Capítulo 3.

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Acordei, peguei o celular, olhei a hora e já eram 09:30. Olhei para o lado e veio aquela saudade imensa da Vênus, respirei fundo, levantei e fui para o banheiro. Tomei banho, troquei de roupa e saí para a cozinha, peguei um copo de suco na geladeira, tomei, lavei o copo e saí do alojamento. Comecei a caminhar pela área de treinamento e eu parecia que estava de ressaca.

Todos me olhavam, me cumprimentavam e eu não sentia vontade de falar com ninguém. Apenas acenava e continuava andando. Fui até a cerejeira rainha, olhei para ela, soltei a respiração e toquei em seu tronco. Ela parecia estar triste, assim como eu. A Demetra chegou por trás e falou:

— Ela está assim desde que você se foi. Ela sente o mesmo que você.

Olhei para trás, a olhei e falei:

— Pode ter certeza que ela não sente nem metade do que eu sinto.

Ela abaixou o olhar, tocou em meu ombro e falou:

— Entendo que esteja chateado e triste.

Tirei a sua mão do meu ombro, a olhei e falei:

— Não, você não entende. Você poderia ter salvado ela, mas não salvou, deixou ela morrer. Você poderia ter protegido ela e não protegeu! Então, não toque em mim.

Ela me olhou e falou:

— Eu fiz o que eu pude.

A olhei e falei:

— Você não fez nada!

Ela me olhou e falou:

— Eu estava protegendo os guerreiros.

Senti minhas presas se alongando, meu corpo mudando e queimando por dentro de raiva, involuntariamente. E falei gritando:

— Ela também era uma guerreira, uma líder tribal. Ela tinha o mesmo valor dos outros e você não ligou para isso.

Ela me olhou assustada, se afastando e falou:

— Se acalma, eu não tive culpa.

Estendi a mão para ela e a joguei para longe usando o ar. A Hera chegou por trás de mim, segurou em meu braço e falou:

— Owen, não.

A olhei, respirei fundo, soltei meu braço da mão dela, me vir, senti meu corpo voltando ao normal e fui em direção ao estábulo. Tirei meu cavalo de lá, montei nele e comecei a cavalgar pela floresta. Cavalguei por horas, voltei para o estábulo, coloquei o Saturno lá, coloquei comida e água para ele e comecei a caminhar pela área de treinamento. O Hunter veio até mim e falou:

— Está tudo bem?

O olhei e falei:

— Tudo certo. Por que?

Ele me olhou e falou:

— Soube do que aconteceu mais cedo.

O olhei e falei:

— Hum...

Ele parou e falou:

— Por que fez aquilo?

Parei, o olhei e falei:

— Ela merece coisa pior. Graças a ela minha vida virou um inferno, não tenho mais vontade para nada, não consigo sentir nada por ninguém, não consigo sentir um pingo de felicidade sequer. Ela poderia ter feito alguma coisa para salvá-la, mas não fez nada. E agora ela está morta, junto com tudo de bom que eu tinha.

Ele respirou fundo, me olhou e falou:

— Entendo... mas vamos almoçar que é melhor.

O olhei e falei:

— Vamos.

Fomos para o alojamento e ao entrar na cozinha os líderes estavam lá, a Rosie correu e me abraçou forte, retribui o abraço e ela falou:

— Que saudade.

A olhei e falei:

— Digo o mesmo.

Sentamos todos em volta da mesa, começamos a almoçar e a Atena falou:

— Como foi lá na sua cidade?

A olhei e falei:

— Foi normal.

Ela me olhou e falou:

— Normal como?

A olhei e falei:

— Não saía na rua, nem do quarto, então, foi normal.

Ela me olhou com os olhos marejados e falou:

— Sinto muito...

A olhei e falei:

— Tudo bem.

Terminei de comer, levantei, lavei a minha louça e falei:

— Vou para o meu quarto, até amanhã.

Fui para o quarto, entrei, tomei três comprimidos para dormir, deitei na cama e apaguei.


Meu pé de cerejeira branca - Livro II.Onde histórias criam vida. Descubra agora