ME LARGA!!!

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- Ei raio de luz, como está o pulso?

- Está ótimo Joe, Justin rabiscou tudo.

- Percebi.

Gargalhou, não sei de onde ele tirou esse apelido, parece que todos aqui gostam de apelidos, mas o que eu mais amo é o que Justin me deu.

Joe mexe em algum tipo de bebida verde em um copo estranho, porém com um cheiro maravilhoso, é kiwi, eu amo kiwi, mas não vou pedir a ele, com certeza Joe irá jogar na minha cara minha idade. Estamos em seu bar praticamente o dia todo, Justin veio desmontar uma moto bonita, ele disse que precisava vender as peças, nada que me interessasse, enquanto eu me encontro sentada em um dos banquinhos do enorme balcão, é a segunda vez que venho aqui, é um bom lugar, conheci pessoas legais, apenas uma garota morena que me olha de um modo esquisito, porém não afeta em nada, é meio bobo, sinto falta dessas coisas bobas.

Desvio minha atenção das cartas e  vejo Justin jogando sinuca com um cara loiro e alto, parecem amigos, o ver assim é ótimo, Justin não parece ter muitos amigos, o único que sei é Joe.

- Se divertindo com as cartas aí?

- Não sei jogar cartas Joe, me divirto fazendo casinhas com elas.

A gargalhada que ele solta é alta, ao ponto de me assustar, mas não deixo de sorrir junto.

- Você parece uma criança.

- Isso não é verdade.

- Certo, vou entregar essa bebida e volto.

Concordo e continuo brincando com as cartas, não é um jogo que me interesse, então nunca aprendi a jogar, pelo menos minhas casinhas estão de pé e certinhas, porém um sopro faz as mesmas caírem instantâneamente.

- Droga, Joe!! Não estraga minha vila!

- Meu Deus raio de luz, até mesmo Claire sabe jogar cartas.

Cerro meus olhos confusa, não tenho idéia de quem é essa garota.

- Quem?

- A garota preferida do Justin, tenho certeza que vai conhecê-la.

- Ah.

Volto a colocar carta sobre carta enquanto Joe vai servir cerveja a um grupo de homens enormes do lado de fora, não posso mentir e dizer que isso não me incomodou, porquê incomodou e não foi pouco, eu tenho consciência de que não sou nada aqui, não sou nada de Justin, apenas um encosto com um passado fodido e pesadelos horríveis que chegou em sua casa, talvez eu esteja sendo idiota, Ryle vai me encontrar de qualquer maneira, apenas estou adiando meu sofrimento, pensar sobre isso me deixa triste, não é possível que eu tenha nascido somente para sofrer. Solto um suspiro profundo e olho para o teto tentando não chorar, não quero mais chorar, junto todas as cartas e as deixo arrumadas uma em cima da outra no balcão, me levanto e vou até os fundos onde Mingau está, em seguida me sento ao seu lado.

- Oi menino.

Sussurro acariciando seus pêlos branquinhos, ele caminha de maneira fofa até subir em minhas coxas e deitar a cabeça em meu busto coberto por uma camiseta branca de Justin.

- Você vem comigo quando fomos embora não é? Deixo você fazer companhia para mim e minha mãe, prometo que você vai ter uma cama bem confortável, um brinquedo preferido que não seja uma caixa de leite velha ou o tênis do Justin, minha mãe vai querer mudar o seu nome, mas eu não vou deixar tudo bem, não se preocupa.

Eu tenho consciência de que Mingau não vai me responder, mas ele parece me entender, seu olhar atento e fofo me faz chorar, não sei bem o motivo, apenas faço, mesmo quando eu disse que não faria. O barulho da porta se abrindo me assusta fazendo Mingau se assustar também, latindo como um doido, Joe entra e faz um gesto com a cabeça, indicando o bar, deixo o cachorrinho no chão e corro de volta ao estabelecimento cheio.

Take My Hand [Jelena] Onde histórias criam vida. Descubra agora