Serei Sua Musa... Ou Seria "Muso"?

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  - Esse aqui...? - comecei.
  Ela apenas fez que sim com a cabeça. Suas bochechas ficava cada vez mais vermelhas enquanto ela caminhava em minha direção para pegar a folha de minhas mãos.
  Eu ainda não acreditava que ela havia me desenhado. Muito menos daquela forma. Para ser bem sincero, quase não acreditava que a pessoa naquele desenho era eu. Quer dizer, o garoto do desenho possuía os mesmos olhos azuis e cabelos escuros, mas ele também possuía músculos e um corpo decente.
  - Sabe - falei contendo um sorriso - meu corpo não é bem assim.
  Mia levantou uma sombrancelha, como quem diz "Eu sei o que eu vi. Pare de mentir". Eu já ia protestar quando me lembrei que, de fato, em sua primeira noite aqui, eu havia ficado apenas de moletom na sua frente. Eu tinha tanto costume de dormir assim, que acabei por me acostumar.

  Foi minha vez de corar.

  - Você desenhou isso quando... - falei - Enquanto, eu tocava?
  Ela acentiu lentamente, como se esperasse que eu tivesse um ataque de raiva ou algo do gênero. E após alguns segundos de puro, e constrangedor, silêncio, Mia abriu a boca como se fosse dizer algo.

  E por alguns segundos eu acreditei.   

  Até que ela levantou um dedo, como se pedisse um segundo, e pegou um caderno e uma caneta no meio de suas coisas.
  Assim que terminou de escrever, virou o caderno para mim onde pude ler "Está bravo comigo?".
  - "Bravo"? - falei rindo - Céus, não! Apenas não sabia que... Que, bem...
  Eu não sabia bem como dizer, de uma maneira não muito constrangedora, que eu era bonito e não sabia. Afinal, até onde eu sei, ela pode ter colaborado um pouquinho para que eu não ficasse muito ruim.
  - Ficou ótimo. Mesmo.
  E mais uma vez, ela virou o caderno onde se encontrava: "Não iria ficar bravo se eu fizesse denovo?"
  - Denovo? - perguntei surpreso - Porque você iria querer me pintar denovo?
  Mia então, fechou o semblante e me empurrou até a porta de vidro que separava o quarto da varanda. Parou uns segundos para escrever novamente e: "Você é bonito Carter. E quando você toca, o piano ganha vida".

  Nossa. Quer dizer... Nossa.

  - Obrigado - falei.
  Ela me olhou por uns segundos e levantou uma sombrancelha.
  - Ah, sim. - Ri - Não me importo de que me use de "boneco de anatomia".
  Ela riu.
  - Só se certifique de que eu não perceba. - falei enquanto ela ainda ria - Ou eu vou ficar completamente sem-jeito e, acredite em mim, você não vai gostar de me desenhar assim.
  Ela riu, e foi pra sua cama sem "dizer" mais nada.

  Resolvi então fazer o mesmo, mas por mais que eu tentasse dormir, o sono fugia de mim. Virei de um lado para o outro na cama pelo que me pareceram horas até que ouvi um grito.

  Mia?

  Me levantei da cama abruptamente a fim de ver minha colega de quarto sentada em sua cama abraçando os joelhos e com o rosto já molhado de lágrimas.

  Num impulso, fui até ela.
 
  - Você está bem?

  "Você está bem"!? Jura Carter!? A garota acordou gritando no meio da noite e está chorando em posição fetal. Ela não está bem!
 
  - Quer dizer... Ahn...
  Eu nunca fui muito bom em lidar com o sofrimento alheio. Lágrimas são coisas pesadas demais, importantes demais. E quando lágrimas caem na frente de alguém, significa que estão tão pesadas, que nem os olhos mais fortes conseguiriam segurá-las.
  E também tem o fato de que eu não sou bem o tipo que sabe o que fazer em frente a uma garota. Muito menos em frente a uma garota em prantos.
 
  Me sentei ao seu lado.

  - Foi um pesadelo?
  Ela olhou pra mim com os olhos ainda vermelhos e concordou com a cabeça.
  Com cuidado, a abracei.
  - Calma... - falei com a voz mais branda possível - Foi só um sonho... Você está aqui, comigo...
  Ela enxugou os olhos e me olhou.
  - Está tudo bem... - falei.

  E então, para o meu alívio, Mia sorriu.
 

 

Sem Palavras Me ConquistouOnde histórias criam vida. Descubra agora