Capítulo 3: A felicidade dentro de um pequeno mundo

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 "A felicidade para muitos é real, para outros são apenas momentos, mas para mim ela não passa de uma ausência"
Ass: Uma Quase Suicida

Achei que seria um inferno morar nessa cidade, mas ao contrário este é o lugar onde ninguém tem medo de mim. A Marcelly está morando aqui. Eu sei, foi precipitado mais podemos nos dar muito bem afinal somos duas renegadas por motivos banais – eu por minha doença e ela pelo desejo sexual – que jamais vamos controlar, mesmo assim ainda tenho medo de confiar totalmente nela. Ela se mudou para cá na quinta-feira à noite. Na primeira noite tranquei a casa toda e guardei a chave embaixo do traveseiro.
  No sábado cedo me levantei pelo costume de fazer a fazer faxina. Eu e minha mãe sempre fazíamos isso todos os sábados, era o nosso momento juntas apesar de eu nunca gostar do serviço de casa esse era o nosso momento e agora eu tinha de fazer sem ela. A lembrança da minha antiga vida fez meus olhos arderem e apesar de segurá-la, uma lágrima insistiu em cair. Na verdade eu não sinto saudades daquela vida e sim das pessoas que nela estavam presentes.
  Resolvi enterrar por um tempo esses pensamentos focando no serviço. Aliás a casa ainda era totalmente desconhecida, eu só havia ido ao banheiro e ao quarto, não fazia a menor ideia de como eram os outros cômodos. A cozinha é bem espaçosa, tendo um fogão de seis bocas, uma geladeira gigantesca e mega recheada, um armário de parede feito em madeira sobre uma pia de mármore, um microondas e um balcão central que servia muito bem de mesa. Na parte externa havia um quintal pequeno só que muito bonito e arrumado e uma lavanderia coberta onde peguei os produtos de limpeza.
  Resolvi começar pela sala que além de não ser pequena me parecia a mais complicada. Nela havia um sofá cinza desses novos que são mais macios que uma cama e duas poltronas, um tapete felpudo, e a TV de umas quarenta e cinco polegadas no rack. O fato de ter tanta coisa estava me cansando antes de começar, resolvi sentar e pensar no que eu limparia primeiro. Mas também minha mãe caprichou nessa casa enorme para uma pessoa morar sozinha. Enquanto a preguiça me distraía, Marcelly acordou – estava na hora né? Eu acordei as sete para a limpeza e ela dormindo até as oito e meia. Que bonito! – e quando me viu pareceu se surpreender. Também quem acorda e vê uma garota abraçada a uma vassoura sentada no sofá?
  – Bom dia! Por que você não me acordou? - ela me olhou curiosa - Eu posso ajudar ou ficar de vela pro seu lance com a vassoura.
  Nem respondi. Peguei o pano e taquei nela, que riu com a reação inesperada.
  – Tá bom tem alguém estressadinha aqui. Mas pelo geito não faz a menor ideia de onde começar, acertei? - apenas a olhei com os olhos do gato do shrek - Vem vamos começar pelos quartos trazendo a sujeira de dentro pra fora.
  Confiável ou não eu ficaria totalmente perdida ali sem ela para me ajudar. O tempo que eu levava para limpar uma prateleira ela limpava o resto do quarto todo.
  – Desculpa o estresse de mais cedo. É que eu sempre fiz a faxina com minha mãe e... – senti um bolo se formando na garganta e não consegui continuar falando.
  Marcelly me supreendeu ao largar o rodo com que limpava o chão e me abraçou de maneira reconstrutora.
  – Vamos combinar assim: você só me conta o que quiser, sem pressão. - acabei dando uma leve recuada pois ninguém costuma me abraçar assim do nada.
  – É que eu me sinto mal sabendo que você se abriu comigo enquanto eu escondo certas coisas da minha vida.
  Era verdade. Ela me contou como a tratavam na escola, em casa e porquê. Ela morava com uma pessoa horrível feito eu e não sabia de nada. Achei que Marcelly iria começar a me interrogar, mas não, ela apenas me deu um levo soco no braço e saiu rindo empurrando aquele assunto para um canto qualquer. Em poucas horas havíamos terminado tudo, e eu preparava o almoço. Ao menos nós nos completávamos, eu uma chef de cozinha – tá nem tanto assim – e Marcelly uma faxineira incrível.
