Capítulo 4: Abacaxi (Parte II)

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12 de fevereiro de 2012

Abro os olhos devagar, piscando várias vezes para me acostumar com a luz que invade o quarto. Olho em volta e não reconheço onde estou, muito menos me recordo da noite passada. Encosto minha cabeça no travesseiro duro, fecho os olhos e as memórias da noite anterior resolvem aparecer.
Me lembro do jantar, me lembro de ter ficado sem ar, me lembro de ter DESMAIADO.

Droga, por que será que eu desmaiei?

Percebo que estou num hospital.

Mas com quem eu vim? Será que alguém está me acompanhando? Como eu vou voltar? 

Sou tirada dos meus pensamentos, quando alguém bate na porta:

Os olhos de James encontram os meus, o que o faz abrir um grande sorriso  

- Finalmente você acordou, eu  já estava ficando preocupado! - ele diz, enquanto se senta ao meu lado

- Cadê os outros? - pergunto, me sentando com os costas apoiadas na parede. Meu corpo todo dói

- Eles voltaram ontem bem tarde para avisar o porquê da nossa falta nas aulas hoje - diz um pouco mais perto de mim

- Hum...quanto a você? - ele abaixa a cabeça - Você passou a noite inteira aqui? - digo preocupada

- Eu...não queria deixar você - ele levanta a cabeça e ri. Eu rio

Ele é tão doce, tão meigo...

- Aí! - saiu como um sussurro inaudível, ponho a mão no peito e aperto os olhos. Ainda é difícil respirar

- VOCÊ TÁ BEM? - ele grita num tom de alarme tão grande que me faz rir. 

- Por que tá rindo?- diz sério

- Por que você fala como se... como se eu tivesse morrendo - falo e ele solta uma gargalhada. - Não se preocupe... é só que... - dou um longo suspiro - ainda é difícil respirar!

- Desculpa, é que você me assustou ontem - ele passa a mão pela nuca - Falando nisso, o médico disse que foi uma reação alérgica... você sabe com o que foi?  - ele cruza os braços

- Não... eu não tenho alergia a salmão, nem salada -  A salada - Se lembra o que tinha na salada?

- Rúcula, tomate, alface roxa, azeitonas pretas, abacaxi...

- Espera aí, eu sempre comi essas coisas e nunca me fizeram mal, exceto abacaxi, se um dia eu comi abacaxi, eu era muito nova, então só pode ser isso. - digo com uma mão no queixo

É mesmo, Sherlock?

- Você podia ter me dado o abacaxi. Eu amo abacaxi - ele diz rindo

Eu abaixo os meus olhos e sorrio comigo mesma

- O que foi? - pergunta

- Nada... é que...é uma das primeiras coisas que eu sei sobre você! - olho para ele

- E que você tem alergia a abacaxi, é uma das primeiras coisas que sei sobre você - ele diz.

Cartas Para Meu Futuro EuOnde histórias criam vida. Descubra agora