Me Deixa Fazer O Mesmo Por Você?

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Eu acordo sentindo minha cabeça latejar de dor, olho para o relógio na parede e o mesmo marca quatro horas da tarde, talvez Charlotte já esteja no complexo, ela me disse o que faria quando estava amanhecendo, mas era perigoso, além de Ryle suspeitar dela, os meninos poderiam a matar quando pisasse dentro do clube, porém ela também me disse que era o risco que estava disposta a cometer, por mim e por ela.

Viro minha cabeça quando a porta é aberta, Ryle caminha em minha direção sorrindo, enquanto segura uma faca e deslizando seus dedos pela lâmina da mesma, estaria mentindo se dissesse que não estou com medo, ou desesperada por dentro. Meu corpo se contorce involuntariamente pelo medo que sinto, ele não vai parar, não até me ter morta nesse quarto.

- Oh, ela desamarrou você, isso é ruim, mas eu a desculpo, estavam horríveis.

Seu tom de voz é tão sarcástico e sombrio, eu queria ter forças para pegar aquela faca e o machucar de algum modo.

- Fica longe de mim Ryle, por favor me deixa respirar.

- Respirar? Você pode respirar a vontade por enquanto Selena, vim aqui porque tenho uma surpresa para você.

Nego com a cabeça me sentando devagar na cama, ele é maluco, mas realmente me surpreendo quando meu pai entra naquele quarto, eu o encaro sentindo vontade de chorar, por dias eu pedi socorro a ele somente com os ​meus olhos, ele nunca me ajudou, somente fingia que eu estava bem enquanto ganhava seu dinheiro sujo que alimentava seu ego e bolso.

- Fofo não é? O papai veio ver você, vou deixar vocês conversarem e esperar a pequena Charlotte.

Desvio meu olhar do dele e encaro a janela trancada, eu quero que ele suma, que evapore da minha vida outra vez.

- Filh...

- Não! Para, não me chama assim porquê eu não sou nada sua, Ricardo.

- Eu sinto muito Selena, olha para mim.

- Não sente coisa nenhuma, papai.

Murmuro voltando a olhar para ele, eu não poderia ser mais irônica, eu o vejo abaixar a cabeça e suspirar, esse é o meu momento de dizer tudo que está entalado na garganta desde o momento que minha mãe desabafou, meses atrás.

- Sabe porquê está aqui? Porquê Ryle não tinha mais a garotinha que pudesse brincar, ele perdeu a parte do acordo nojento de vocês então quebrou a palavra, ele parou de te fornecer mais dinheiro e sumiu, você não tinha nada além do documento do divórcio nas suas costas, você não tinha mais a mulher que amava ou dizia amar e muito menos a filha que não se importava, tudo que você fez foi por dinheiro, você não via como eu me sentia? Eu sou sua filha, e você não se importava do seu sócio estar acabando com a minha alma? Você se importou quando a minha mãe deixou você? Você me procurou como ela? Deixa que eu mesma respondo minhas perguntas, NÃO!!! Você não via, você não se importava e não se importou, muito menos me procurou, então eu realmente não sei o que está fazendo aqui, não sei o que espera que eu faça.

Por incrível que pareça dizer isso me trouxe um pouco de alívio, e por mais incrível que pareça meu pai chora na minha frente, é muito fácil chorar quando o leite já está derramado. Eu deixo que as lágrimas acumuladas caiam dos meus olhos, eu queria que tudo fosse diferente, mas não é e eu não posso fugir disso.

- Selena, por favor filha, me perdoa?!

- Vai embora Ricardo, você nunca esteve lá para me ajudar, não precisa fazer agora.

- Filha...

- Some da minha frente.

Ele faz ​o que eu peço, mesmo hesitando faz, não o quero perto de mim, meu pai e nada é o mesmo, lágrimas continuam descendo pelo canto dos meus olhos, sinto meu peito apertar mas sei que vai passar, estico minhas pernas doloridas e soluço baixinho, escutando a porta abrir novamente.

Take My Hand [Jelena] Onde histórias criam vida. Descubra agora