Ânsias da Juventude - Série Os Cavaleiros Alados - Primeira Fase

Capítulo 11

   Tobias estava quase cochilando na grama, debaixo de uma grande macieira que havia crescido ao lado do jardim do castelo, mais especificamente no pomar. Ele se sentia entediado, sem saber o que fazer do seu dia. Era um dia como muitos outros na campina: quente e desagradável, mas ele, diferente dos seus amigos, se sentia cansado e com bastante sono.

Desde que ele ganhou sua primeira vitória nos Jogos do Dia da Escolha não houve mais nenhum aviso prévio sobre a continuação dos jogos.

O vento fresco e refrescante batia contra o seu cabelo em uma suavidade sonolenta. Os raios de sol brilhavam contra todo o mar de gramíneas como ouro a sua volta. O jovem garoto fecha os olhos, sentindo o calor do sol abraçar sua pele, ele solta um suspiro apreciativo com uma estranha demonstração de prazer. Ele amava aquele lugar de toda a cidade, mesmo não tendo permissão para estar lá. Mas agora, reflete ele, só o fato de ser um campeão que quase quebrou o recorde do lendário herói da cidade já é permissão suficiente.

– Às vezes me pergunto se você apenas gosta do calor do sol e do vento contra o rosto ou se é, simplesmente, um preguiçoso que não tem nada melhor para fazer e nenhum objetivo para alcançar – diz Caim, o seu irmão, divertido.

Tobias franze o cenho, sem se preocupar em abrir os olhos e encará-lo.

– Claro que tenho objetivo! Só não estou com vontade de colocá-lo em prática agora.

– Claro, claro. E você precisa estar no clima pra fazer funcionar, não é? Só um relaxado... – ele termina balançando a cabeça.

Tobias bufa em desprazer.

– Você nunca entenderia isso.

Sem esperar por uma resposta, Tobias se vira para se aconchegar melhor sobre a grama fresca da tarde.

Ele ouve um riso amargo.

– Ah, claro que nunca vou entender seus motivos. Nem nunca conseguir entender você! – diz ele com aspereza. – Nem sei por que ainda tento... – termina, quase em um murmúrio.

O jovem garoto solta um riso prazeroso.

– Então desista de uma vez. Tentar o impossível não combina com você.

Caim bufa em desdém e eles ficam em silêncio. Apenas sentindo o vendo contra os seus rostos naquela tarde calorenta. Ao longe era possível ouvir o trovejar dos cascos de cavalos saindo do castelo. Homens gritavam ordens em cima das ameias da muralha e um clima de tensão se instala em toda parte com as conversas das cortesãs se esvaindo das salas de conversas que ficavam próximas ao pomar em que os irmãos se encontravam.

Tobias abre os olhos bem abertos e se levanta para tentar descobrir o que seria toda aquela agitação.

– O que está acontecendo? – ele pergunta ao irmão.

Caim coça o queixo, com rios de dúvidas percorrendo seu olhar.

– Eu não tenho certeza, mas me parece com um grande batalhão de cavalaria pesada saindo do castelo... – diz ele, ainda pensativo.

– Cavalaria? Mas, para onde? E por quê?

– Hum... Parece que aquele bando de lobos-armados, que invadiram o reino algum tempo atrais, estão atacando algumas fazendas próximas daqui. Ou pelos menos foi o que ouvi no mercado...

– PROXIMAS DAQUI!? – grita Tobias, consternado.

Caim gesticula com os braços rapidamente, em pânico, pedindo para que ele faça silêncio.