"Nunca coloque suas últimas esperanças em uma única pessoa pois quando ela te trair, e ela irá de alguma maneira, parte de sua alma morrerá com a relação que vocês tinham"
Ass: Uma Quase SuicidaNa semana seguinte iniciavam as provas. Tudo corria bem até a merda de um gabarito. Depois da prova de sociologia correu um boato de que haviam vazado o gabarito da avaliação horas antes, apesar de eu e Marcelly termos ficado putas por ninguém ter passado a cola para gente, nunca, mas nunca mesmo seríamos capaz de dedurar ninguém.
A professora descobriu que a cola tinha mesmo acontecido e veio perguntar se eu sabia de alguma coisa.
– Então Luisa... Você é uma aluna especial que conquistou a confiança de todos os professores e é um exemplo de notas a ser seguido. Baseado em toda a consideração que tenho por você eu gostaria de saber se você sabe de alguma coisa? Você sabe quem conseguiu a cola?
Gelei. Eu sabia, havia sido a Melissa, mas nem por vingancinha eu ferraria todo mundo por isso. Independente de tudo uma das minhas características principais é a lealdade. Sou uma taurina – lealdade é a principal característica das pessoas de touro, igual a fome – e levo a confiança até as últimas consequências.
– Não sei de nada! – menti por eles, todos eles.
– Luisa eu vou perguntar de novo. Você sabe quem conseguiu a cola com a outra turma?
– Eu não sei de nada. Nem sei se houve cola.
– Houve sim! E você me promete que realmente não sabe de nada?
– Prometo. – foi a primeira vez que prometi em falso, me senti mal por isso.
– OK então! Eu confio em você. – levei um soco no estômago depois desta.
Saí o mais rápido possível e fui direto falar com Marcelly. Contei a ela o que havia acontecido.
– Como assim tu não contou?
– Não posso trair todo mundo!
– Eles excluíram a gente, e tenho certeza que nos ferrariam na primeira oportunidade.
– Somos diferentes e não vamos fazer isso!
– Ah não! Você vai contar sim e vai ser amanhã antes da aula.
– Não! E acabou essa história. – a expressão brava dela deu lugar a um sorriso meigo.
– Gostaria de ter a alma pura desse jeito.
Corei, dessa vez ela me deixou sem jeito então saí dali antes que ela percebesse minha cara de besta e começasse a zuação.D*L*M
No outro dia de manhã a primeira coisa que Marcelly me perguntou foi se eu realmente não iria falar e como já havia dito, não vou falar nada.
A primeira aula era da professora Pamela de sociologia. Logo que entrou na sala todos entraram em choque com o anúncio dela.
– Então é o seguinte: a prova de vocês foi anulada, vamos refazê-la na próxima semana, não vou mais dar nota para as atividades extras e se preparem essa não vai ser como a outra, qualquer erro será desconsiderada a avaliação.
É possível imaginar o fuzuê que rolou naquela sala! Alunos diziam que era injusto, outros tentavam saber como a professora descobriu e tal, um monte de perguntas. Até aí foda-se para mim. Eu já havia conseguido nota azul com as primeiras parciais, mas me preocupei com Marcelly, suas notas baixas eram apenas nessa matéria e em química, ela estava desesperada. Todos surtavam quando foram calados por Rafaela e depois disso tudo mudou, Rafaela resolveu fazer um discurso logo após a professora sair com o sinal.
– Bom gente, eu gostaria de agradecer muito a x9 da sala porque graças a ela teremos a prova de sociologia e de química no mesmo dia. Então muito obrigada!
– Quem você acha que foi? – cochichei no ouvido de Marcelly.
– Acho que eu tava errada quando madei você contar. Isso ferrou todo mundo!
– Viu como ás vezes é bom ser leal até a quem não te dá valor! Se quem contou tivesse pensado assim não estaríamos fudidos agora.
Marcelly assentiu e quando nos viramos Rafaela ainda fazia seu discurso começando a parte mais ridícula de todas.
– Sem contar que a pessoa que dedou se diz amiga de todo mundo, é o pilar da sala, a garota que tem a confiança de todos os professores – opa peraí! Isso me soa familiar? – é a dona das maiores notas da turma, chegou agora e quando ninguém esperava foi falsa. – wou wou wou, nessa sala todos estudam juntos desde o nono ano, eu sou a única nova aqui! – Mas ela que se acha superior a todos, é arrogante, não passa de uma traidora. Ridícula, falso exemplo da turma, uma invejosa. Ferrou até a própria amiguinha só porque não tirou nota máxima na prova. Um lixo de ser humano.
