Foi uma conversa incrível dentro do ônibus. O Yuki até que é um garoto legal. Descemos na mesma parada e caminhamos a pé por um tempo, passando por algumas esquinas e caminhos, até o Yuki dizer:
— Eu moro nesta casa. — Eu a observei por um tempo para memorizar o local enquanto ele dizia aquelas palavras.
— Sério? — Fiquei bem surpreso pelo fato de estar tão perto.
— Sim, por quê?
— Porque moramos perto — Apontei com o dedo indicador para a casa branca bem ao fim da rua e completei — Ali é onde moro, caso precise de algo só chamar.
— Realmente perto. Já está tarde, é melhor eu entrar senão minha família vai ficar preocupada. Até mais Sam e desculpa por qualquer incômodo — Ele estendeu a mão e depois de um aperto entrou em casa.
Desci o restante do caminho até minha casa e antes de entrar já ouvia a gritaria. Minha família sempre é problemática. Abri o portão respirando fundo já sabendo o que encontraria do outro lado, entrando na maldita casa fantasma.
— Aí está, a ovelha negra da família que acaba de chegar. — Aquela voz rouca era de meu pai e sabia o que iria acontecer enquanto ele segurava o cinto.
Depois de um tempo, minhas costas ardiam como nunca. Após daquela baita surra, apenas me dirigi ao meu quarto subindo as escadas e minha irmã mais velha entrou e disse:
— Você pode falar que era brincadeira irmão. — Seu tom era de desespero.
— Lory, não posso. Minha sexualidade não tem que ser vista dessa forma, se ele quiser me bater sinta-se a vontade. Preciso aguentar só por mais dois anos.
— Você realmente é forte. Obrigada por me defender — Ela me deu um leve beijo na testa e saiu de meu quarto deixando um lanche em cima da mesa com um bilhete. Eu deitei na cama e suspirei:
— Basta mentir... — Nunca faria isso. Minha família nunca aceitaria minha homossexualidade. Para eles somos como monstros que estão designados para ir a qualquer lugar que não seja o céu. E então me pus a dormir pensando na vida.
Achava que estava dormindo sem sonhos até começar a ver a mesma cena novamente, minha irmã se assumindo para a família e meu pai indo para cima dela. Então eu entrava em ação pulando na frente e apanhando por ela se assumindo também. Depois de meu pai me bater ainda queria bater nela, porém eu disse que eu iria apanhar por ela também.
A imagem se desfez e vi o primeiro garoto que um dia eu teria gostado. Daniel era seu nome. Se eu não o tivesse beijado... Aqueles boatos nunca teriam chegado em casa. Tudo se desfez e vi aquele acidente na escola com o Yuki, ele era um garoto legal, será que ele pararia de falar comigo se soubesse que sou gay? Provavelmente sim, melhor deixar quieto e então eu acordei:
- São 05h30min já... Que sonhos foram esses? É melhor eu ir me arrumar para ir à escola.
Levantei-me da cama e lanchei o que minha irmã tinha me colocado para comer ontem lendo o bilhete "meu anjo"; dei um leve sorriso de canto e me pus a banhar. A água quente tocava em meu corpo calmamente e fazia arder cada uma das marcas presentes nas costas. Ao acabar olhei no espelho as feridas e como elas estavam grandes. Minha perna ainda doía, pois quando fui levar o Yuki para a enfermaria acabei caindo, porém o protegendo.
Vesti o uniforme azul da escola e lavei o que tinha usado ontem. Arrumei meu material e coloquei o tênis preto com detalhes vermelhos, me fazendo lembrar do óculos de Yuki. Que droga, por que estou pensando tanto naquele garoto? Sem chance de eu gostar dele, eu o apenas salvei... Um anjo gay? Seria irônico demais para ser real. Tentei aliviar minha mente descendo as escadas e indo à cozinha, pegando algumas barras de cereais e saí correndo de casa trancando a porta. Enquanto comia uma, guardava outras duas na mochila e levava mais uma na mão. Parei de correr e segui caminhando de forma mais calma até chegar à parada e olhar o relógio.
— Sai de casa muito cedo, ainda são 6h... — Antes que eu acabasse de falar vejo que meu ônibus tinha chegado.
Entro no mesmo junto com outras pessoas que estavam nele. Entre as várias pessoas vi o garoto de óculos preto, com um corte na cabeça cujo qual estava tampado com uma gaze e uma fita. Passei do lado dele e acenei, o mesmo virou o olhar e continuou com o fone. Será que ele não tinha me visto? Achava que depois do que fiz pelo menos iríamos nos falar algumas vezes, mas devo estar enganado. Apenas virei de costas e procurei um lugar para se sentar, pois certamente aquela viagem iria ser longa, principalmente pela chuva que estava se aproximando.
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Sofrer por Amor
Teen Fiction''Como produzir um conto inovador? Como mudar os tipos de história de amor? Muitas são clichês de mais, encontros propositais, não sei ao certo como escrever, por que a maioria teria que o amor prevalecer? Será real que todo amor no fim, a felicidad...