  – Onde aprendeu fazer limpeza desse jeito? - ninguém aprende a limpar tão bem assim sozinha.
  – Minha mãe trabalhava em uma escola quando eu era pequena então eu aprendi ajudando ela.
  Eu sei que ela não perguntou onde aprendi a cozinhar para não me pressionar, fiquei grata por isso, não queria falar sobre meu passado. Ficamos uns minutos em silêncio mas foram poucos.
  – Você tem alguma roupa sexy? Que não seja essas calças jeans e essas blusinhas de manga!
  – O quê? Como assim sexy?
  – Sei lá, tipo minissaia ou vestidinho. Vai me dizer que nunca vestiu uma roupa assim? Até eu já vesti esse tipo de roupa e olha eu fico muito bem. – Marcelly disse isso e fez uma pose dobrando o joelho e batendo no próprio bumbum.
  – Você é uma palhaça sabia! E não, eu não tenho esse tipo de roupa. Para que comprar algo que não uso? – a única que eu tinha foi comprada pela minha mãe para que eu usasse no meu primeiro encontro. O joguei fora tentando esquecer aquela noite.
  – Não creio. – sua cara de frustração era evidente – Mas espera, eu não joguei algumas das minhas antigas roupas fora. Dá licença um minuto!
  Assenti com a cabeça mesmo sem saber o que ela iria fazer. Em um gesto rápido, ela pulou da cadeira e começou a me medir com as mãos comparando consigo. Esperei sua resposta, mas ela simplesmente foi até seu quarto e trouxe uma caixa rosa cheia de borboletas.
  – São todas suas daqui pra frente. Se servir é claro! – seu sorriso esvaiu-se levemente dando lugar a uma espécie de saudade – Não tive coragem de dá-las para ninguém. Os tempos em que as usava foram definitivamente bons.
  – Mas se eram tão bons por que terminaram? – A pergunta pareceu entristecê-la, seus olhos emanavam uma dor intensa, que me fez se arrepender de ter perguntado. –  Desculpa foi sem querer.
  – Não importa. Além disso, terminaram porque eu jamais seria feliz completamente me escondendo, me prendendo daquela forma fútil. Mesmo sofrendo não me arrependo de ter mudado. Mas vamos almoçar e depois provamos tudo isso.
  Sorri feliz por ela ter levado na boa meu momento insensível. Ainda bem que passou depressa, mas também, ninguém resiste ao meu estrogonofe de frango com um arroz soltíssimo. Comi olhando aquela caixa linda, muito pequena aliás, não caberiam mais de três calcinhas lá dentro e a curiosidade me consumia. Terminei e após lavar toda a louça Marcelly me levou até seu quarto.
  – Me dá a caixa.
  Entreguei-a e quase morri de surpresa quando vi que lá dentro havia apenas uma chave em cima de uma almofada vermelha felpuda, foi um momento meio filme de vampiro aquilo mas preferi não fazer nenhum comentário pois não era hora para piadas.
  – Ao contrário de você que só tem camisetas, calças e poucos shorts – Era mentira! Eu também tenho uns três moletons – eu tinha milhares de roupa e ainda tenho.
  Ela pegou a chave e abriu as duas portas do guarda-roupas que ficavam fechados desde a mudança, quando ela disse que a sua única exigência era poder trazer seu próprio armário, eu quis bater nela por ter de tirar o armário gigantesco para ela colocar o dela. Caí sentada em sua cama ao ver roupas e mais roupas em cabides, gavetas e amontoados pela falta de espaço.
  – Eu doei a maioria, mas nunca consegui me desfazer dessas aqui. Mas sem enrolação, começa a provar.
  Foi a melhor e mais cansativa tarde da minha existência. Provei vestidos floridos, lisos, curtos, mini blusas, ciganinhas, jaquetas, saias de couro, jeans, seda e malha. Sem contar alguns sapatos que se perdiam em meio tudo aquilo. Quase todas me serviram, a cada peça que eu provava ela me explicava o porquê de não conseguir doar. Uma foi usada em seu primeiro beijo, outra na sua primeira viagem ou na sua mais incrível festa. Ali cada uma possuía um significado que eu jamais pensaria que se daria a uma peça de roupa.
