12 - Fear on fire

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-Eadlyn.-seu nome saiu como um rosnado por meus lábios.
Ela deve ter percebido que eu pretendia atacá-la, pois a mesma revirou os olhos e deu um tapa no ar com desdém.
-Se poupe, não vim brigar. E prefiro que me chame de Rinda.
-E eu preferia que você tivesse morrido no nascimento, mas não podemos ter tudo o que queremos não é mesmo?-falei amarga.
-Nossa, agora estou profundamente magoada, irmãzinha.-ela debochou e revirou os olhos.
-O que quer aqui, logo hoje?
-Vim te parabenizar pelo casamento, é claro. Não é todo dia que alguém casa com um deus daqueles e uau que deus ein querida.
-Pare com o deboche, e fale o que diabos quer aqui.
-Não é deboche, seu homem é maravilhoso, mas ainda prefiro o meu. Bom, enfim, eu vim apenas conhecer a única pessoa que pode me vencer. Mas é engraçado, eu pensava que você fosse mais, sei lá, alta, forte.
-Somos gêmeas, gênio.
-Jura? Eu nem tinha notado.-o cabelo dela lentamente ficou em um tom castanho.
-Como sabe das profecias?-perguntei ignorando o fato de seu cabelo ter mudado de cor, o que provavelmente significava algo.
-Sabe, você não é a única com uma vidente em mãos e, além disso, tenho meus informantes por aqui. Você devia cuidar em quem confia irmã.
-Pare de me chamar de irmã!
-Com prazer, resto de aborto.-ela falou com a voz arrastada como se estivesse entediada.-Essa sua festinha foi um saco irmãzinha, eu deveria ter aparecido antes pra animar um pouquinho as coisas. Mas como eu estou de muito bom humor...-ela deixou a frase no ar com um dar de ombros.-Vestidinho bonito, a propósito.-ela falou encarando meu vestido que estava coberto por um plástico transparente em cima da cama.
-O que você quer, Eadlyn?
Ela abriu um sorriso e seu cabelo começou a ficar ruivo lentamente, fazendo um belo contraste com seu vestido azul marinho.
-Ah, sei lá, eu estava entediada e como sabia que era seu casamento vim dar uma olhadinha.
-Uma olhadinha?-perguntei sem acreditar.
A observei passear pelo quarto fazendo caras e bocas enquanto mexia nas coisas. Eu não fazia ideia de por que eu ainda não tinha atacado ela, mas algo dentro de mim parecia gritar para mim não fazer nada. Era como se eu estivesse em uma luta interna. Ela era minha irmã, mas era um monstro. Eu realmente não sabia como agir. Então continuei parada no mesmo lugar a encarando, não esperança de que ela fizesse algo, qualquer ameaça, qualquer insinuação, que me libertasse dessa minha batalha interna, para mim resolver tudo ali e agora.
-É, eu não causo destruição em tempo integral sabe. Sou um amor quando quero, mas quando não quero... Bom, você vai ver. Ahn, como andam suas amigas? Tudo voltou ao normal depois da sua volta? Deve ter sido bem estranho, principalmente com todas essas mudanças e novidades, digamos que, tristes. Você se sentiu culpada?-eu senti a provocação em sua voz.
-Do que está falando?
-Da sua amiguinha estranha ser estéril, é claro. E por causa de você.
-Como... O...o que?-perguntei, confusa.
-Ah você não sabe.-ela sentou na cama fazendo uma falsa cara de culpa e pena.-Quando ela ressuscitou Loki algo aconteceu dentro dela. Existem preços a se pagar quando se trás alguém dos mortos.-ela pareceu estar falando de algo que entendia muito bem, como se já tivesse passado por isso, mas então o sorriso cínico apareceu em seu rosto.-Ela trouxe Loki para você, porque você não suportaria perder mais ninguém. Ela sabia que você surtaria, porque você é fraca, então, mesmo sabendo das consequências o fez, porque ela era uma boa amiga, mas você não. Pois você abandonou a todos sem dar uma explicação. Não esteve aqui para apoiá-la quando mais precisou, não esteve aqui para apoiar Alexia quando a crise em seu casamento começou. Nem Milena quando ela resolveu continuar apenas morando com Barnes para não causar um estrago na cabeça do menino que eles adotaram. Ou quando sua melhor amiga, que você tanto disse que era sua irmã, perdeu um bebê. Sinceramente, irmã, eu não sou a mais monstra daqui.
Ela me observou com o olhar mais satisfeito que eu já havia visto em alguém na vida. Eu não fazia ideia de como ela sabia de tudo aquilo, mas sentia que era a verdade. Eu sabia que escondiam muitas coisas de mim, mas não fazia ideia de que seria de tanta importância. De que fosse algo que eu ia realmente ia me ferir de tanta culpa.
