Capítulo Onze

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    Em 14 de abril de 1967, o corpo da prostituta de dezesseis anos Katya Martova, que estava nua e mostrava sinais de tortura, foi encontrado em um parque deserto perto da Prefeitura de Leningovsk.

Katya Martova já havia se juntado a uma agência de chamada porque ela temia se expor nas ruas com um assassino em série à solta, mas, infelizmente, o assassino fez uma chamada para sua agência de um telefone público da Biblioteca Pública da cidade e através dessa chamada ela fora contratada.

Quando a polícia investigou o apartamento que ficava no endereço onde ela deveria ter ido encontraram-no vazio e revirado.

Em maio de 1967, alguém com as prováveis características do assassino começou uma relação com a prostituta Vládia Comanov e a polícia  passou a seguir seus passos constantemente.

Porém em poucos dias o que conseguiram descobrir foi que ela era lésbica e constantemente se encontrava com prostitutas próximo onde foram encontrados os corpos de Kristina Vercherko, estudante universitária e Mikhail Kovenk. Seguida pela polícia, ela foi presa por tentar estrangular uma mulher que ela tinha atraído para o local.

Mas logo foi solta porque a prostituta admitiu ter fetiches que incluíam sadismo. E três dias depois os corpos de Vládia Comanov e da prostituta Kiryna Ladesko, que era sua amante, foram encontrados nas mesmas condições dos outros, com o agravante que os seios e órgãos genitais das duas estavam destroçados por facadas incontáveis como se o assassino estivesse em um ataque de profunda histeria.

Os sonhos de Danlov ficavam a cada dia piores. Via-se perdido na estrada e sendo perseguido pelos homens barbudos, porém para piorar sua agonia, via agora que o homem sujo e fedido que o agarrava e rasgava suas entranhas era, na realidade, seu pai.

A fogueira estava acesa e dela seu pai tirava as cinzas que estavam embaixo das brasas incandescentes. Com sua faca enorme, cortava seus testículos e colocava junto com a grande quantidade de carne espalhada pelo chão.

Então seu pai abria um enorme saco e dele tirava o corpo decomposto de sua mãe e entre risos, passava a comer sua carne crua. A cabeça de sua mãe e de Ianovik jaziam ao lado do saco, com olhos de esbugalhados globos brancos.

Ivana foi acordada pelos gritos desesperados de Danlov. Num primeiro momento chegou a pensar que o assassino estaria ali em sua casa. Afinal, qualquer um poderia ser a próxima vitima. Encontrou-o tremendo de pavor e coberto de suor. Sentiu vontade de abraça-lo, porém o seu suor já exalava um terrível mau cheiro. Ele não conseguiu dizer uma só palavra inteligível.

Naquele dia ela voltou ao consultório do doutor Ivan e ele disse que os resultados para uma pessoa com esquizofrenia são muito difíceis de prever.

Na maior parte do tempo, os sintomas melhoram com medicamento. Entretanto e infelizmente esse não parecia ser o caso de Danlov. Algumas pessoas podem apresentar dificuldade funcional e correm o risco de apresentar episódios repetidos, principalmente durante os estágios iniciais da doença. Ele estava começando a se enquadrar como uma das pessoas com as formas mais graves da doença, que não possuíam a capacidade de viver sozinhas.

Os sintomas retornariam se a pessoa com esquizofrenia não tomasse a sua medicação. E Ivana tinha absoluta certeza que seu marido não tomava.

A vida sexual inexistente poderia ser resultado da doença, ela pensava por vezes, porém era muito estranho que ela e Danilov tivesse se casado quando ele tinha trinta e seis anos e pelo que ela havia andado se informando com algumas vizinhas do açougue, ele nunca tivesse se envolvido sequer com uma prostituta.

Agora, que ele praticamente nem falava, tornava-se muito mais difícil chegar a uma resposta. Havia quase esquecido a ideia de ser mãe, o sonho de ser professora de um filho, de ensinar a alguém seu o que ensinava aos filhos dos outros parecia a cada dia mais inatingível. Cuidar de seu marido tornara-se sua tarefa familiar.

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