AU LLL - PARTE 2

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Eu ouvia a música alta reverberar pela casa toda. Tinha trancado todas as janelas e a porta da biblioteca para ver se abafava o som para enfim conseguir me concentrar no livro que estava lendo. Mas era inútil, o som estava alto demais e a música era boa demais para ser ignorada. Eu tinha a leve desconfiança de que meu pai tinha me stalkeado e descoberto as músicas que eu gostava e agora estava colocando de propósito para me atrair. Larguei o livro e me deitei no sofá, fechando os olhos e começando a relaxar ao som de live like legends. Essa música me fazia tão bem.
Acabei adormecendo e não fazia ideia de quanto tempo tinha passado, mas quando acordei estava tocando work, o que significava que a festa ainda rolava. Senti um peso em cima de mim e mãos me segurando pelos ombros e me chacoalhando. Agora entendia porque tinha acordado.
Abri os olhos preguiçosamente e olhei entediada para Beatriz, que estava sentada em minhas pernas.
-Porque está trancada aqui dormindo quando tem uma festa maravilhosa rolando lá fora?-ela pergunta, parecendo indignada.
-Você sabe porque, eu não sou muito de festas.
-Você é uma Stark, tem de ao menos tentar gostar ou vai se perder. Até sua irmã está lá. Aliás, você viu o tanto de homem gostoso que tem lá? Até o Steve Rogers está lá! Pensa no quase desmaio que tive quando o vi.
-Pelo amor de Deus, ele é casado com nossa amiga e você já o conhece, Beatriz.
-Isso não muda o fato de ele ser um gostoso e parecer mais ainda cada vez que o vejo.
-Rita vai adorar saber que você baba no marido dela.
-Ela sabe até das revistas que tenho dele.
-E os pôsteres?
-Ela não vai saber se não abrir meu roupeiro.-ela da de ombros.-Vamos lá, está tão divertido. Se quiser pode só ficar sentada olhando para o nada como você adora fazer, só ao menos finja estar participando.
-Não, Bia. Tô bem aqui.
-Você tem alma de idosa chata, Drika.
-Eu sei, e é algo de que me orgulho. Pode ir pra festa sem mim, você passou a vida toda fazendo isso.
-Sim, mas eu não queria me controlar, dessa vez eu preciso de você pra fazer isso por mim. Se não vou sair agarrando todo mundo e depois seu pai não vai deixar eu voltar pra te ver.
-Meu pai é o último ser da Terra que pode julgar alguém e Lena daria um jeito nele.-falo e ela faz um bico de decepção quando vê que essa desculpa não me convenceria.
-Por favor, vamos lá. Por favor, por favor, por favor.
-Você é um inferno.
-Isso é um sim?
-Não.
-Afe Drika.-ela choraminga e a empurro de cima de mim e me levanto.-Onde está indo?
-Para meu quarto.
-Aaah.-ela choramingou mas pareceu lembrar de algo e sorriu.-Ao menos de lá tem a vista da festa.-e pegou minha mão, me puxando.
-Eu já disse que você pode ir a festa sem mim.
-Por mais que pareça, eu não sou uma amiga ruim. Não vou me divertir enquanto você fica enfurnada pegando.
-Isso seria doce se não fosse a última parte.
-Isso foi doce.
-No seu mundo.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estava esticada na cama olhando diretamente para a varanda onde Bia observava a festa e as vezes voltava para dentro dançando e tentando me fazer dançar igual louca como ela. Aquela garota tinha bebido, não era possível estar normal.
-Preciso beber.
Agora é que ela ficaria louca.
-Vai buscar bebida pra mim.-ela manda viro na cama, mostrando que dali não sairia.
-Não sou sua empregada Beatriz.
-Por favor, estou adorando me sentir a rapunzel aqui.
-Menos, bem menos.-falo me virando para ela novamente.