Eadlyn descobriu meu maior ponto fraco, e sabia disso.
Enquanto eu permanecia estática, sem conseguir nem formular uma palavra de tamanha raiva, tristeza e culpa, Eadlyn permanecia sentada na cama vendo que sua tentativa de me ferir havia tido êxito.
A porta do quarto de abriu e uma garota ruiva entrou rapidamente e olhou automaticamente para a minha versão demoníaca na cama.
-Rinda, temos que ir.-ela falou.
-Mas o que diabos você fez agora, Thalita?-ela resmungou, se levantando.
-Não é minha culpa! É... uau, vocês são realmente parecidas.-ela falou quando colocou os olhos em mim.
-Somos gêmeas, gênio.-Eadlyn usou a mesma frase que eu havia usado minutos atrás, então fez uma careta e me olhou de esguelha.-O que aconteceu?
-Ele me viu.-a garota frisou o, ele, e me deu uma olhadinha rápida.
-Ah que ótimo, agora Ing...-ela se interrompeu e me olhou comprimindo os lábios.-Vamos logo. Nos vemos em breve, irmãzinha, e pode aproveitar sua lua de mel em paz. Vamos ficar de folga esses dias.-ela piscou para mim e sorriu cinicamente.
A garota ruiva entregou algo que parecia uma pequena pedra para ela, que a apertou e jogou atrás de si formando um portal. A garota pulou rapidamente para dentro e desapareceu, mas Eadlyn parou me encarando por segundos então sorriu.
-Se eu fosse você, corria para ver se seu maridinho estava bem.-então ela pulou para dentro e desapareceu.
Eu corri na direção do portal, mas era tarde demais, ele havia desaparecido bem na minha frente. Respirei fundo para conter o ódio, de mim mesma, mas parecia não adiantar, meu corpo parecia querer explodir.
Alguém entrou no quarto e virei para a porta. Era George, ele me olhou parecendo assustado.
-Aconteceu algo? Você não está com uma cara muito boa.
Esfreguei a mão na testa em uma tentativa falha de me acalmar. Levantei o rosto e me lembrei o motivo de eu ter finalmente despertado do meu choque. Eadlyn tinha feito algo com Loki.
Corri até a porta e passei quase derrubando George.
Corri até o quarto de Loki e abri a porta rápido causando um estrondo quando ela se chocou contra a parede.
Loki estava no chão desacordado, fui até ele desesperada e chequei seu pulso. Estava tudo bem, ele estava bem.
Suspirei aliviada e coloquei sua cabeça em minhas pernas. Comecei a dar tapinhas em seu rosto o chamando.
-O que aconteceu?-ouvi George perguntar da porta.
-Eadlyn.-falei sem tirar os olhos de Loki.-Pode ir chamar o pessoal por favor?
-Claro, claro. Precisa de algo?
-Não, só chame-os por favor.
Ouvi seus passos se afastarem rápido e continuei chamando Loki baixinho. Suas pálpebras se moveram levemente mas seus olhos continuaram fechados enquanto ele fazia uma careta.
-Mas que diabos. Eu vou matar aquela ruiva demoníaca.-ele resmungou e abriu os olhos lentamente.-Drika...
-Ela fez algo a você?-perguntei preocupada.
-Ela...-ele parou de falar e fez uma careta de nojo.-Fingiu ser você.
-Me diga que ela não te beijou.
-Não, claro que não! Eu percebi antes que acontecesse. Notei que algo estava diferente, mas só tive certeza quando não senti seu cheiro. Como eu disse ontem, seu cheiro é inconfundível.
-Aquela vaca tentou te beijar?-perguntei furiosa.
-Sim, mas eu a ataquei... e ela bateu com o abajur na minha cabeça.
-Você desmaiou por causa de um abajur? Caramba, você está perdendo a prática ein querido.
-Vai zombando vai. A culpada é você, que ficou de frescura querendo ser uma pessoa normal.
-Como é? Você ia ser preso pelo resto da sua vida seu traste ingrato.-reclamei.
-Você também!
-Se eu dissesse que você me influenciou iam ter pena de mim e me dariam uma pena muito menor.
-Você é muito...
-Olha que beleza, acabaram de casar e já estão tendo sua primeira briga. Isso é tão romântico.-Milena zombou entrando no quarto.
-Nossa, o máximo do romantismo. Porque estão no chão? O que houve? Não deu pra entender nada que George falou.-Bia perguntou.
