mesma idade. Não conseguia ver seu rosto direito, que raiva da miopia.

— Por acaso encontrou um óculos?

— Sim, ele está ali em cima.

—Obrigado, Sam.

— Por nada Yuki.

Ele me ajudou a levantar da cama e eu coloquei o óculos preto com vermelho nas pontas. Quando minha visão se endireitou eu acredito que todas as meninas adorariam ser salvas por um cara como ele. Alto e com um corpo atlético, olhos esverdeados e o cabelo liso, que parecia muito com aqueles personagens de anime. Por falar nisso eu bem que tinha que estar em casa para ver novos episódios de Yuri On Ice e ver aquelas performances belíssimas de patinação do gelo.

Desci um pouco a direção de meus olhos focando em sua camisa branca do uniforme que estava molhada e detalhava demais os músculos de seu tórax. Apenas revirei o olhar tentando disfarçar, mas acho que ele percebeu quando nossos olhos se encontraram mais uma vez.

— Acabei ficando molhado tentando lhe ajudar. — Ele passava a mão na nuca um pouco envergonhado.

— Minhas sinceras desculpas por isso. — E eu ficava envergonhado igual a ele.

— Não foi nada — Bastante gentil para um garoto atlético. Quem me dera ter um corpo desse, não isso que tenho. Magro, baixo, cabelo encaracolado de olhos castanhos escuros, que usa óculos. Um completo "Nerd de merda" — Você mora muito longe?

— Se longe você quer dizer pegar 1 ônibus que gasta 40 minutos, então creio que sim — Ele retirava a mão da nuca dando um sorriso gentil.

— Então eu moro longe também por eu gastar este mesmo tempo.

— Pega qual ônibus?

— O único que passa em uma e uma hora, ele vai para a área leste. Acho que o nome é Est2.

— O mesmo que o meu. — Ele se aproximava e apontava para minha cabeça

— E aí está melhor? — Dizia ele apontando para a faixa.

— Sim estou, valeu mesmo cara.

— Tranquilo. Vai direto para casa?

— Sim, quer ir junto? — Nunca havia chamado ninguém para ir comigo depois da aula para algum lugar.

— Achava que não ia perguntar — E assim fomos andando pelo corredor guardando meu livro, e indo para a parada, cuja qual pegamos o mesmo ônibus.

Ele me deixou sentar e foi em pé por conta dos ferimentos, enquanto ficamos conversando um pouco. Descobri que ele gosta de animes e de jogos também, algo que me animou. Eu realmente tinha percebido que agora havia alguém para eu conversar e me animar naquele inferno de lugar. 

Sofrer por AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora