- Eu estou te dizendo cara! Aquela menina não é normal!
- Só porque ela te ignorou? - zombou Noah em resposta - Te conheço há anos e, pelo que eu me lembre, essa sempre foi a sua experiência com as garotas.
- Idiota! - Ri.
- Dá uma chance para a menina Carter. Vocês acabaram de se conhecer! Você só está agindo assim porquê não a queria no seu quarto.Isso é verdade mas...
- Aposto que não passa de paranóia sua. - terminou.
- Paranóia!? Ela não fala!
Noah sempre esteve comigo. Para ser bem sincero, eu o conheço desde sempre já que nossas mães se conheceram na maternidade. Ele esteve ao meu lado quando levei o meu primeiro fora, quando perdi o primeiro concerto de piano, e até quando meu pai morreu. E agora, esse mesmo Noah não acreditava em mim.
- Tem algo que ela esconde Noah. - Falei por fim.
- E como você sabe? "Ela não fala" não é?
- Ela tem um olhar diferente... - falei quase num sussurro.
Sabia que seria zoado pelo resto da minha vida por dizer isso.
- "Um olhar"!? - Repetiu Noah já rindo - Foi mal Bro mas se não te conhecesse diria que está deixando de ser musicista para virar poeta.
Após alguns minutos rindo de mim, ele se acalmou e eu pude voltar para meu quarto. Ou melhor, "nosso" quarto.
Ao entrar, a vi sentada na cama com um caderno em mãos. Estava tão concentrada que sequer me percebeu ali. Quando ela ouviu o barulho dá porta se fechando, levou um susto.
- Eu... Não queria te assustar... - Falei.
E, novamente, fui ignorado.
Ainda não sei como couberam as coisas dela e as minhas aqui. Tudo bem que o quarto era relativamente grande mas, além das camas, tinha meu piano, a mesa de estudo o guarda-roupas e, agora, também tinha uma mesa de desenhista, uma prateleira a mais com materiais de papelaria e um cavalete com uma tela vazia.
Pelo menos não parecia tão apertado...
Tomei meu banho, vesti uma calça de moletom e me sentei de frente para o piano.
- Se importa se eu fizer um pouco de barulho? - perguntei.
Ela fez que não e, com outro movimento de cabeça, me incentivou a começar a tocar.
No piano era onde eu descarregada o que mais pesava dentro de mim. Quando meu pai morreu, passei tantas horas dentro do quarto tocando, que me aperfeiçoei o suficiente para entrar aqui.
Comecei com uma melodia suave de Chopin. Eu adorava cada uma das melodias de Chopin, sempre tão carregas de dor mas, mesmo assim, as mais belas de se ouvir.
Toquei a mesma melodia repetidas vezes quando, por fim me bateu o sono.
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Sem Palavras Me Conquistou
RomanceCarter mora em um dormitório coletivo feito especialmente para artistas de todos os tipos, sejam eles escritores, atores, cantores ou, no caso de Mia, desenhistas ou pintores. Mia é muito talentosa no que faz, suas telas e cadernos transmitem o que...