Capítulo 2

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   Na noite seguinte ao encontro com Sally, em uma noite de última-lua do calendário nômade, Tobias estava escalando um dos grandes prédios abandonados pelos antigos povos dos campos da Era dos Conquistadores. Tobias passou por corredores destruídos e fantasmagóricos, com paredes caídas, quartos em ruínas e salas sombrias. Um clima de solidão tão denso que ele sentia o seu toque gélido de morte e sofrimento em sua própria pele. Ele subia e subia cada vez mais buscando escalar o mais alto possível para ver a chegada dos Batedores vindos das perigosas fronteiras. Ele passou semanas ansiando pela volta deles, pelas histórias que eles contariam quando chegassem. Pelas vitórias e perdas que eles trouxessem; as cicatrizes ganhas no inferno sobre a terra onde viveram seus dias.

Tobias estava no parapeito de uma velha torre, assistindo ao surgir das estrelas, à espera dos Batedores que voltariam de sua longa viaje a qualquer momento. Ele olhava distraído para o horizonte contando as estrelas enquanto brincava com sua faca de caça, embora não muito útil nas campinas, era uma arma usada para se defender de encrenqueiros e outros meninos de ruas que causavam brigas a noite.

A noite caia lentamente com o sol a desaparecer no horizonte, passando, assim de sombras, para noite cerrada e nada dos Batedores retornarem na mesma hora de sempre. Muitos dos guardas que os aguardavam nos portões da muralha da cidade começavam a se movem impacientes e inquietos. O nervosismo começava a tomar conta das pessoas lá embaixo, nas ruas e nas casas, nas tavernas e alojamentos. Batedores atrasados nunca trazem boas notícias. Nunca.

A noite passava lentamente e Tobias começava a cair lentamente no sono sem mais aguentar esperar pelos Batedores. Ele estava cansado, seu dia tinha sido cheio de problemas e aventuras, o treinamento constante de um lobo solitário.

Depois da meia-noite, Tobias acorda com o barulho do ranger de dobradiças na muralha. Os portões estavam sendo abertas com grandes rangidos de suas dobradiças velhas e enferrujadas pelo tempo. Ele abre os olhos lentamente, sonolentos, enquanto esfrega com as mãos. Seu corpo duro pelas cãibras e tremendo, devido ao frio da noite, o deixa com uma sensação desagradável de que nada daquilo realmente valia à pena. Suas roupas que tem uma mistura de muitos outros tipos tecidos, como lã e couro de animais, o protegiam da maior parte do frio da noite. A noite estava escura e sem luar. Ele mal conseguia ver o que está acontecendo lá em baixo, mas pela a agitação ele percebia que aquilo não poderia ser coisa boa.

– Tenho que descer – murmura Tobias olhando para o breu do lado de dentro do antigo prédio governamental dos antigos povos camponeses.

Ele procura em sua mochila uma pequena lamparina com azeite e a ascende para iluminar o seu caminho em meio às ruínas de um povo já esquecido.

Ele atravessa as passagens cavernosas do antigo prédio como um fantasma vingador procurando por almas perdidas para roubá-las. Como um gato-negro, ele atravessa corredores sombrios como uma sombra sem fazer barulho nem ruído. O vento frio beijava o seu rosto causando pequenos arreios em sua pele bronzeada pelo sol do dia.

A medida em que ele descia para o pátio, pequenos barulhos e som lhe chegavam aos ouvidos, causando preocupação nele. Ele percebia que alguma coisa não estava certa.

Tobias ouve gritos de urgência próximos a muralha e ele se odeia por não estar lá embaixo com os outros para ajudar em qual quer que seja o problema que estiverem tendo.

Quando Tobias finalmente consegue sair os portões da muralha já estão sendo fechados novamente e há poucas pessoas reunidas em volta de grupos conversando. Ele atravessa o longo pátio e as extensas ruas, casas e grandes residências silenciosas à noite. Encontra estranhas pessoas que se escondem nos becos e sombras da cidade como animais acuados. Tobias passa por tudo isso em uma corrida já há muito tempo feita. Pessoas andam de um lado para outro a passos rápidos, preocupados, indo para suas casas se esconderem e evitarem problemas as altas horas da noite.

Ânsias da Juventude - Série Os Cavaleiros Alados - Primeira FaseOnde histórias criam vida. Descubra agora