  O melhor e mais emocionante de tudo é que Marcelly confiava suas memórias palpáveis a mim. Senti-me super honrada com sua atitude. Eram todas lindas e eu nunca havia tido interesse em ter roupas assim, na verdade tive interesse sim mas nunca tive lugares e coragem para usá-las, sempre preferi me esconder atrás de roupas discretas, e não sabia nem ao menos vestir parte delas. Em meio a tantas Marcelly me escolheu um vestido azul escuro super curto – mas curto mesmo! Me senti nua com tão pouco pano – com a barra arredondada, de mangas curtas e a marca da adidas estampada na frente dos seios.
  – Adidas, cara?
  – Eu era um pouco Maria-chuteira naquela época. – disse levantando os ombros fazendo cara de inocente – Cheguei a namorar um mas não deu certo, sabe eu não curto muito esse tipo.
  Ri de sua resposta. Mas ainda não havia perguntado o motivo das roupas especiais.
  – Para quê tudo isso?
  – Vamos sair, vou te levar no lugar mais badalado dessa cidade. E olha, oh lugarzinho pacato que sabe fazer festas boas! – Meu Deus, não! Tenho lutado durante toda a semana para fugir de grandes públicos, ficando na sala no recreio, vindo direto para casa sem parar em lugar nenhum e agora vai tudo por água abaixo indo para balada? Não.
  – Não posso ir. Se lembra que sou esquizofrênica? Então, não vou sair para surtar num lugar com um mundarel de gente.
  – Garota se liga! Não acredito que vai se esconder por causa disso. Nada pode parar uma pessoa a não ser seus medos. Vai deixar sua vida cada dia mais chata com medo de viver e ser julgada? Olha para mim. – Marcelly apontava para si mesma com um pouco de rancor – Fui julgada pelas pessoas que mais amava. Tratada feito lixo pelos mais próximos e pisoteada pelos desconhecidos, mas mesmo assim... – vi uma lágrima brotar em seus olhos – busco vencer meus pesadelos sem desistir.
  Aquilo me impressionou de maneira estrondosa, me fazendo refletir como nós só tínhamos uma a outra ali, em como aquela garota sarcástica era uma verdadeira muralha e quer saber? Não seria eu, sua primeira rachadura em dias tão felizes. Decidi ir.
  – Aonde vamos? – disse maliciosa.
  – Insane bar. Um dos melhores da cidade, mas antes deixa a linda aqui ir tomar banho. O terror das novinha não pode sair fedendo né? – ri descontroladamente de seu sorriso safado. Meu Deus quando ela sorri assim sinto uma espécie de calor ou algo do tipo brotar dentro de mim! Ei Luisa voltando a realidade por favor, obrigada. Denada.
  O lugar ficava bem na avenida, e sim era uma boate. Pequena comparada as da minha cidade, que eu só olhei do lado de fora. É a primeira vez que entro em um lugar assim depois dos dez anos de idade quando minha mãe me levou em uma premiação. Como defini-la? Com uma palavra, fantástica, é a maneira perfeita.
  Logo na entrada senti meu rosto queimar de vergonha ao ver o segurança da entrada pedindo as identidades dos que entravam, eu ainda sou menor de idade e só vou fazer dezessete em maio então estava longe dos dezoito mas não podia ser barada na primeira festa que ia na frente da cidade toda, ou pelo menos os da minha idade estavam todos ali. Me virei para Marcelly que com a expressão tranquila caminhava em direção à porta, segurei-a pelo braço, éramos da mesma turma então ela não poderia, nem aparentava, ser maior de idade.
  – Espera! – falei baixo para que somente ela pudesse me ouvir – Eu sou menor. Como vamos entrar aí?
  – Vamos pular a janela baby!

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Não sei o q dizer desse cap! Foi cheio de compreensão. Ai como eu amo quando a marcelly é fofa com a Luisa😍😍😍😍
  Gente eu tenho um vestido desse 😂😂😂😂 amo ele!! Mas nunca uso!!
  Mas enfim eu quero saber o q vcs acham!!!!
Gente próximo cap vai ter os perrengues das duas na festa!!! Aliás os cap variam muito de tamanho, depende da inspiração e sobre oq vai acontecer então não estranhem quando aparecer um cap pequeno e um grande logo depois!
  Aguardem....

Bjs Crossle

Uma Quase Suicida (EM PAUSA)Onde histórias criam vida. Descubra agora