Capítulo 5

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   Faltava apenas três dias para o Dia da Escolha e toda Orctumbria já estava tomada pelo completo caos festivo dos grandes eventos festivos de fim de verão. Grandes e coloridas barracas eram erguidas, carrinhos e bares ambulantes tomavam as ruas, casas de jogos, casas de prazer, sonhos e riquezas tomavam as ruas e praças. Bardos tocavam nas tavernas e bordeis, circos eram erguidos, engolidores de fogo e espadas faziam sua magia nas ruas, shows de marionetes encantavam as crianças, malabarismos faziam seus truques de agilidade, criadores de serpentes mostravam seus belos espécimes sem medo. Havia também contadores de história, barracas de prêmios de todos os tipos, e, espalhados por toda a cidade, sábios abriam suas tendas para seus produtos, leituras sobre o futuro e outras coisas que só eles eram capazes de fazer. Ou se diziam capazes. Prostíbulos errantes nasciam do dia para a noite, trupes e bandos de bandoleiros artistas chegavam à cidade aos montes, além das corjas que se amontoavam nas ruas mais escuras e sombrias. Bruxas se aproximavam para venderem seus produtos sombrios, enganadores e videntes de má índole também estavam na cidade como baratas nascidas de um monte de lixo e fezes. Feiticeiras faziam suas vendas e trocas, porque esses dias festivos sempre propulsionavam a elas uma oferta da procura e venda com melhores garantias de lucros com menos devoluções.

Ruas eram enfeitadas e praças eram preparadas para o grande dia, onde jovens garotos iriam competiam com outros que almejavam os mesmos sonhos. Garotos com os mesmos talentos para provarem qual, dentre os competidores, era o melhor para seguir com o tal sonhado ofício tão essencial para as suas vidas de futuras realizações. Ofícios para o resto de suas vidas.

Tobias ia seguindo pela rua adjacente a praça, onde homens montavam e construíam arquibancadas imensas para o povo e um palco elevado para os governantes locais e convidados do guardião do protetorado Reidy. Havia várias cadeiras elevadas e uma no centro se destacando acima de todas as outras. Tobias sentia que haveria bem mais senhores do que desejaria ver nesse dia. Ele se perguntou se a tal Lerissa iria comparecer a esse dia. Provavelmente, sim. Não havia outro motivo para ela se aventurar naquela região perigosa, não que ele soubesse.

Já fazia dias que ele não a via mais. De alguma forma esquisita, que não sabia o porquê e muito menos conseguia entender, ele queria se encontrar com ela outra vez. Algo que ele havia prometido a si mesmo que não queria se envolver com ela nunca mais!... Se pudesse evitar tal encontro entre os dois eles nunca mais se veriam. Mas havia algo... algo dentro dele que o fazia vacilar em sua determinação.

Havia membros de outras raças que chegavam aos poucos na cidade, a maioria de comerciantes e mercadores de reinos distantes que vinham em grandes caravanas e em grande pompa como se querendo esbanjar e anunciar toda a riqueza e qualidade dos seus produtos. Havia mais anões que qualquer outra raça de não-humanos e meio-humanos na cidade; anões que vinham das longínquas montanhas Derua ar Dercrus do outro lado do grande mar ancestral O'celderain, na língua antiga. Também vinham meio-elfos com suas roupas de couro leve e olhares zombeteiros que lançam para todos que passavam, mas – o que decepcionou Tobias – não havia nenhum elfo puro ou algum outro das elegantes raças superiores presente. Havia muitos humanos de fora das Campinas Primaveris e de reinos distantes que ele nunca ouviu falar, meio-humanos que na maioria das vezes eram de grupos de comerciantes e mercadores a trabalho.

Mas havia outros que surpreendeu Tobias de todas as perspectivas que ele poderia esperar: não apenas meio-humanos estavam presentes nesse dia, mas, como também, não-humanos estavam no maior evento da grande cidade de Orctumbria. Sátiros! Demônios chamados de homens-cabras pelos humanos e não-humanos (ou povo sátiro, como eles assim preferiam), eram um dos povos de não-humanos mais civilizados de toda Hardeyn. Atualmente eles possuíam um contrato de paz com a Campinas Primaveris e outras raças. Andavam em meio ao povo abrindo caminho pela multidão como um navio de guerra cortando águas tumultuosas. O povo, claro, saia do seu caminho sem precisas de muito esforço. Usavam apenas calças cinza-esverdeadas de couro com placas de ferro mantendo o restante do corpo sem qualquer outra proteção. Guerreiros sátiros. Usam fitas e tiras de couro amarradas em algumas partes dos seus corpos, como pulso e pescoço, como se fosse algum tipo de enfeite de sua estranha cultura.

Ânsias da Juventude - Série Os Cavaleiros Alados - Primeira FaseOnde histórias criam vida. Descubra agora