Capítulo 9

12 4 0
                                    

Violinos tocam, flautas sopram e pés batem no chão em uma cacofonia de música e gritos que preenchem o ambiente da Taverna do Lobo Uivante de alegria festiva. Pessoas comemoram e comida é servida com cerveja e hidromel para todos.

Gritos, berros e rugidos de alegrias preenchem o ar com sonoras gargalhadas, risos e conversas com vozes altas a volta do jovem Tobias que se encolhia e tentava se afastar de todos, sentido-se um intruso em sua própria festa. Comida era servida de minutos e minutos como se estivesse esvaziando todos os armazéns da cidade e o taberneiro, gargalhando junto de todos, não parecia se importar com os gastos. Afinal eram todos amigos de Tobias e todos comemoravam a sua colocação de vencedor da primeira fase dos jogos como se fosse o novo herói daquele povo.

Mulheres riam e homens gritavam de júbilo quando viam Tobias por perto. Sua mãe e seus irmãos não eram diferentes. Hoje é um dia para se comemorar e festejar, sua mãe lhe disse mais cedo, você deve comemorar com todos e mostrar seu espírito de jovem guerreiro ao compartilhar de sua felicidade. Ela estava cumprindo essa parte com seus irmãos, mas o garoto não sabia o que fazer. Nunca tinha participado de uma festa que fosse em sua honra e isso o deixava desconcertado.

Eles estão comemorando minha vitória, ele dizia a si mesmo, irritado com sua própria insegurança. O que devo fazer? Por que tenho que tenho que estar aqui?

Cada um dos seus irmãos mais velhos estava com uma garota que era estranha a Tobias. Ele sabia que nenhuma delas era um relacionamento sério, não que ele ligasse, mas parecia haver uma fila delas tanto para eles quando para o próprio garoto. Até mesmo sua mãe estava se divertindo com um homem que não era muito estranho a Tobias, o ferreiro, que já foi um dos mestres que tentou conseguir o seu irmão como aprendiz, mas o perdendo para outro mestre rival. Eles pareciam bem próximos, o que o deixou com uma pitada de ciúmes.

O cheiro da comida quente, o cheiro do gorduroso óleo que escorrer dos grandes espetos de cordeiro para o fogo, do álcool consumido pelos poderosos homens de barba grossa que parecem sempre haver espaço para mais e o cheiro doce e picante dos perfumes das mulheres que riam junto dos homens naquela noite cheia de promessa e desejo. Tudo isso era inebriante a Tobias. Tudo era estranho e novo a ele. A festa foi feita para ele inicialmente, mas depois de algumas horas parecia que todo mundo já o havia esquecido e dando um novo significado aquela comemoração. A festa agora pertencia a eles e aos seus prazeres por bebidas, comidas e mulheres.

Depois de algum tempo observando aquele estranho e fascinante mundo adulto, Tobias se cansa e decide sair daquela sala quente dominada pelos corpos suados dos homens já a muito bêbados e pelas risadas luxuriosas das mulheres.

Do lado de fora, a noite era estralada como se houvesse milhares de soldados de armaduras cintilantes se preparando para atacar o mundo dominado pelos filhos de Gaya. Sua mãe uma vez lhe contou sobre uma lenda quando ele ainda era muito pequeno. Ela não se lembrava de muita coisa, mas ela contava sobre que as estralas eram os soldados da Mãe Gaya, que serviam para vigiar o mundo dos mortais contra o Rei Catástrofe e os seus exércitos de Cavaleiros da Tormenta, que, assim como um exame de gafanhotos, podem consumir o mundo dos mortais com pesadelos, morte e podridão nefasta.

Tobias suspira para a noite bela que enche os seus olhos.

- Nossos vigias, huh?- ele pergunta para as estrelas.

- Você está conversando com quem? - pergunta uma voz levemente curiosa e divertida. - Ou será que algumas pancadas na cabeça na arena finalmente o deixaram louco?

Tobias abre um leve sorriso ao se virá para encará-la.

- Com ninguém em especial - ele responde. - E pancadas na cabeça não deixam homens loucos.

Ânsias da Juventude - Série Os Cavaleiros Alados - Primeira FaseOnde histórias criam vida. Descubra agora