Conteúdo adulto, leia por sua responsabilidade. Vou colocar ### onde começar e onde terminar!Chegamos na terça-feira depois do meio-dia. O que significa que perdemos dois dias de aula, mas até poucos minutos depois de ter chegado em casa isso não tinha importância já que minha mãe ligou no colégio e eu trouxe um atestado. Dois na verdade, um para mim e um para Marcelly, de acompanhante, não ia deixar ela se ferrar nas aulas por mim.
Eu estava jogada no sofá quando decidi verificar as mensagens do grupo da turma. Eu havia silenciado durante a viagem, mas agora não tinha muita coisa para se fazer além de desfazer as malas. Como sempre as conversas eram inúteis, falavam mal dos professores, fofocavam da vida vida alheia e como sempre mandavam indiretas umas às outras. Até aí tudo corria da maneira mais normal possível, em meio a todas aquelas mensagens, porém, uma me chamou atenção dentre muitas que eu lia rapidamente sem me ater ao seu conteúdo.
Rafaela tinha deixado discretamente difundida no meio de um assunto completamente aleatório a seguinte frase: “os traidores sempre saem privilegiados", logo na sequência Melissa respondeu: “então né, quem não teve que fazer a prova?". Foi mais uma facada. Era inacreditável que elas realmente ainda estavam me acusando! Minha indignação estava visivelmente estampada no meu rosto.
Como elas podiam ser tão baixas ao ponto de se sentir no direito de sair julgando cada um baseado em seus próprios achismos? Odeio achismo! Ninguém tem provas de que fui eu, e nem teria como elas conseguirem já que não fui eu, mas porquê elas acham que sou a traidora todos com a maior ignorância possível viraram suas armas para mim e me fuzilam a queima-roupa. Tornou-se algo incontrolável para mim esconder minhas lágrimas, sem ao menos me dar conta as lágrimas já lavavam minha face. Aumentando cada vez que lia as mensagens do restante da turma que foram enviadas no privado. Xingamentos que eu nem sabia que se podia xingar uma pessoa, haviam palavras que nem o google tradutor foi capaz de me explicar seu real sentido.
Minha vida estava as avessas, no primeiro dia a garota que tentava fugir se tornou o centro das atenções, na semana seguinte se tornou invisível, com mais uma passou para a aberração, e agora a pessoa mais odiada por todos. Era incrivelmente assustador como as coisas se transformaram, nunca havia sentido atração nenhuma por pessoas do meu sexo, sempre tive várias paixonites por inúmeros garotos, no entanto dei meu primeiro beijo no irmão do cara que mais amei na vida, matei uma pessoa e agora estou completamente entregue de corpo e alma para uma menina. Uma MENINA! Nunca havia sentido absolutamente nada, e estou namorando a mulher mais perfeita do universo. Apesar de qualquer coisa que eu faça, mesmo que as coisas pareçam se ajeitar, as pessoas sempre me odeiam.
Fico imaginando o que eu devo ter feito de errado! Por mais que eu tente sempre vou magoar todos ao meu redor. O problema sempre será EU! E acima de tudo ainda tem as merdas de crises esquizofrênicas. Meu pensamentos já estavam bagunçados o suficiente, não precisa de nada mais para me perturbar. Você não acha que se magoa tanto os outros o problema não seja você? Eu já pensei várias e várias vezes nisso.
A resposta é simples! Todo o mal está em você, independente do que tentar fazer, sempre irá magoar, destruir, machucar alguém. Nós sabemos que não é sua vontade! Mas partir do momento que você decide continuar aqui tudo de ruim é sua culpa. Você decidiu ficar! Você está acabando com as pessoas que mais ama. Aquelas vozes ficavam mais fortes, por mais que eu fechasse meus ouvidos elas insistiam em falar cada vez mais alto. Sua louca! Isso nunca vai parar. Eu implorava para elas parassem, e elas continuavam. Você vai machucar cada um deles! NÃO, não, não. Eu gritava por uma saída. Quer eles vivos? Sim, sim, sim eu respondia para que as vozes me ouvissem. Então morra!
Me levantei do sofá. O silêncio pairava pela casa, era como se o mundo houvesse parado e o único som era o eco das vozes em minha cabeça repedindo em uma espécie de mantra, então morra. Marcelly havia acabado de se levantar pois ouvi o barulho que sua cama fazia quando alguém se levantava. Eu ainda tinha tempo! Me esgueirei até o banheiro e me tranquei lá. Remexi as gavetas e encontrei, no fundo da última, uma única sobrevivente ao furacão Marcelly. A única lâmina que havia sobrevivido ao mutirão de segurança que ela havia feito na última vez que me achou no banheiro.
Chega a ser irônico saber que justo aquela havia sido esquecida, das milhares espalhadas pelos diversos cômodos da casa essa foi deixada ali, no banheiro. O local para onde eu sempre corria. Me olhei no espelho para me despedir daquela visão um tanto cômica, as lágrimas banhavam meu rosto borrando rímel e lápis de olho, no entanto o sorriso em meus lábios se destacavam perante ao restante. Faça! A voz ordenou friamente.
As batidas na porta iniciaram, os gritos de Marcelly me causavam risos sem motivos. Peguei a lâmina e a passei na horizontal lentamente. Logo no princípio do corte o sangue jorrou vívido e a porta veio ao chão. O som me fez tontiar, o mundo girava e minha consciência voltava a realidade. Me senti um lixo naqueles poucos segundos por fazer Marcelly sofrer tudo aquilo. Sua expressão de terror me causou nojo de mim mesma. Como eu poderia me deixar chegar aquele ponto? Como eu havia me deixado enlouquecer daquela maneira? E desmaiei.
Foram poucos segundos que perdi a consciência pois quando acordei Marcelly chorava abraçada a mim dentro do banheiro. Com uma das mãos ela procurava qualquer coisa que pudesse estancar o ferimento. Me firmei no chão e arranquei o lenço que ela usava na cabeça e a entreguei. Logo Marcelly o amarrou em meu punho, o corte foi um pouco profundo mas não chegou a ter dois centímetros de comprimento, além de estar bem próximo, não atingiu nenhuma veia.
— Por favor...
— Shiiiii! Marcelly me ajuda a tomar um banho, por favor.
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Uma Quase Suicida (EM PAUSA)
RandomApós ter uma infância conturbada, graças a um sequestro, por sorte Luisa e seu pai encontraram Diana que mudou a vida de todos. No entanto, os momentos de sofrimento lhe deixaram sequelas irreparáveis, ela descobriu ter esquizofrenia. Mesmo taxada d...