Fiquei tonta, louca e besta depois desta! Naquela sala todos me tinham como pilar de notas, em meu boletim a menor nota era um noventa, nessa última prova que valia vinte pontos, tirei apenas dezessete. Mas não! Só posso estar louca. Ela não estaria ME acusando. Meu estômago revirou e segurei o braço tenso de Marcelly buscando livrar minha mente desse pensamento. Marcelly sentiu meu toque e segurou minha mão, não precisou de muito, seu olhar já confirmava minhas suspeitas.
– Ela não sabe o que está falando. Fica calma, vamos dar um jeito nisso.
Assenti e respirei fundo. Tenho que aprender a não parar de respirar em momentos difíceis. A aula toda foi recheada de alfinetadas e xingamentos dirigidos a minha pessoa, a coisa mais idiota é que apesar de nenhum deles citar meu nome, todos davam características que eles mesmos haviam me dado sem conhecer minha personalidade. Ali ninguém me conhecia de verdade, o que todos viam era apenas um lado do octógono que era minha maneira agir. Eles conheciam apenas a garota boazinha e quieta que se esforça para ser a pessoa exemplar. Mas ninguém ali sabia que a menina que estavam julgando e chamando de gananciosa só queria evitar de dar problemas a família que já sofreu muito por ela. Que só quer ficar no canto dela e tentar apagar a monstruosidade e a culpa dentro de si mesma, algo que ela mesma sabe que é impossível. Mas que principalmente leva seus valores ao extremo, e os suporta o máximo possível e tendo a lealdade como maior deles.
O sinal bateu enquanto eu, mais uma vez, dormia para não chorar de raiva. Marcelly me abraçou e cochichou em meu ouvido.
– Vem. Eles estão fazendo a caveira de alguém para a professora Maria.
Maria é uma ótima professora também formada em psicologia. Uma das melhores pessoas do mundo para conversar sobre assuntos tristes da vida. Enquanto saímos uma colega de classe me chamou. Fiquei surpresa porque Aurora, é esse o nome dela, é uma menina que geralmente não conversa muito. Na maioria das vezes ela fica calada na dela, tem dia que nem percebo que sua carteira no segundo lugar da fila está vazio. Apesar de quieta suas notas não ajudam muito, não entendo isso mas fazer o que, há muita coisa que jamais compreenderemos.
– Eu sei nós não conversamos muito mas tenho uma imensa consideração por você. – Marcelly me disse uma vez que Aurora era uma das poucas pessoas nunca haviam maltratado-a naquele colégio – Eu gosto do seu jeito de ser, que não julga e acolhe a todos mesmo sem conhecer.
Ela sorriu para Marcelly e pude entender do que ela estava falando.
– É por isso que eu amo a Lou! – Marcelly respondeu e me abraçou pelas costas.
– Mas não é isso que eu vim dizer! A verdade é que tá todo mundo acusando você de ter dedado a cola. Pelo que eu conheço da sua personalidade eu sei que não foi você e tô aqui pro que precisar! Dessa vez não ficar quieta diante da injustiça.
– Obrigada! – agradeci e Aurora se virou para ir embora.
– Hey? Quer ir lá em casa jogar just dance? – O QUÊ? A Marcelly está tentando ser legal com alguém? Acho que ela foi atingida por um raio invisível durante os últimos dois segundos, só pode!
– Claro! – Aurora sorriu assentindo.
Nunca tinha parado para pensar como a minha turma era dividida em espécies de grupinhos. Eu e a Marcelly as estranhas (até poucos dias eu era apenas a nerd novata que andava com a aberração), os que não se envolvem: Aurora, Poliana e Miguel, os que me odeiam: Rafaela, Melissa, Guilherme e Luciana, e os sabonetes que ficam deslizando de um grupo pro outro de acordo com os interesses. Começo a achar que tem muito mais gente injustiçada naquela turma que apenas nós duas como eu pensava. Aquele inferno é bem maior do que apenas aquele purgatório em que vivíamos diariamente, haviam mais valas no submundo infernal que é a nossa turma.
