Capítulo 5.

64 16 0
                                    

Às vezes a vida gosta de nos pregar peças e nos bagunçar por inteiro, para que saibamos dar valor ao que temos. Quase nunca reparamos nos detalhes, nos tons de cores, na beleza das flores e nos seus perfumes. Deixamos muita coisa passar por falta de tempo, até mesmo de interesse. Depois que perdi o amor da minha vida, eu me isolei, parei de prestar atenção nas coisas ao meu redor e só conseguia enxergar o lado obscuro de tudo. Me isolar foi uma das piores coisas que eu fiz e eu precisava mudar aquilo, o mais rápido possível, ou eu não perderia apenas coisas e pessoas. Eu acabaria perdendo eu mesmo.

Acordei cedo, levantei, fui para o banheiro, tomei banho, troquei de roupa, fui até a cozinha, peguei uma panela, uma colher e voltei para o quarto. Comecei a bater na panela com a colher e comecei a falar um pouco alto:

— Acordem, está na hora do treino. Acordem, ou jogarei água gelada em vocês. Acordem, deixem para dormir à noite, o dia foi feito para viver.

O Hunter acordou, jogou uma almofada em mim e falou:

— Vai dormir, Owen. Para com essa merda.

O Perseu me olhou com os olhos apertados, levantou e falou:

— Você quem manda.

Comecei a bater na panela novamente e falei:

— Acorda, Hunter. Está muito mal acostumado.

Ele praticamente me fuzilou com os olhos, se ele tivesse visão de raio x, adeus eu. Ele levantou e falou:

— Pronto, acordei. Satisfeito?

O olhei e falei:

— Ainda não. Vão para o banho, acordem suas namoradas e vão para o campo de treinamento, estarei esperando vocês.

Eles afirmaram com a cabeça e saíram do quarto. Fechei o quarto, coloquei a panela e a colher em seus lugares e sai do alojamento. O Falco veio voando e pousou em meu ombro, fiz carinho em sua cabeça e comecei a caminhar até o campo de treinamento. Ao chegar, sentei na grama e comecei a observar o céu, estava mais azul que o normal. Alguns minutos depois, escutei alguém falando:

— O céu está lindo hoje, não é?

Ao olhar para o lado, lá estava a Aura, ela sorriu, sentou ao meu lado e eu falei:

— Está sim.

Ela acariciou a cabeça do Falco e falou:

— Vai treinar com os outros? É raro te ver por aqui a essa hora.

A olhei e falei:

— Irei sim, tenho que sair do poço. Cansei de fazer trancinhas no cabelo da Samara.

Ela começou a rir e falou:

— Não sabia que você tinha um lado humorístico.

A olhei e falei:

— Você não sabe de quase nada sobre mim.

Ela me olhou e falou:

— Vou adorar saber.

A olhei por um tempo calado e falei:

— Como está sendo lá na enfermaria?

Ela me olhou, sorriu e falou:

— Muito bom. Você deveria ir lá às vezes, uma ajuda é sempre bem-vinda.

A olhei e falei:

— Pode ser que eu vá alguma hora dessas.

Ela sorriu, olhei para o lado e lá vinham os líderes. Os olhei e falei:

— Estão atrasados.

Meu pé de cerejeira branca - Livro II.Onde histórias criam vida. Descubra agora