-Eadlyn esteve aqui.-falei as garotas reviraram os olhos.
-O que? Mas eu tomei tanto cuidado. Contratei tantos agentes para tudo permanecer seguro.-meu pai falou parecendo se sentir culpado.
Me levantei e arrumei o vestido em meu corpo. Loki se levantou em seguida com a mão atrás da cabeça, fazendo uma careta. Olhei para baixo e vi uma mancha de sangue escura em meu vestido verde. Só podia ser o sangue dele.
O puxei pelo braço e o virei tirando sua mão da cabeça. O golpe com o abajur havia feito um pequeno corte em sua cabeça.
-Precisamos cuidar disso.-falei, mas voltei a atenção novamente para meu pai.-Está tudo bem pai, não foi nada. Não teria como impedí- la. Ela tinha alguma espécie de objeto que a permitiu criar um portal. Com aquilo ela deve poder ir onde quiser.-eu rio secante, pensando no tamanho da nossa desgraça.-Não estamos seguros em parte alguma.
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-Vocês deviam ter alguma lua de mel. Você mesma não contou que a vaca disse que eles não fariam nada por esses dias?-Wanda perguntou.
-Você realmente acha que devo acreditar nisso? Ela pode aproveitar que não estou aqui para matar todo mundo.
-Você não pode salvar a todos, Drika. Ninguém a culparia. Você merece ser feliz livre de todo esse peso por alguns momentos.-Sue falou.
-Eu já tive tempo o suficiente para isso. Agora está na hora de colocar prioridade em quem precisa de mim.
-Você não é nenhuma espécie de ser superior, não tem poder sobre todas as coisas ou dever com elas. Não carregue esse fardo para si mesma. Estamos aqui para te ajudar. Não se culpe pelo que perdeu, ainda temos um longo caminho pela frente.-Sue falou novamente e eu suspirei.
-Acho que quem perdeu algo fui eu. O que está acontecendo?-Milena perguntou confusa.
-Ela sabe sobre minha esterilidade, você e Bucky, Lexi e Matthew e o bebê de Bia.-Sue contou.
-Não ruiva, você não pode se culpar por isso. É a vida que tem dessas coisas mesmo.-Bia falou ao meu lado e segurou minha mão.
-Eu me culpo por não ter estado aqui com vocês, por meu egoísmo ter me feito ir embora ser feliz enquanto vocês enfrentavam seus altos e baixos sozinhas.
-Não estávamos sozinhas, tínhamos umas às outras e queríamos que você fosse feliz. E sabíamos que mesmo de longe você queria isso pra gente também.-Lexi disse.
-Porque não me contaram quando voltei?
-Sabíamos como se sentiria e você já se sentia culpada o suficiente por ter ido embora, se soubesse o que havia acontecido então...-Sue deixou a frase no ar.
-Me perdoem.-pedi.
-Para com essa frescura, já passou. Está tudo bem agora. Esquece o passado e foca no futuro. O importante agora é que você está conosco. Vamos todos juntos acabar com aquela piranha satânica e viver felizes para sempre.-Vic falou com um sorrisinho.
-Com uma vida como a nossa? O máximo que conseguiremos é...-alguém bateu na porta interrompendo o que Ale dizia.
Lexi levantou e foi abri-la.
-A foguinho ainda tá na fossa?-Lexi riu e abriu a porta dando a ele uma visão completa de mim.
-O que foi pai?-perguntei.
-A rena já está no carro te esperando.-ele falou e franzi a testa confusa.
-Pra que?
-O que você acha? Pra irem pegar o vôo para o havai. Sua escolha de marido não é das melhores, mas você não deve perder sua lua de mel por causa da sua gêmea rebelde.
-Gêmea rebelde? Você precisa mesmo arrumar um apelido pra todos?-Jessy perguntou.
-Claro, é mais fácil pra decorar quem é quem.
-É de uma lógica, assim olha, impressionante.-Bia zombou.
-Não se mete, mulher da barbie. Vamos logo, foguinho, não temos o dia todo.
-Pai, eu não posso...
-Pode sim! Alguém pegue a mala dela!-Rita mandou e saiu me arrastando.
-Arrase no havai e vê se pega um bronzeado, porque você já tá pior que o Edward.-Sue brincou.
-E mande fotos!-Jessy pediu.
-Eu não acredito que estão praticamente me chutando para longe.
-Estamos te chutando para o havai querida, devia ficar feliz e não seja fresca. São três dias.-Milena falou.
-Tá, tudo bem. Estou indo, não precisa me arrastar.
Rita me soltou e fomos até a saída conversando. Elas, no caso, me dando instruções e dicas o tempo todo. Meu pai apenas observava como que quisesse estar até em Marte mas não ali com o grupo de loucas.