Nunca fui tão decepcionada em toda minha vida, antes me chamavam de louca mas ao menos eles diziam a verdade. Diferente dessas pessoas nojentas e repulsivas que saem por aí acusando uma pessoa que mentiu (eu jurei em falso! sabe o que é isso?) por eles! Fui apunhalada pelas pessoas que dias atrás me fizeram ser tão feliz por não me chamarem de louca. Mas de que adiantou? Nada. Tive de ouvir calada tudo o que eles pensam de mim e mais inúmeras acusações ridículas sem verdade nenhuma. Eles conseguiram me arrancar as lágrimas guardadas a tempos, que em meio ao banho quente em meu chuveiro se destacavam por seu sabor salgado e a dor na garganta causada pela vontade de gritar e arrancar minha própria pele afim de sumir deste mundo que só me causa dor. Aliás, a dor da gilete cortando minha mão trêmula que, em constante conflito com minha mente, disputava a guerra entre cortar ou não a veia pulsante em meu pulso que parecia gritar por clemência pedindo um fim a tudo isso.
Me assustei com Marcelly batendo na porta e perguntando se eu estava bem e porque eu demorava tanto, acabei deixando a gilete cair no chão. Me recompus e saí do banheiro, Marcelly quando viu meus olhos vermelhos me abraçou sem dizer nada, não deixei que ela visse o corte em minha mão.
Combinos nos encontar as duas da tarde. Perto da uma hora, Aurora ligou para Marcelly perguntando se poderia levar Poliana e Miguel porque segundo ela devíamos conhê-los. A idéia de ter muita gente em casa me incomodava um pouco mas decidi me abrir a novas pessoas, como Marcelly dizia, tenho que deixar meus medos de lado e simplesmente viver.
– Eles chegaram! – Marcelly gritou indo correndo atender a porta – Faça isso por você dessa vez.
Bom vou tentar não ficar paranóica pensando em meus possíveis surtos e apenas curtir o dia.
– Já tomou os remédios?– ela parou em frente a porta e me encarou.
– Já. Mas me diz uma coisa. Por que você aceitou tão rápido a Aurora e os amigos dela? – estava muito curiosa com isso, então perguntei antes dela abrir porque com eles ali não iria dar o vexame de perguntar e minha curiosidade não ia me deixar esperar até eles irem embora.
– Sabe qual meu maior medo? – sua expressão mudou, ela estava séria e eu neguei com a cabeça – Não estar por perto quando você precisar. Já pensou na festa aquele dia, se eu não conseguisse chegar até você, o que teria acontecido? Preciso ter mais alguém em quem te confiar quando eu não estiver por perto.
Abracei Marcelly tentando reconfortá-la, afinal não sou um bichinho indefeso como ela pensa. Nem minha mãe me trata assim. Fiquei brava? Sim. Vou brigar com Marcelly? Não. Porque além da raiva, a felicidade em se sentir acolhida e importante para alguém foi incrível.
– Se eu fosse você não me deixava nas mãos de tanta gente assim! Vai que eu acho alguém interessante e te troco.
– Lou! Você nunca vai achar ninguém feito eu. Então trate de cuidar bem de mim!
Nosso momento fofo foi interrompido por Aurora e Miguel que nos olhavam da janela.
– Ah que lindo! A gente aqui fora esperando e vocês aí no maior love.
– Não Aurora deixa elas. Aprende com o tutorial Marcelly como agarrar as minas. Olha lá se for pra ser assim vô virar gay pra abraçar as novinhas também! – Miguel tirou sarro.
– Desculpa mais com essa daqui não vai rolar, ela é só minha! - Marcelly me apertou ainda mais contra si.
– De onde vocês se conhecem? – perguntei curiosa pela afinidade entre eles, me soltando um pouco do abraço para encará-los
– Pode-se dizer que conheço bem a boca da Marcelly. – Miguel brincou, sendo logo respondido por ela.
– Sei que você morre de saudades dela!
Abrimos a porta e quando eles entraram me apressei em colocar o just dance. Pedi a Marcelly que fosse a cozinha e trouxesse coca-cola com pipoca para gente. Decidimos montar dois times: o primeiro com Marcelly, eu e Aurora, enquanto o segundo tinha Poliana, Miguel e Nathalie (ela estava jogando na casa dela e participando via skype). Combinamos de fazer duelos e no final juntaríamos os pontos do grupo e quem perdesse teria de fazer um video dançando tumbatum, postar no facebook e, como se já não fosse mico demais, ia ter de fazer um jantar para os vencedores.
