Às vezes a vida gosta de nos pregar peças e nos bagunçar por inteiro, para que saibamos dar valor ao que temos. Quase nunca reparamos nos detalhes, nos tons de cores, na beleza das flores e nos seus perfumes. Deixamos muita coisa passar por falta de tempo, até mesmo de interesse. Depois que perdi o amor da minha vida, eu me isolei, parei de prestar atenção nas coisas ao meu redor e só conseguia enxergar o lado obscuro de tudo. Me isolar foi uma das piores coisas que eu fiz e eu precisava mudar aquilo, o mais rápido possível, ou eu não perderia apenas coisas e pessoas. Eu acabaria perdendo eu mesmo.
Acordei cedo, levantei, fui para o banheiro, tomei banho, troquei de roupa, fui até a cozinha, peguei uma panela, uma colher e voltei para o quarto. Comecei a bater na panela com a colher e comecei a falar um pouco alto:
— Acordem, está na hora do treino. Acordem, ou jogarei água gelada em vocês. Acordem, deixem para dormir à noite, o dia foi feito para viver.
O Hunter acordou, jogou uma almofada em mim e falou:
— Vai dormir, Owen. Para com essa merda.
O Perseu me olhou com os olhos apertados, levantou e falou:
— Você quem manda.
Comecei a bater na panela novamente e falei:
— Acorda, Hunter. Está muito mal acostumado.
Ele praticamente me fuzilou com os olhos, se ele tivesse visão de raio x, adeus eu. Ele levantou e falou:
— Pronto, acordei. Satisfeito?
O olhei e falei:
— Ainda não. Vão para o banho, acordem suas namoradas e vão para o campo de treinamento, estarei esperando vocês.
Eles afirmaram com a cabeça e saíram do quarto. Fechei o quarto, coloquei a panela e a colher em seus lugares e sai do alojamento. O Falco veio voando e pousou em meu ombro, fiz carinho em sua cabeça e comecei a caminhar até o campo de treinamento. Ao chegar, sentei na grama e comecei a observar o céu, estava mais azul que o normal. Alguns minutos depois, escutei alguém falando:
— O céu está lindo hoje, não é?
Ao olhar para o lado, lá estava a Aura, ela sorriu, sentou ao meu lado e eu falei:
— Está sim.
Ela acariciou a cabeça do Falco e falou:
— Vai treinar com os outros? É raro te ver por aqui a essa hora.
A olhei e falei:
— Irei sim, tenho que sair do poço. Cansei de fazer trancinhas no cabelo da Samara.
Ela começou a rir e falou:
— Não sabia que você tinha um lado humorístico.
A olhei e falei:
— Você não sabe de quase nada sobre mim.
Ela me olhou e falou:
— Vou adorar saber.
A olhei por um tempo calado e falei:
— Como está sendo lá na enfermaria?
Ela me olhou, sorriu e falou:
— Muito bom. Você deveria ir lá às vezes, uma ajuda é sempre bem-vinda.
A olhei e falei:
— Pode ser que eu vá alguma hora dessas.
Ela sorriu, olhei para o lado e lá vinham os líderes. Os olhei e falei:
— Estão atrasados.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu pé de cerejeira branca - Livro II.
FantasyMe fiz perguntas a vida toda, saí de casa para procurar respostas e as encontrei. Conheci pessoas maravilhosas, fiz novas amizades, encontrei o amor da minha vida... E depois da grande batalha, muitas responsabilidades caíram sobre mim, o fato de eu...