Capítulo 3

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Quando saio do prédio estou no centro da cidade, junto aos bancos. Ena a Diana só pode ter muita grana para ter um apartamento nesta zona da cidade... Caminho pela rua abaixo em direcção ao metro.

Pego no telemóvel, tenho 2 sms e uma chamada perdida, a chamada da minha mãe, duas sms da Danny:

04:12 - "Mana a Rita tá cá!"

05:40 - "Caralho, olha vou para casa suponho que estejas no mel ne? Obrigada grande amiga..."

Oh fuck... Ligo-lhe, toca bastante tempo até que atende.

- Han?...- ouço a sua voz rouca.
- Sim maluca, que se passou?
- Fala baixo oh! - diz e eu imagino-a com grande ressaca - Que horas são? Tas a me acordar de madrugada...
- Danny é 1 da tarde...
- Precisamente... - responde como que sem paciência...
Eu rio - Que aconteceu a noite passada?
- Arg... Tinhas mesmo que perguntar? - diz enquanto ouço um barulho de vidro a bater, como que garrafas ou assim - Ah merda - exclama.
- Danny que se passou? A Rita apareceu? Mas falaram?
- Ela estava com um gajo e levou a me provocar, puta de merda... - diz lentamente.
- Oh esquece isso, não ligues, não vale a pena...
- Isso é fácil falar não foste tu que levas-te com os pés... - grita.
- Ei calma...
A Rita é a ex da Danny, acontece que namoraram durante 3 fucking anos e à 1 mês atrás a Rita lembrou-se que afinal gostava era de homens... sim a Danny ficou bastante mal ao chegar a casa e encontrar um bilhete em cima da cama onde basicamente ela pedia desculpas, que a amava mas que não aguentava mais viver uma mentira... Também todas as coisas dela tinham desaparecido...
Tentaram falar mas as coisas não deram lá grande resultado, a Danny acabou por esmurrar o gajo com quem a Rita "redescobriu" o seu interesse por homens, que na verdade era o seu patrão...
Desde então a Danny virou louca, tanto desespera pela ex, tanto lhe cuspe na cara, tanto a ama como odeia... e quando lhe aparece na frente... não quero nem pensar no que vai na sua cabeça mas... sei que não está nada bem. Uma noite obrigou-me a ter que fingir que namorava-mos para tentar fazer ciúmes... noutra furou-lhe os pneus do carro e escreveu no vidro com tinta de spray "Querias pila? Não te chegava o braço todo?"... pois...

- Danny olha tens que passar à frente, virar a página... - digo novamente a lengalenga que já foi dita 10862 vezes.
- Aí Pet por amor da santa... não venhas outra vez... - Diz e eu a imagino revirando os olhos.
- Olha e a gaja que te vi agarrada ontem? - Pergunto na esperança que tenha encontrado alguém que realmente a possa fazer bem.
Ela bufa do outro lado da linha.
- Não vale a pena começar sequer... esquece... então e tu?
Eu rio-me.
- Pois que queres saber?
- Olha quero saber de que cor era o pijama como é óbvio! - diz ironicamente - ah não espera e os lençóis eram de linho?
- Para... sim fomos para a cama...
- E? Só isso?
- E não me lembro de muita coisa... só acordei hoje de manhã a tresandar a sexo e com o noivo dela à porta.

Um senhor que passava na rua neste momento olha para mim... Eu reviro os olhos... Ah sociedade portuguesa sempre tão conservadora... esquecem-se que dentro de paredes são tudo menos conservadores...

- O quê! - ela ri-se alto - Aí não posso olha vem para casa e falamos melhor yha?
- Tá... até já...
- Txau pussy - Desliga.

Desço as escadas do metro, está bastante movimento então aproveito para passar nas cancelas atrás de um senhor, hoje em dia o bilhete está caro. Ninguém dá por nada. Sigo e mesmo quando alcanço a plataforma o metro chega, entro e sento-me num banco. Noto que também entra um grupo de jovens, talvez entre os 17 a 20 anos? Não que eu seja muito venha, tenho apenas 22 anos mas... Por vezes quando me deparo com certos jovens sinto que estou a lidar com a mesma mentalidade que a minha irmã de 6 anos., talvez a minha irmã até seja mais madura que alguns...

O grupo está a fazer grande alarido, música alta, falam e riem sem se importar. O meu olhar prende-se num rapaz que está com o braço apoiado numa rapariga, ela não se mostra lá muito confortável com isso e tira várias vezes o braço de cima dos seus ombros. O rapaz parece não se incomodar, volta a insistir e a meter a mão na perna enquanto ela rejeita novamente.

Apenas ela, só ela...Onde histórias criam vida. Descubra agora