A primeira dupla foi Miguel e eu, a música escolhida foi “sim ou não" da Anitta com Maluma. Não sei muito bem como dançar os funks brasileiros, apesar de ter nascido aqui não estou habituada a esses tipos de dança, mas se fosse um baladão eletrônico ninguém jamais me venceria. Como era esperado perdi, aliás Miguel dança muito bem um negócio que eles chamam de passinho e eu realmente gostaria de aprender. Eles tentaram me ensinar mais não deu muito certo. Fiquei parecendo uma enguia eletrocutada tentando matar uma barata no tapete da sala.
A segunda dupla foi Nathalie e Marcelly. A disputa foi muito acirrada porque, como todos puderam perceber, as duas estavam levando a disputa a ferro e fogo ao som de “work" da Rihanna. Acreditam que elas precisaram de três partidas para conseguir ter uma vencedora! Marcelly acabou ganhando por dois pontos de vantagem, então pelas minhas contas agora os dois times estavam empatados e restava a Aurora e a Poliana decidirem quem seriam os campeões.
Nesse espaço de tempo devoramos três bacias de pipoca, uma garrafa de coca, um prato de doritos com requeijão e agora eles bebiam um negócio super esquisito chamado tererê. Não gostei muito, era um copo cheio de ervas que mais me pareciam mato torrado, no qual eles colocavam suco de limão extremamente gelado e bebiam com um canudo todo diferentão chamado cuia. O mais legal e nojento é que todos bebem no mesmo copo, com o mesmo canudo e ninguém limpa o bico antes de tomar. Eles compartilham sem medo, na total confiança e união entre o próximo, conversando sobre os mais bostas e ao mesmo tempo mais interessantes assuntos. Apesar de eu ter ficado com medo de pegar H1N1, achar amargo e não ter tomado foi incrível estar em um lugar em que todos se amam, respeitam e apesar das divergências tentam ouvir que o outro pensa. Me senti muito mal por eles estarem ali se abrindo e contando suas aventuras da infância e sonhos adolescentes enquanto eu ficava escondendo meu passado, meu carma e minhas atitudes horríveis. Não passo de um monstro envolto numa pele bonita que engana e faz o mundo sofrer. Não mereço tanta gentileza do mundo.
Minha família toda teria sido mais feliz se eu não tivesse nascido, meu pai nunca teria sido chantageado pela Camila, minha mãe não teria sofrido por tantos anos enquanto meu pai estava na cadeia e ela não teria de mudar toda sua vida e largar alguns sonhos profissionais para ficar em casa cuidando de uma criança que nem é sua. A família do Arthur ainda estaria com seus filhos lindos que provavelmente seriam grandes jogadores de futebol, o Daniel não sofreria como eu vi ele sofrer com a morte do irmão causada por uma pessoa que ele amava. A Nathalie não teria perdido várias festas, clubes e um monte de vibes deixadas para trás por conta de uma amiga complexa que nunca saía. Enfim, a vida do mundo todo seria mais feliz se eu nunca houvesse nascido. Às vezes, tenho raiva do meu pai por ter esquecido de usar a maldita camisinha naquela noite ou da minha mãe verdadeira que – pelo amor de Deus né? – não tomou remédio antes de sair por aí dando para qualquer um.
– Hey? Tá imaginando os boys pelado? – Aurora estralou os dedos na frente do meu rosto.
– Olha só ela tava até de boca aberta. Quer que eu limpe a baba? – sério, vô matar o Miguel até o fim da noite depois desse comentário.
– Larguem de ser idiotas! Não é nada disso, só estava pensando na vida.
– Ai gente para! Ela sente saudades de casa, quem não sentiria mudando de Ibiza, Ibiza! para Assis Chateaubriand – Marcelly se levantou, me abraçou e cochichou em meu ouvido para que somente eu pudesse ouvir – Sei que sou a dona da sua imaginação mas por favor, não me imagina nua em público porque sua cara de boba é meio ridícula.
Bati um pouco nela e no ar enquanto tentava alcançá-la, que corria na sala. Fui comunicada de que a competição havia empatado durante meus “sonhos com a Marcelly e os boys nus". Nathalie despediu-se de todos e foi durmir por causa do seu curso e precisaria dormir mais cedo, já Poliana que era a mais calada abriu a boca só para complicar minha vida. Ela propôs uma brincadeira polêmica chamada “verdade ou desafio". Na minha cidade não tinha, e se tinha nunca participei de brincadeiras assim. O jogo funciona dessa forma: forma-se uma roda e os participantes giram uma garrafa e em quem para a pessoa decide se quer realizar um desafio ou dizer a verdade sobre algum assunto escolhido pelo outro participante que ficou na outra extremidade da garrafa.
