** Luna mete a chave na fechadura da porta. Está entusiasmada por contar ao Nuno as novidades.
- Cheguei! - Exclama metendo as chaves da mesa de entrada. As janelas da sala estão semi-abertas, deixando raios de sol de fim de tarde atravessar o ar, sentado no sofá está Nuno com um bebé no colo aconchegado num cobertor, enquanto isso fuma tranquilamente, com os pés em cima da mesa e com a tv ligada mas sem som. Luna corre para o pequeno e rapidamente o envolve nos braços.
- NUNO! Já te pedi que não fumes ao pé do Mateus! - Diz indignada por permitir que o seu filho esteja a ser fumador já tão novo.
- Onde estiveste? - Ele pergunta nem ligando para o que ela acaba de dizer.
Luna olha para o pequeno que dorme tranquilamente, afaga-o e só depois olha para o namorado.
- Por aí - Responde.
Nuno alcança o cinzeiro, dá uma última travada no cigarro que de seguida apaga. Volta a se acomodar no sofá e solta um riso sarcástico.
- Achas normal ter que ficar o meu dia de folga inteiro, em casa a tomar conta do teu filho?
- Ele também é teu filho! - Responde imediatamente, mas arrepende-se logo no minuto a seguir. O rosto de Nuno está completamente fechado, Luna sabia que ele estaria zangado quando ela chegasse a casa mas...
- Ouve bem Luna - Ele se levanta do sofá e vai até ela - Eu sou o homem que se mata a trabalhar por ti entendes? Por ele - Aponta para o pequeno Mateus - E como me retribuis? - Faz a pergunta levantando os braços, Luna já reconhece aquele seu tom de voz - Assim, passeando por aí abandonando o teu filho em casa a passar fome! - Ele diz com repugnância.
- Isso não é verdade! - Diz Luna, Nuno solta uma gargalhada - Eu estive a tratar de coisas importantes Nuno! Quer acredites quer não!
O jovem com uma tatuagem no braço, alto, moreno, bem constituído, que outrora era simpático e meigo, olha para ela e retribui com o sorriso forçado.
- Tipo o quê? - Pergunta arrogante.
Luna suspira, sabe que ele nunca foi a favor mas aqui vai.
- Arranjei um emprego.
Aquelas palavras, é como uma bomba para Nuno.
- Tu o quê? - Ele serra os olhos e os punhos.
Nuno sempre viveu com a mãe, nunca conheceu o pai porque o abandonou quando ainda estava na barriga da sua mãe. Cresceu vendo as dificuldades de uma mãe solteira para cuidar dele, sem mais ninguém no mundo Nuno revelou-se um homem muito protetor para com os que ama. Quando Luna ficou grávida ambos abandonaram os estudos, Nuno é apenas 1 ano mais velho que Luna, tem 20. Então encarando a tarefa de ter que ser pai, marido e o único filho que pode cuidar da mãe doente, arrumou um trabalho na construção civil, com a condição que Luna ficaria em casa cuidando do bebé e da sogra.- Luna - Nuno tenta falar devagar, mas a raiva continua presente na sua voz - Tu sabes que a minha mãe não consegue cuidar do Mateus, já tivemos esta conversa antes...
- Mas...
- NÃO! - Nuno grita - Eu sou o homem desta casa! Eu é que sei!
O pequeno Mateus acorda exaltado com os berros do pai, Luna tenta acalma-lo no seu colo.
- Fala baixo! Não vés que estás a assustar o menino? - Diz embalando o pequeno que chora aos soluços.
- E que trabalho era esse já agora? - Pergunta Nuno se sentando no sofá, colocando os cotovelos nos joelhos e apoiando o queixo nas mãos.
- Numa loja de roupa - Responde Luna firme.
- E como conseguiste isso?
Luna engole em seco, sabe se contar que esteve com a mulher que lhe fez frente no metro vai se passar por isso inventa - Vi o anúncio e decidi ligar para o número, falei com a patroa e eles aceitaram, simples.
Nuno acena com a cabeça.
- Muito bem, mas não vai acontecer - Responde sorrindo para a namorada.
- Oh Nuno - Luna aproxima-se, o pequeno Mateus está mais calmo, xuxa no seu dedo pequeno. Luna senta-se também - Nós presisamos de dinheiro, a reforma da tua mãe não dá para nada e só o teu dinheiro mal chega para tudo, tu sabes o quão dificíl é, sabes como é quando vamos no supermercado e mal temos dinheiro para as fraldas do menino!
Nuno inspira profundamente.- Quando começas? - Ele pergunta ríspido.
- Ficaram de me ligar... - Responde Luna.
- Está bem - Ele consente - Mas com a condição de ser em part-time, a minha mãe não pode ficar muito tempo com ele - Nuno faz um carinho na bochecha gordinha de Mateus - Vais ter que estar em casa antes de eu chegar do trabalho, alguém tem que fazer o jantar... - Nuno levanta-se e pega no maço de tabaco e nas chaves.
Luna suspira e fica aliviada por uns momentos, está radiante mas tenta não demonstrar para o Nuno. Este vai até à porta.
- Onde vais? - Pergunta Luna vendo o seu namorado pronto pra sair.
- Ter com a malta - Responde secamente - Ah e livra-te de me fazer passar por uma vergonha daquelas novamente - Diz serrando o maxilar no fim, depois sai e bate a porta com força.
Luna sabe perfeitamente ao que se refere... Ao episódio de manhã no metro.Por favor não se esqueça de deixar o seu voto e comentar. Isso me dará motivação para continuar ;)
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Apenas ela, só ela...
RomancePetra é uma garota mazona, que pensa que tem o controle sobre tudo, mas um dia conhece Luna... Ela não é como as outras... É diferente, especial? "Apenas ela, só ela..." é um romance lésbico totalmente fictício, uma históri...