-É sério. Hey, você lembra daquele episódio de friends que o Joey estava flertando com a mulher pela janela e depois foi tentar achar o apartamento dela?
-É óbvio que lembro.
-Então, estou só esperando que meu flerte faça isso.-ela conta, com um sorriso convencido.
-Você só está há meia hora aí e já teim um flerte?
-Sim e um muito gostoso.
Levantei da cama, curiosa e ela arqueou a sobrancelha sugestivamente e virou novamente para a direção onde acontecia a festa. Parei ao seu lado, passando os olhos rapidamente pelas pessoas na festa, que eu ainda não fazia ideia do motivo de estar acontecendo, mas enfim, meu pai não precisava de motivo para festa, ele era ele.
-Quem é o coitado afinal?-ela me olhou torto e sorri debochada.
-Ali, com aquele moreno de terno.
Os identifiquei rapidamente, pois o tal moreno de terno, era o único de terno na festa e era o tal Loki, o homem estranho que eu tinha conhecido no começo da semana. Ele estava conversando com Thor, pareciam discutir na verdade. Thor olhou para cima, seu olhar pousou em Bia que pareceu derreter ao meu lado, eu queria dar na cara dela, e então ele olhou pra mim e deu um sorriso estranho e olhou para o irmão, falando alguma coisa, que aparentemente o deixou tenso.
-Você conhece eles?-ela perguntou, certamente estranhando o sorriso de Thor para mim.
-Eu te falei deles. Os conheci de passagem quando cheguei.
-Fala sério, é aquele moreno que você falou? O que ficou te secando?
-Ele não ficou me secando, ele só me olhou de um jeito estranho.
-Tradução: ficou te secando.
-Beatriz, não enche. Não foi nada disso. E ele é muito mais velho que eu.
-Como se você não tivesse quedas por homens mais velhos. Você não pode mentir pra mim, meu amor. Eu sei todos os seus segredos, até os mais obscuros.
-Eu acabei de sair de um relacionamento.
-Que convenhamos que demorou pra acabar né?
-Foram só cinco meses, Beatriz.
-Viu? Demorou muito, principalmente porque eu não botei fé nem em um mês. Ele não fazia seu tipo, era meigo demais e burro.
-Ele é cientista.
-Você entendeu o que eu quis dizer. Drika, você tem que se permitir viver. Olha para aquele homem, ele é gato, provavelmente muito rico, e é mais velho e experiente. Imagina o que ele pode fazer com você.
-Beatriz! Você não presta.
-Graças a deus, sou feliz não sendo uma santinha com medo de tudo igual você.
Ela ficou quieta e olhou lá para baixo. Apenas a observei, e então de costas me encostei na grade da sacada e fiquei olhando para dentro e pensando.
Eu realmente tinha medo de tudo, medo de me arriscar e dar com a cara no muro. Medo de amar e não ser amada de volta, por isso nunca quis muitos amigos, com medo de ser jogada de lado, e por isso namorei George, pois sabia que ele gostava de mim e eu não correria risco de ser magoada, e de certa forma eu agradecia aos céus por não ter sido alguém que eu realmente amasse a cair na manipulação da minha irmã. Provavelmente eu não teria apenas ficado furiosa, mas profundamente machucada.
Mas é daí? Eu ia me recusar a viver por conta de meus medos? E a vaca da Eadlyn não estava aqui agora para destruir minha vida. Eu não tinha nada a perder, talvez minha dignidade, mas tanto faz, eu não passei minha semana inteira tentando entender porque o olhar daquele homem desconhecido tinha me deixado tão inquieta, para depois não fazer nada.
Voltei para dentro do quarto e Beatriz logo veio atrás de mim.
-O que vai fazer?
-Trocar de roupa.-falei vasculhando meu roupeiro.
 Peguei um vestido preto, com tecido bem leve que ia quase nos meus joelhos. Tirei minhas roupas e o enfiei de qualquer jeito. Beatriz apenas me observava quieta com um sorriso.
