Ânsias da Juventude - Série Os Cavaleiros Alados - Primeira Fase

Prólogo

   Em uma noite de tempestade, o jovem Schset Blastewar, imperador do Império Salum, não conseguia dormir. Ficava se virando de um lado para o outro na cama com a incansável perturbação das explosões de trovões do lado de fora do palácio imperial. A tempestade batia e rugia furiosamente do lado de fora do seu quarto como uma revoada de pedras contra a sua torre. Sem conseguir mais dormir, ele decide sair do quarto e ir caminhar pelos corredores até a tempestade dá um descanso ou até estar cansado o suficiente para não acordar com o barulho.

Vestido com um camisolão, típico da alta classe do seu império, ele sai de seu quarto passando pelos guardas que fazem continências sonolentas e voltam em seguida para suas posições originais – os guardas não são tão rígidos como foram um dia. Schset ainda sentia um desconforto irritante em seus pensamentos. Ele estava a caminho da biblioteca de seu castelo. Sempre que havia um desconforto ou perdia o sono ele se refugiava em seus preciosos livros. Desde pequeno quando seu pai ainda governava os reinos do Império de Salum, a biblioteca tem sido seu porto seguro para onde ele podia fugir e se esconder de seus tutores e mestres e ler durante horas e horas seguidas sem ser pertubardo.

Depois de atravessar corredores e mais corredores e guardas sonolentos, Schset finalmente chega até a biblioteca imperial. O som dos estandartes batendo e o sussurro do vento contra as janelas e paredes eram as suas únicas companhias além das explosões incessantes dos trovões e do rugido contínuo da chuva do lado de fora.

Encontrado as portas trancas ele bate por quase dez minutos até que um aprendiz aparece, assustado pelo barulho dos socos na porta, para atender ao imperador com sede de conhecimento. Ele não fica surpreso por ver seu imperador ao pé da porta da biblioteca àquela hora da noite, acostumado com as visitas noturnas do seu soberano. Assim que o aprendiz do mestre da biblioteca se vai, deixando o jovem imperador sozinho, Schset procura por alguns livros nas infinitas prateleiras e estantes de ouro e madeira prateada que possam chamar sua atenção.

Depois de passar horas lendo sobre políticas e relações sócias para aprofundar seu conhecimento para melhor governar o seu povo e afiar sua lâmina contra os políticos problemáticos do seu império que estão sempre arrumando motivos para atacarem uns aos outros ou causarem invasões a outros reinos fora de suas fronteiras, ele decide que já está casado o suficiente para dormir sem mais problemas. Deixando os livros de lado ele se dirige para as grandes janelas de vidro fusco da biblioteca. A chuva torrencial já estava muito mais leve em um sussurro de calmaria.

O imperador boceja e começa a se virar em direção a porta quando uma sombra com asas de morcego cruza a noite em direção as grandes torres, mas desaparece tão rápido quando o flash de um raio. Schset esfrega os olhos sem saber se o que viu era real ou alguma ilusão causada pela falta de descanso. Ele decide como sendo uma ilusão causada pelo seu cansaço e horas de leituras noturnas.

Quando ele sai da biblioteca, o jovem decide falar com os guardas para reforçarem a segurança e manterem um olhar atento em qualquer movimentação suspeita. Os guardas do palácio não perguntam o porquê da ordem, afinal ele é o imperador do Sagrado Império de Salum e ninguém tem o direito de questionar os motivos do seu imperador. Assim foram todos os antigos imperadores e assim o seu povo aprendeu a viver e a obedecer há séculos atrais: sem questionamentos, sem revoltas, sem desejos, só obediência. O jovem Schset pretendia mudar essa linha de pensamento implantada em seu povo ao longo dos séculos. O seu povo não pode tratar um governante como um deus; essa forma de pensamento deixou muitos imperadores tolos se sentarem no trono e levar o império a loucura fanática e a crises que quase destruiu o império em dívidas. O orgulho do império foi destruído quando atingirá a quase-falência e foi cada vez mais para baixo quando começaram a sofrer ataques de invasores devidos a muitas dívidas nunca quitadas.