Ao sairmos pela porta vi Loki de braços cruzados enquanto Thor ao seu lado falava algo com um sorriso malicioso nos lábios. Não havia nem sinal dos outros, exceto Happy no carro e por Wade que estava conversando com o pequeno Knut na varanda. Wade acenou e mandou um beijo no ar para mim. Eu ri e mandei um beijo de volta.
-Finalmente a tortura terminou.-Loki falou saindo de perto do irmão.
-Simpatia devia ser seu sobrenome, cunhado.-Bia ironizou.
-E mau gosto o seu, cunhada.
-Chega de sobrenomes, vocês tem que ir.-meu pai falou.
Fui pega em um imenso abraço, com quatro garotas quase pulando em cima de mim. Logo já parecíamos uma bola de neve de tanta mulher. Elas me soltaram aos poucos e foram me abraçando individualmente.
-Divirta-se mulher.-Lena mandou.
-E vocês se cuidem. Não aprontem nada enquanto eu estiver fora. Quero participar das tretas.
-Pode deixar. Vai ter muita treta guardada pra você.-Lexi brincou.
-Minha vez, tchau foguinho. E não engravide.-meu pai falou enquanto me apertava em um abraço.
-Pelo amor de deus, pai! Chega né.-falei me soltando dele envergonhada.
-Que absurdo. Se ela não engravidar vamos nos unir pra te massacrar Stark. Onde já se viu querer impedir que um bebê Driki venha ao mundo.-Bia falou.
-Eu já vi gente louca mas vocês se superam mais a cada dia. Tchau mana.-Vic me abraçou.
-Tchau maninha.
-Abraço de irmãos!-ouvi a voz de Henry e de repente ele envolveu nós duas com seus braços, nos apertando.
-Só sabe atrapalhar o momento.-Vic reclamou enquanto nos separavamos.
-Você me ama coisinha.-Henry falou para ela.
-Coisinha vai ser você esmagado em baixo do meu tênis, friend zone.
-Friend zone?-perguntei sem entender o apelido.
-Não temos tempo! Venha.-Loki me puxou e entramos no carro. Abaixei o vidro.
-Tchau, amo vocês.
-Não precisa falar isso. Ninguém vai morrer.-Ale brincou.
Revirei os olhos e fechei o vidro.
-Pode ir Happy.-avisei.
-Sim, senhorita.
-Drika, Happy. Drika.-corrigi.
-Claro, Drika.-ele falou sorrindo.
-Te vendo assim até parece simpática.-Loki zombou.
-Olha a palhaçada, rei da simpatia.-alfinetei.
-Ao menos eu não escondo o mau humor por baixo de um sorriso.
-E seu mau humor é constante, por isso ninguém te aguenta.
-Você aguenta, isso que importa.-ele disse e eu sorri largamente.
-Ai que fofo.
Ele riu e revirou os olhos, sabendo que não adiantaria me mandar parar de chamá-lo de fofo. Ela já havia tentando vezes o suficiente para saber que não funcionava.
Deitei minha cabeça em seu ombro e ele passou o braço envolta de mim. Fechei os olhos, fazendo um pedido mental aos deuses para que nada acontecesse nesses dias, na verdade pela eternidade, mas sabia que não seria bem assim. Se houvesse paz nesses dias já seria muito. A paz não dura muito tempo na vida de pessoas como eu. Sou azarada de nascença. Nasci junto com o caos, literalmente.




Hold on for dear life/ Aguente firme pela sua vida
Until it's all gone, we'll come alive/ Até que tudo se vá, nós viveremos
And set fear on fire/ E definir o medo em chamas
We'll set fear on fire/ Iremos definir o medo em chamas-Fear on fire-Ruelle.

Notas da autora:
Como vocês já devem ter percebido, sou mais indecisa que sei lá o que. Tô tipo Drika no dilema de "Matar Eadlyn ou não matar? Eis a questão."
Eu tinha dito que faria capítulos maiores e diminuiria o número deles, mas pra isso deixaria vocês esperando muito tempo e eu fico com dó, principalmente quando escrevo cenas que terminam no caminho da desgraça. Tipo o anterior, em que a Satã, digo, Eadlyn apareceu.
Entãoooo, resolvi que escreverei normalmente como as duas outras temporadas. Essa semana vai ter mais uns dois capítulos, provavelmente, se eu sobreviver ao primeiro dia de aula amanhã.
Vou lá me preparar para o massacre, beijos amores.

Live Like Legends - Season 3Onde histórias criam vida. Descubra agora