Luto

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    Chego na casa do Henrique e me lembro que preciso terminar de escrever um relatório em defesa de um cliente, que preciso apresentar em uma audiência. Eu estou simplesmente desaminada pra fazer qualquer coisa. Estou desanimada para viver.
    Henrique está tomando banho. Eu sento no sofá e espero ele sair do banheiro para contar sobre a conversa que eu tive com Raquel. Ele sai do banho emrolado em uma toalha e diz:
    -Lauryn, pensei que você estivesse na casa da Raquel...
    -Estava, mas nossa conversa não foi a melhor. Ela me disse uma coisa que me fez pensar...
    -O que ela te disse?- ele pergunta.
    -Se vista e eu te conto.
    Ele veste uma camisa azul-claro, uma calça jeans e um tênis branco, ele arruma o cabelo castanho cacheado e pega a chave. Nós vamos a um parque e eu conto a ele o que Raquel me disse, e quando termino, ele diz:
    -Lauryn, isso é uma besteira!
    -Não, Henrique, isso faz todo o sentido! Pensa, alguém que não gosta da minha família,  contrataria esse homem que veio e matou todo mundo! É simples!
    -Lauryn, quem faria isso?
    -Eu não sei, mas uma hora ou outra ele irá aparecer. Afinal, ele esqueceu de matar eu e Raquel. Se ele foi mesmo contratado, ele irá voltar.
      Mais tarde, eu pego as minhas coisas da casa de meus pais e trago para o meu apartamento. Não consigo passar nem mais um dia naquela casa. Meu apartamento já tem os móveis, só faltava as minhas coisas. Eu e Raquel decidimos por a casa à venda, e decidimos que os corpos seram cremados. Eu durmo no meu apartamento com Henrique.
     No dia seguinte, eu acordo cedo para uma audiência. Quando volto, eu e Raquel jogamos as cinzas da minha família em um lago do parque central. Eu e Raquel passamos o dia juntas. Almoçamos juntas, jantamos juntas e eu volto pra casa lá pra 00:47. Quando chego em casa, Henrique está dormindo no sofá. Parece que ele tentou me esperar, mas o sono o pegou. Eu acordo ele e nós vamos dormir na cama.
     Quando acordo, vejo que tem 4 ligações perdidas no celular de Henrique de um tal de "macaco". Estranho, Henrique não gosta muito de apelidos. Ele acorda e eu pergunto:
    -Amor, quem é macaco?
     Ele fica meio vermelho e diz:
   -N-ninguém! É só um p-primo meu!
    -Por que você está gaguejando?
    -Por nada...
    -Hum, ok.
    Passa o dia e eu não tenho exatamente nada para fazer na minha folga. Aquelas cenas de tiroteio não sai da minha cabeça. E lembrar disso faz me cabeça girar. Quem contrataria alguém para matar minha família?  É a pergunta que não sai da minha cabeça. Eu sei que a polícia já está investigando o caso, mas meu sangue ferve quando penso que essa pessoa está aí solta pelas ruas e ninguém faz nada! Isso é revoltante! Eu não me sinto segura em lugar nenhum. Sinto que a qualquer momento virá alguém e me assassinará. Henrique disse que esse condomínio tem guardas bem treinados que irão me proteger. Mas tinha guardas e seguranças na casa dos meus pais, e aquele cara driblou eles todos! Eu já estou sabendo que o "enviado" para matar minha família morreu no tiroteio, mas de onde saiu esse, sai mais. Até eu, Raquel e Henrique estarmos mortos, virá mais. Eu só queria saber por que eles não me mataram, nem a Raquel. Por que nós duas fomos poupadas? Por que essa pessoa que mandou matar minha família, não nos matou quando teve oportunidade? E por quê? Por que todas essas mortes? Rivalidade? Bom, seja quem for e o porque matou, eu sei de uma coisa: EU O ODEIO MAIS QUE TUDO!
   
   

Minha Doce VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora