Ana Rita ou só Ana, como prefere, é uma jovem bela, determinada, e acostumada a lidar com o lado mais cruel do ser humano, apesar disso se mantem forte e bem humorada. Ana é uma consultora econômica que, junto com seus colegas de trabalho e de apart...
Da janela da minha sala eu vi uma criança correndo sozinha na calçada. Uma criança linda, com um lacinho de fita no cabelo, tal qual eu usava quando era pequena. Me chamou atenção pois era tão pequenininha, correndo meio desajeitada como se tivesse aprendido a correr há pouco tempo ~Cadê a mãe?~ me pergunto, para logo ver uma mulher jovem, cheia de sacolas, avançar correndo pela calçada agarrando a menininha que se debatia gargalhando e pedindo com os bracinhos esticados- carro, mamãe! deixa!
Me permiti sorrir ao observar aquela cena inusitada em meio a uma manhã tão conturbada. A rua da Sede do Ministério Público Estadual era uma das mais movimentadas do centro da cidade e naquele dia não estava diferente. Muitos carros, motos, pessoas a pé andando rápido, a mesma correria de sempre. E eu continuava ali, imóvel, apenas observando, como se meu mundo tivesse parado enquanto o de todo mundo continuava girando.
Escuto um leve bater na porta, mas não me viro. Seu cheiro chegara muito antes dele entrar no corredor de acesso à minha sala. Entra sem fazer barulho, me abraçando por trás e inspirando profundamente minha nuca.
-É incrível o que seu cheiro é capaz de provocar em mim - Fala, ainda me abraçando.
-Cuidado, Dr, alguém pode nos dar um belo flagra - Digo me virando e retribuindo o carinho.
-Eu não me importo mais, não depois de tudo.
Sorrio. Sim, incrível era o que o cheiro dele podia fazer!
-E então? Pronta?
-Se eu estou pronta pra ir lá e enfrentar os leões? Eu já nasci pronta, meu bem!
-Assim que se fala! - diz enquanto acaricia meu rosto - Mas não posso deixar de admitir que estou curioso pra saber o que vocês apresentarão nessa reunião, o Mathias e o Fabio estão muitos sérios lá na sala.
-Logo você vai saber e entender.
-Se é assim então... Vou pra sala agora, não demore muito, ok!?
-Sim, capitão! -bato continência tentando parecer descontraída enquanto ele sorri fechando a porta.
É chegada a hora!
De todas as coisas ruins que já tive de enfrentar nessa vida uma eu definitivamente não tolero: que armem pra cima de mim. Com o tempo aprendi que muito estresse é evitado se você simplesmente não se importar, mas tem coisas que é impossível ignorar. Ainda mais quando me subestimam, ah! Aí sim não fica barato mesmo!
Eu só queria fazer o meu trabalho, será que é pedir demais? Talvez seja para alguém que, para começar, nem deveria estar aqui. Mas hoje vou mostrar que eu estou aqui, e pra ficar.
Caminho lentamente até minha mesa, recolho os documentos e meu laptop, alinho minha saia lápis, retoco meu batom. É chegada a hora. A temporada de caça aos leões acaba de começar!
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