5 - Hometown glory

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Tony on

Ao ver Drika parada a alguns metros de distância, meu primeiro instinto foi o de ir abraçá-la, mas, ao me levantar o meu orgulho falou mais alto e me contive atrás da mesa. Os olhos dela eram suplicantes e se encheram de dor ao perceber que eu preferia me manter distante.
Ela não podia me culpar, ela sumiu por todos esses anos sem dar um sinal de vida sequer. E o pior, fugiu com Loki, um maldito deus que já havia tirado tantas vidas e inclusive já tentou tirar a minha. Mas não foi só, ela também havia matado uma pessoa sem qualquer motivo aparente e eu realmente esperava que não fosse apenas por ciúmes.
Continuei a encarando e ela se encolhia cada vez mais de pé em seu lugar enquanto parecia se controlar para não correr até mim.
-Pai, por favor diga algo.-ela pediu suplicante.
Continuei calado por alguns segundos assimilando o som de sua voz. Já havia se passado tanto tempo que as vezes era difícil lembrar, e gravações não chegavam nem perto de explicar o que havia por trás daquela voz frágil mas que demonstrava tanta força.
Eu havia sentido tanta falta da minha foguinho, mas nem mesmo toda a saudade conseguia abafar a mágoa que eu tinha acumulado durante esse tempo.
-Você é quem deveria falar algo.-falei frio.
-Eu... sinto muito. Eu precisei ir embora.
-Claro, você precisava fugir. Não queria ser presa por matar uma inocente com a ajuda do seu tão amado Loki.
-Não foi assim. Eu expliquei na carta que deixei.
-Aquela carta não explicou nada. Só serviu para deixar a todos confusos. No que você se tornou, afinal? Matou aquela garota para provar o que? Que merecia Loki e conseguia ser tão fria quanto ele?-cuspi as palavras amargamente.
-Não! Não matei Sigyn para provar nada a ninguém. A matei porque... eu me descontrolei.-ela falou a última parte baixo, parecendo desnorteada.
-Ah é claro e isso deve explicar tudo não é? Se isso fosse motivo para matar alguém, não haveriam mais seres humanos nesse planeta.
-Ela estava envolvida na morte de Tam, pai.
Paralisei totalmente no meu lugar. Minha cabeça girou de confusão e dor da lembrança de Tamara. Então os sentimentos foram se transformando em ódio e até compreensão. Se fosse verdade aquela loira maldita mereceu o que teve.
-Explique melhor.
-Nós estávamos brigando e ela deixou soltar isso. Disse que Tam mereceu a morte. Disse também que conhecia uma versão muito mais assustadora de mim. Agora sabendo que Eadlyn está viva as coisas estão começando a fazer sentido. Ela a conhecia e ao mesmo tempo devia estar mancomunada com Gabriel. Talvez Eadlyn estivesse envolvida nas tramas de Gabriel também.
-Eu não duvido de mais nada nessa vida.
Falei e o silêncio predominou no ambiente novamente. Drika me observava aflita e eu tentava organizar as ideias na cabeça antes de qualquer coisa.
-Eu entendo sua raiva. Acho que se fosse comigo eu também não iria querer sequer olhar na minha cara.
-Não estou com raiva. Apenas profundamente magoado e um tanto decepcionado. Não decepcionado por você ter matado aquela vaca, ela merecia mil mortes pior que aquela por ter matado Tamara. Mas estou decepcionado por ter fugido. Abandonado tudo por egoísmo.
-Não é egoísmo, eu nunca mais os veria de qualquer forma.
-Daríamos um jeito. Eu queria ver quem me impediria de ir te ver mesmo se fosse na prisão. Nem Odin iria desejar entrar no meu caminho.
-Eu acredito.-ela sorriu com carinho e suspirei.
-Vem cá foguinho.
Saí de trás da mesa e abri meus braços para ela, que sorriu de olhos marejados e correu até mim como uma pequena criança que precisa de colo quando se assusta. E era realmente assim que ela devia estar, assustada com o peso da responsabilidade de salvar todo mundo da irmã que ela sequer conhecia.
Afaguei seu cabelo sentindo seu corpo todo balançar em meio a soluços. Ela chorava desconsolada.
-Me perdoa pai. Me perdoa.-ela pediu com a voz embargada.
-Está tudo bem foguinho, se acalme.-continuei afagando seu cabelo.
-Por favor, diga que me perdoa.
-É claro que eu perdôo. Você é minha filha, minha foguinho. Por mais surtado que você me deixe eu não consigo não te perdoar. Apenas nunca mais faça isso.-pedi, mas pareceu mais uma espécie de aviso.
-Eu prometo, nunca mais.
-Então tudo bem.
-Te amo pai.
-Também te amo foguinho.-beijei o topo de sua cabeça.
Tony off

Live Like Legends - Season 3Onde histórias criam vida. Descubra agora