Prólogo

3.5K 188 6
                                    

Froncks's

Às vezes deixar o passado no passado é mais complicado do se pensa. Mas hoje eu estou recomeçando tudo do zero, quero uma vida nova repleta de pessoas novas e de coisas novas. Tanto que hoje estou me despedindo da cidade que me acolheu desde quando nasci para ir encontrar meu caminho em uma cidade desconhecida e cheia de estranhos, mas quando se quer mudar tem que deixar a comodidade para trás e seguir em frente não importando quantos tombos levará para alcançar.

Peguei a última mala que estava em frente à porta e a levei para o porta-malas do meu carro, fechei-o e por alguns segundos parei para analisar o lugar que eu estava dizendo adeus, e aquele seria definitivo. Foram bons os momentos que vivi aqui, apesar de todos os maus que ainda me perseguem, parei de olhar a fachada da casa quando senti meus olhos se encherem de lágrimas. Eu não iria chorar, não mais! Rapidamente dei a volta no carro e sentei ao volante, respirei fundo e liguei o rádio, afinal seriam exaustivas horas de viagem, mas que creio eu valeria muito a pena. Ou assim eu espero.

Após horas de viagem e uma parada para esticar as pernas, comer algo e esvaziar a bexiga, aqui estou, na minha mais nova amada cidade que há de me acolher e me fazer esquecer o meu passado conturbado.

Um suspiro escapou da minha garganta ao sentir aquele cheiro maravilhoso da água salgada do mar, estacionei perto da praia e corri entre os carros rumo a aquele lugar paradisíaco. Tirei meu tênis pegando-os na mão e assim que senti o contato dos meus pés com a areia jurei que estava sonhando, mas não, era tudo verdade. Parecia que eu estava em um daqueles filmes estrangeiros onde a adolescente se muda para outra cidade, onde não tem ninguém nem amigos, nem família... tudo estava longe dela e ela sai para espairecer, mas a diferença é que ela não tem o meu passado e não viveu o que eu vivi.

Mas eu não sou um personagem de filme, eu sou uma pessoa de carne e osso tentando seguir em frente. E agora era hora de achar algum lugar para morar e chamar de casa. Sentei-me em um banquinho ali próximo e bati a areia dos meus pés com as mãos, calcei meu tênis e me levantei admirando pela última vez o mar naquele dia. Respirei profundamente abaixei a cabeça e fiz a volta no banco caminhando para onde o meu carro estava estacionado, até que alguém se chocou brutalmente contra mim, me fazendo cambalear, mas não cair.

Ergui meu olhar para o desajeitado que atravessara meu caminho, deparando-me com um par de olhos castanhos misteriosos e apaixonantes que fizeram todos os pelos do meu corpo se arrepiar. Por um momento nossos olhares se encontraram, mas foi questão de segundos e ele logo os quebrou.

- Desculpe... – falou o homem em uma voz arrastada recuperando o folego, assenti com a cabeça e ele logo desviou de mim voltando a correr outra vez. E eu voltei a caminhar com a cabeça inclinada em sua direção observando cada detalhe daquele homem intrigante que vestia um calção e um moletom, e por incrível que pareça ele estava incrivelmente sexy, ainda mais com aquelas gotas se suor escorrendo em sua face.

Chacoalhei a cabeça e com muito custo afastei tais pensamentos da minha mente, entrei no carro e segui para o endereço anotado em um papel. Assim que cheguei ao tal, sai do carro e visualizei com melhor precisão o prédio a minha frente, atravessei a rua e dirigi-me ao porteiro.

- Há algum apartamento para alugar senhor? – indaguei ao homem a minha frente.

- Sim, a senhorita gostaria de vê-los? – assenti em um maneio de cabeça e então ele destrancou o portão e logo em seguida me mostrou o apartamento vago, e assim que o vi tive a certeza que aquele espaço era o que eu chamaria de lar a partir daquele instante.

Passado Contra FuturoOnde histórias criam vida. Descubra agora