Miguel começou girando. A garrafa parou entre Aurora e Marcelly, que escolheu verdade.
– Hum verdade, então vamos lá. Marcelly quando foi sua primeira vez lésbica? – Marcelly ficou roxa, rosa, o arco íris inteiro. Cara na primeira pergunta já foi essa bomba, tenho medo de quando chegar minha vez.
– Tá né, essa me pegou de surpresa... Mas foi nas férias depois de uma balada. Agora eu que rodo.
Ela girou a garrafa e ela parou entre Poliana e Miguel que escolheu verdade.
– Bom... Hum... Miguel qual o nome da sua crush?
– Yasmim. Minha vez!
Todos percebemos que ele só falou rápido para ver se ninguém prestava atenção mas não adiantou. Pelo menos Miguel foi ótimo ignorando todas as outras perguntas sobre se a tal Yasmim, que é um menina japonesa do terceiro ano, dois anos mais velha que ele. Quando girou a garrafa parou entre ele e eu que logicamente escolhi desafio, claro. Vai que alguém pergunta o por quê da minha vinda ao Brasil tão repentinamente.
– OK, Luisa te desafio a ficar somente de sutiã durante o resto da brincadeira!
Choquei! Se digo verdade talvez posso entrar numa enrascada, mas se digo desafio vou ter que fazer um nudes ao vivo? Miguel se superou nas trolagens desta vez. Aurora que estava ao meu lado avisou que se eu não cumprisse o desafio estaria fora do jogo. Como se você quisesse continuar jogando! Mas Marcelly piscou para mim com aquele olhar super travesso. Decidi cumprir o desafio, tirei a camiseta da one direction e fiquei apenas com o sutiã preto em renda com detalhes em azul brilhante.
– Woooooow! Essa é minha garota que aceita qualquer desafio. Qualquer mesmo! – entendi seu comentário cúmplice e sorri para ela.
Como era minha vez girei a garrafa e ela parou entre Poliana e Aurora, que escolheu verdade.
– Aurora é verdade que você já fez polidance em uma boate?
– Eu tava bêbada aquele dia! Não me lembro direito do que aconteceu.
– Pelo que eu conheço de você nas festas é provável que tenha feito mesmo!
– Por que eu tinha que ficar doente logo aquele dia hein? – Miguel se intrometeu de repente.
– Cala a boca Miguel! – Aurora o acertou com a sapatilha e girou a garrafa. Parou entre Miguel e Marcelly que desta vez escolheu desafio.
– Hum... Dona Marcelly, Ha Ha Ha – ele imitou uma risada diabólica – te desafio a beijar de língua a Luisa ou dar um chupão no pescoço!
O QUÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ????? É sério isso? Ta de zuera com a minha cara só pode, né! Minhas experiências com beijos (que foram só uma) não foram das melhores. Chego até ter arrepios, agora vou beijar a Marcelly, A MARCELLY, e como vou olhar na cara dela depois disso? Vai ser muito estranho! E a o que eu saiba eu sou heterossexual e não lésbica. Se bem que a Marcelly é BEM gata, tanto de menina como de menino, mas de menino é melhor, só acho. Cara ela até é gost... Para, Luisa! Menos, bem menos. Tá até parecendo que mudou de lado. Ah mas olha a Marcelly, por ela será que não vale a pena abrir uma exceção? E o pior é que ela ainda é legal. Ai cala a boca subconsciente!
– Louuu? Volta pra Terra pelo amor de Deus! Cara não pira hoje não. – era Marcelly já do meu lado me balançando pelos ombros.
– Hã oi? Marcelly? – minha voz saiu melosa demais para meu gosto.
– Ihhh! Olha a voz dessa guria só de ver a crush. – Poliana brincou.
– Sei não esses lapsos que voltam com essa voz meiga e essa cara de besta, tudo pra Marcelly ainda!
– Hey? Se não quiser eu saio, não precisa cumprir o desafio. – ela sussurrou para mim.
– Eu prefiro o chupão! Mas por favor não deixa marca roxa porque eu acho ridículo essas meninas que andam por aí tudo chupada.
– Minha Lou! – Marcelly sorriu e cumpriu o desafio.
