Capítulo 19

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O carro derrapa na curva da estrada, os pneus guincham por causa da velocidade. Mais à frente faz uma travagem bruta e imediatamente os quatro agentes policiais saem do carro se posicionando em segurança, manobrando nas suas mãos uma pequena arma de fogo.
- Preparar para avançar - Diz a comandante fazendo um gesto para dois dos seus agentes.

Os homens avançam pé ante pé até à casa que está na frente deles, cautelosos como se o chão estivesse minado, alcançam a porta da moradia.

- Daqui é da polícia, abra a porta ou entraremos à força! - Grita um dos homens. Eles aguardam resposta, mas ninguém fala de dentro da casa, entretanto o resto da patrulha se junta na entrada.
- Temos um mandato de busca ao senhor Nuno Ribeiro! Ou abre a porta agora ou entraremos à força! - A senhora comandante grita. Como não tem resposta faz sinal para o seu colega, este sem mais demoras derruba a porta num só pontapé.

Os agentes entram na casa, dois deles seguem até aos quartos enquanto que outro até à cozinha, a comandante permanece na sala.
A casa está vazia, aparenta ter sido abandonada à bastante tempo, não existe vestígios de ter havido movimentações na noite anterior...
- Tudo limpo - Responde um dos homens.

- E a criança? - A agente pergunta.
- Nada senhora, os quartos estão vazios... apenas tem a mobília, nada de roupas nos armários...
- E também não há comida... - O agente que tinha seguido até à cozinha se junta aos seus colegas.

A comandante serra o lábio, engole em seco e então pega no telemóvel, disca um número e aguarda.
- Senhor Campbell, chegámos tarde demais...**

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Me mexo na cama, tenho a boca seca e uma sede tremenda... Que horas são? Como vim aqui parar? Não me lembro de ter vindo para casa muito menos de ter cá chegado... Alcanço o telemóvel, 12:40H é o que marca o visor. Merda estou atrasada para o trabalho...
Sento-me devagar na cama, noto que tem um balde ao lado da cama, deve ter sido a Danny.
Na mesa de cabeceira está um bilhete, pego no pequeno papel e vejo uma caligrafia linda que desconhecia até ao momento...
"Bom dia, espero que estejas melhor... Vi que estavas a descansar por isso não te acordei, fui para a loja com boleia do Jake. Até logo, Luna".

Fico a olhar para aquilo... Ao que parece já lhe passou o amuo de ontem... Volto a ler o "espero que estejas melhor"... se ela se estava a referir à minha ressaca, então não, não estou melhor, se estava a referir ao meu sentimento de ódio por mim mesma devido à minha imaturidade... O caso piora ainda mais.

Decido me levantar, olho-me ao espelho. Tenho uma camisola que é o dobro do meu tamanho vestida e uns calções que normalmente uso para ir à praia. Não me admirava se tivesse sido a Danny a escolher o outfit, pois ela é muito desleixada nessas coisas, mais do que eu...

Tenho a cabeça pesada, oh god parece vou cair para trás e esbarrar-me no chão. Sigo até à cozinha, é uma enorme batalha tentar pensar direito, preciso de água! Pego num copo mas por acidente, ou por estar a me mover basicamente em câmara lenta, derrubo-o e numa tentativa vã não o consigo apanhar. Este como seria de esperar cai no chão e parte-se em mil bocados.

- Porquê! Merda pah! - Grito frustrada brandindo aos céus que esta ressaca passe rápido.

Tento ter o máximo cuidado para não pisar os cacos de vidro que estão espalhados, porém mesmo quando estou no fim do caminho quase a chegar à sala sinto algo espetar na palma do pé.

- Ahhhh! - Grito. Sigo ao pé coxinho até à casa de banho. Confirma-se, tenho um pequeno pedaço de vidro enfiado no pé, procuro tirar com cuidado, o pequeno fragmento facilmente saí mas mesmo que minúsculo faz com que sangue comece a escorrer...
Foda-se! Meto o pé na banheira, abro a torneira e imediatamente a água lava o sangue, sinto um alívio pelo frio da água fazer com que baixe a dor.

Apenas ela, só ela...Onde histórias criam vida. Descubra agora