Eles chegaram ao final do dia a última cidade em sua viagem. O sol já havia abaixado bastante no horizonte e os campos de areia vermelha e pedra se erguiam a sua volta como uma paisagem inóspita. A cidade não era tão grande como ele esperava, mas era mais barulhenta do que ele achava ser possível.
Carroças, carruagens, cavaleiros e pessoas correndo estavam fugindo da cidade Calray. Não se importavam com o que levavam o deixavam, apenas fugiam. Seus rostos em pânico já era o suficiente para deixar Ashraf e os outros inquietos. Eles não entendiam o que estava acontecendo. Não haviam encontrado nenhum fugitivo pela estrada no outro dia, o que significava que o quê seja lá do que eles estejam fugindo aconteceu nesse mesmo dia.
Ashraf pula do cavalo e pega um homem pelo pescoço o arrastando para longe da multidão em fuga. O homem se debate, pedido para que o deixe partir.
- Me deixe ir! Deixe-me ir! Preciso sair de Calray! Preciso fugir daqui! Deixe-me ir! Deixe-me sair da cidade!
- Ei, o que diabos está acontecendo aqui?
O velho homem o lança um olhar desesperado e confuso, como se só notasse agora que aquele grupo de homens estão se dirigindo para a cidade.
- Vocês não sabem? Não viram o que os Batedores disseram hoje cedo?
Ashraf não responde e ele toma isso como um sim. Seu rosto mostrava um medo quase sobrenatural. Um medo de algo pelo qual ele ainda não passou, mas assumiu como seu.
- Os Batedores vigilantes avistaram hordas de soldados atravessando o deserto.
Ashraf se surpreende.
- Soldados? Soldados atravessando o deserto? Mas isso é impossível!
- Não! Não é impossível! E seja lá o que forem eles conseguiram. São centenas deles! Não! São milhares! Uma força de milhares, me disseram. Eles vão nos esmagar! - o homem gritava. - Estão vindo para cá. Preciso fugir! Me deixe ir! - o homem começa a se debater de novo e Ash o solta.
O homem cai no chão, mas se levanta rápido e começa a correr pela estrada.
- Milhares? - um Batedor pergunta. - Será que são tantos assim?
- Não sei, mas acho bastante improvável seja como for.
- Vamos falar com o comandante. Assim saberemos o que é verdade e boato - outro Batedor diz, o mais velho e mais forte do grupo.
Ashraf concorda com ele e pula para a sela do cavalo, seguindo para a cidade.
O fluxo de pessoas não parecia diminuir nunca. Pessoas corriam de um lado para o outro nas ruas, guardando suas coisas às pressas, fechando lojas ou pegando em armas. Tobias percebia que, embora não muitas, mas um bom número de pessoas decidiu ficar e defender sua cidade. Decidiu ficar e defender seu lar contra invasores.
Todos os homens que decidiram pregarem em armas corriam em direção as grandes torres de vigilância a alguns quilômetros depois da cidade. Grandes e sombrias torres que se estendiam para o céu como dedos fantasmagóricos se estendendo por dezenas de metros para o alto. Cada torre ficava a alguns quilômetros de distância de uma da outra e isso ficava cada vez mais perceptível à medida que ele avançava para elas. Outra coisa que ele notou foi a de que elas faziam uma linha, como os pilares de uma muralha invisível e assim continuavam a surgir torres após torres até desaparecer no horizonte.
- Bem-vindo a Fronteira, Tobias - diz o seu mestre com um olhar sombrio.
A Fronteira?, ele se surpreende.
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Ânsias da Juventude - Série Os Cavaleiros Alados - Primeira Fase
Fantasía[Obra Original] O jovem Tobias tinha muitos sonhos, um deles era o de se tornar um grande Batedor como o seu pai um dia foi, antes de desaparecer na Fronteira. Campina Primaveril é um reino que vive uma próspera paz. Não havia inimizades dentre o...