Fui até o espelho e vi que meu cabelo estava uma zona. Apenas o amarrei em um rabo de cavalo e olhei para Beatriz.
-Estou bem?
-Falta um calçado decente, não dá pra você descer lá com esse vestido lindo e de pantufa. Quer que eu faça uma maquiagem?
-Que pergunta idiota.-resmungo.
-Não custa tentar. Mas é idiota mesmo, você fica melhor sem.
Coloquei uma sapatilha também preta e me olhei no espelho, estava bem, não uma deusa, como Beatriz era naturalmente, mas bem.
-Devia soltar o cabelo.-ela sugere.
-Eu devia é ficar no meu quarto.
-Mas não vai, porque eu sou ótima em ferrar sua mente.
-E eu te odeio por isso.
-Ah, um ódiozinho no meio de todo o amor não é nada.-revirei os olhos para ela.
-Vamos lá, vou te apresentar para o Thor.
-Thor? Uh, nome é tão gostoso quanto o dono.
-Cala a boca, Beatriz.
-E o nome do moreno elegante?
-Loki.
-Hum, parece nome de louco, interessante.
-Eu nem falo mais nada. Cansei de gastar saliva com você.
-Espera só mais uns minutos então.
Apenas lancei uma olhada mortal para ela e virei, continuando meu caminho até o pátio, ao seu lado. Quando chegamos dei uma observada ao redor e avistei minha irmã sentada em um canto com seu cão deitado em suas pernas, por pouco não desisti de tudo e fui até ela, mas Bia discretamente me segurou firme pelo braço e me puxou para o lado oposto na direção onde os dois irmãos conversavam. Thor foi o primeiro a nos ver chegando e abriu um sorriso, Loki virou e pareceu surpreso. Meu coração estava tão acelerado que eu quase podia ouvi-lo, eu não conseguia entender o que estava acontecendo comigo. Respirei fundo e paramos na frente dos dois. Tentei sorrir mas senti que estava fazendo uma careta. Loki pareceu estar contendo o riso.
-Senhores Odinson, é um prazer vê-los aqui.
-E é uma grande surpresa vê-la aqui, seu pai disse que você estava se recusando a dar as caras.
-É que não gosto muito de festas. Prefiro ficar quietinha no meu canto.
-E o que te fez mudar de ideia?
-Eu não mudei, fui obrigada a vir.
-Claro, finja que não teve suas próprias motivações.-ela falou e olhou diretamente para Loki com enorme descaramento.
Segurei seu braço com força. Naquele momento eu só queria me enfiar em um buraco no chão, mas resolvi fingir que nada estava acontecendo ou ia pagar mais mico, do que só ter ficado mais vermelha que meu cabelo.
-Bom, eu ainda não os apresentei. Senhores Odinson, essa é Beatriz Field, e Bia estes são Thor e Loki Odinson.
-Pode nos chamar apenas de Thor e Loki, Drika, não é preciso tanta formalidade.-concordei com um aceno e um meio sorriso.-É um prazer conhecê-la senhorita Field.
-Ah, o prazer é todo meu, Thor.-eu estava com vergonha de estar perto daqueles dois naquele momento, eles falaram de uma forma tão sensual que pareciam que iam se pegar ali na frente de todo mundo. Não fui capaz de conter uma careta de nojo.
-Foi realmente um prazer enorme para os dois que estavam trocando olhares indecentes um para o outro há meia hora, mas para quem assistiu só causou náuseas.
-E vergonha alheia.-adiciono.
-Pelo que vejo, dois rabugentos, que não sabem viver. Estou correta?-Bia pergunta a Thor.
-Totalmente, senhorita.
-Conexão instantânea, ótimo, meu trabalho acabou.-falo e me viro, mas a desgraça que chamo de amiga me impede de abandonar o barco, segurando meu braço.