Ela me avisou que não consegui dar um chupão assim do nada por isso ela começou dando leves beijos em meu pescoço. Seus lábios quentes e macios tocaram minha pele, espalhando calor por onde passavam como uma espécie de trilha calorosa trazendo sensações deliciosas.
– Me abraça. – ela sussurrou e eu fiz depois de tirar os cabelos que caiam sobre meu pescoço para deixar o caminho livre.
Marcelly passou a mão e segurou firme os cabelos que eu havia mudado de lugar, carinhosamente sua boca parou em um ponto e pude sentir a umidade de sua língua me atingir. Me arrepiei dos pés a cabeça e quando Marcelly sugou minha pele e me deu uma leve mordida, não consegui me conter e cravei as unhas em suas costas. Acho que ela percebeu que era hora de parar e me soltou, mas antes cochichou.
– Te amo, sabia?
Nem respondi porque minha cara bicolor já dizia tudo, principalmente a marca vermelha que começava a escurecer.
– Tá né! Depois de um momento caliente desse melhor a gente parar. – agora que a Aurora diz isso? Ela podia ter dito antes desse semi-trailer de sexy hot que acabou de acontecer.
– Mais já? – Poliana reclamou.
– Sim, gente olha a hora que é!
– Cara passou muito rápido! Já são onze e meia. E amanhã ainda é dia de aula, nóis tem que dormir! – Miguel, para minha surpresa, abriu a boca depois de alguns segundos silenciosos enquanto olhava Marcelly e eu de queixo caído.
Não sei se já falei mas acho muito estranho o jeito que eles falam. OK, eu sou brasileira e falo português fluente, mas meus anos fora do país me deixaram desatualizada das gírias daqui, algumas nem sei o que significa.
Nos despedimos e pela primeira vez na vida eu não estraguei tudo! Eu queria explodir de felicidade mas me contive em apenas agradecer a Marcelly.
– Obrigado por você existir!
Foi muito repentino pois eu estava indo para o meu quarto quando do nada parei, abracei ela e disse aquilo. Ela ficou surfando num pote de nutella sem reação nenhuma enquanto eu simplesmente voltei a caminhar, entrei no quarto e me joguei na cama.
Quando estava quase pegando no sono ouço o som da porta do meu quarto se abrir e finji estar dormindo. Marcelly entrou e puxou meu cobertor cobrindo meu corpo. Ela acariciou meus cabelos, beijou minha testa e se agachou ao lado da cama para dizer algo.
– Lou... Por que você faz isso comigo? – ela dizia enquanto massageava meus cabelos – Ahhhh, desculpa isso é coisa do meu... Esquece! Tenha bons sonhos my love.
E ela saiu. O quê ela quis dizer com isso?***************************************************************************************************
Bom gente o cap ficou grande pq sei lá me empolguei um pouco, pensei em dividir em dois mais quando vi já tava tudo aí então resolvi deixar assim mesmo. Na verdade o cap era só a parte dos povo na casa da lou e da Marcelly, mas resolvi acrescentar a parte da acusação pq infelizmente fizeram isso comigo no finalzinho do ano passado. Eu fiquei super mal, chorei rios e pra tentar meio q fugir disso escrevi tudo que eu passei em um papel, colocar pra fora sabe! E agora resolvi por aqui e como aconteceu com a lou, eu prometi em falso para não ferar ninguém, e mesmo assim fui acusada. Bem a parte da acusação é quase uma cópia de tudo q falei com a prof e com o q me falaram na sala. A Aurora não ia existir, mas uma menina q estudava comigo me confortou tanto! Foi ela quem me abraçou quando eu chorava, além dela, minhas outras amigas foram todas representadas pela Marcelly. Foram elas que me defenderam quando mais ninguém acreditava em mim. Então esse cap foi especial em agradecimento a elas, que estiveram ao meu lado nesse momento horrível. Até hoje não consegui provar q sou inocente, mas espero consegui descobrir quem foi e dar tanto soco na cara desse infeliz e depois esfregar na cara de tudo mundo q me acusou q eles estavam errados! Desculpem o desabafo mas eu precisava fazer isso! As palavras são meu maior consolo nesses momentos.Bjs Crossle
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Uma Quase Suicida (EM PAUSA)
RandomApós ter uma infância conturbada, graças a um sequestro, por sorte Luisa e seu pai encontraram Diana que mudou a vida de todos. No entanto, os momentos de sofrimento lhe deixaram sequelas irreparáveis, ela descobriu ter esquizofrenia. Mesmo taxada d...