-Acha que vai sair assim? Pode voltar, Dri.
-Ou Loki poderia tirá-la para dançar. Não vai deixar uma bela dama sozinha não é irmão?
-Estou na minha casa, estou mais segura que qualquer um.
-Você estará segura, mas eu não vou estar, se continuar aqui.-ele falou e entregou o copo com bebida para o irmão.
Ele veio em minha direção e me surpreendeu pegando minha mão e me puxando para o meio, onde várias pessoas dançavam.
 A música que tocava era animada, mas assim que paramos um em frente ao outro alguém mudou a música no meio e começou a tocar a thousand years. Tinha certeza que não foi coisa do acaso e notei que Loki achava o mesmo pois começou a tentar olhar através da multidão para onde cuidavam das músicas, eu também tentei mas era mais baixa e ficava difícil. Loki pareceu ter visto e semicerrou os olhos negando com a cabeça. Então ele virou pra mim com um meio sorriso.
-Adivinha.-ele fala alto para ser ouvido.
-Thor e Bia?
-E eles não estão nem dançando.
-Eles estão querendo forçar a barra.
-Não que seja uma coisa ruim.-ele fala e estende suas mãos para mim.
-Pode ser uma coisa ruim para mim.-insinuo e entrego minhas mãos para ele que me puxa mais para perto e as coloca em seus ombros, logo colocando as suas em minha cintura.
-Eu duvido que seja.-ele fala em meu ouvido, me causando um arrepio no corpo todo.
-Você é meio convencido.-falo, tentando disfarçar.
-Eu posso ser, principalmente, depois de sua amiga praticamente jogar na minha cara que você só saiu do seu quarto por minha causa.
-Isso não é verdade.
-Lamento informar, mas você não é uma boa mentirosa.
-Estou começando a me arrepender de ter saído do quarto. Você é meio babaca.
-E você não se importa ou não estaria falando isso, mas sim saindo daqui e me deixando plantado passando vergonha.
-Se quiser eu posso providenciar isso.-tento me afastar, mas ele me puxa novamente, quase colando nossos corpos.
-Estou percebendo que o apelido que seu pai te deu é bem adequado, e não só por causa de seu cabelo.
-Eu detesto aquele apelido.
-Eu gosto, foguinho.
-Ele não deve ter te dado um apelido ainda né?
-Na verdade ele deu.
-Qual?
-Não vou lhe dar oportunidade para zombar de mim.
-Tudo bem, eu pergunto a ele.
-O que seu pai vai achar de você estar interessada em saber coisas sobre mim?
-Ele não vai pensar nada, isso não é nada demais.
-Não sei se ele vai pensar isso. Já viu a cara dele nos olhando?-ele olha para trás de mim e viro.
Meu pai estava dançando com Lena perto da gente e seu olhar estava fulminante na direção de Loki. Virei sorrindo para Loki.
-Isso deveria me assustar, mas até que é bom saber que ele ao menos tem algum sentimento de pai dentro de si.
-Isso é bom pra você, mas nem tão bom para mim.
-Ninguém mandou você ter crush na filha dele.
-Ninguém mandou a filha dele ser tão linda.-ele admite e preciso conter um sorriso bobo, sinto que meu rosto estava ficando vermelho.-E ainda mais linda envergonhada.
-Você está fazendo de propósito.-acuso abaixando o rosto.
-É divertido te constranger.
-Você é tão irritante. Porque ainda estou aqui?
-Irritantes devem fazer seu tipo.-ele provoca e dou de ombros.
-Sabe que até eu estou começando a desconfiar disso?-falo e ele parece surpreso.
Sorrio, me aproximando mais e deito a cabeça em seu ombro. Ele passa os braços ao redor de minha cintura e continuamos dançando, agora em silêncio, apenas apreciando a companhia um do outro, sem se alfinetar por alguns instantes.

Live Like Legends - Season 3Onde histórias criam vida. Descubra agora