Capítulo 4.

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Eu havia acordado uma hora antes do amanhecer e não conseguira mais dormir. Sequer havia voltado para minha cama. Silenciosamente, eu saí do quarto de Josh e fui para o meu. Abri a porta aos poucos e me certifiquei de que não havia ninguém por ali. Chequei o banheiro. Parecia-me que Lucca havia encontrado seu novo quarto, agora.

Aproveitei para trocar de roupa e coloquei uma calça jeans e uma blusinha soltinha, que mascarava minha barriga e corpo magricelos. Olhei-me no reflexo do espelho do banheiro e coloquei minha franja de volta ao seu lugar, rente às sobrancelhas, e apenas passei os dedos nas mechas de cabelo. Aproveitei para passar um pouco de maquiagem e me dar uma cor mais vívida durante o resto do dia. Depois de minha produção, segui para a cozinha e preparei café para todos, aproveitando para colocar o bolo na mesa – o qual não havia mais nada escrito em cima, o que me levou a crer que quando Lucca o trouxe até aqui, lambeu o resto das letras –, algumas frutas e biscoitos.

No instante em que a chaleira começou a chiar, Josh apareceu pela porta da cozinha, coçando os olhos. Percebi que ele tinha conseguido colocar o uniforme escolar de maneira correta – sem camisetas ou calças do avesso.

- Ei, Josh. Bom dia. Caiu da cama? – perguntei, enquanto desligava o fogão e retirava a chaleira de lá. Ele subiu em um dos banquinhos ao redor da mesa e bocejou.

- Eu que o diga. O café já está pronto e ainda falta pelo menos uma hora até a escola abrir.

Eu dei de ombros. – Não estava mais com sono. Aproveitei para me arrumar.

- Se arrumar? Onde você vai?

- A princípio, em nenhum lugar. Talvez dar uma volta no centro. Sabe, dar uma limpada na mente.

- Ah. – ele murmurou. – Não acha que está muito bonita para isso?

E eu gargalhei. – Ai, Josh, só você para me fazer rir. Venha, vamos comer um pouco de bolo. – eu falei, pegando dois pratos e colocando um na frente dele e outro na minha. Depositei café em minha xícara e Josh se contentou com um suco.

- Esse bolo está meio destruído, não? – Josh disse ao reparar na cobertura.

- É, coisa do seu irmão.

- Aposto que vai ter gosto de dedo.

Fiz cara de nojo e coloquei um pedaço no prato dele. – Veja você.

- Odeio ser cobaia – e levou um pedaço à boca. – Minha nossa, isso aqui tá delicioso!

E eu cortei o meu pedaço o mais rápido possível.

- Sua mãe já saiu? – perguntei, colocando o bolo em meu prato.

- Quando eu passei na frente do quarto dela, ouvi ela no banheiro tomando banho. Acho que logo ela aparece aqui.

Fiz que sim com a cabeça e foi minha vez de comer. Levei uma garfada cheia à boca e me deliciei. O chantilly se espalhando pela minha boca, o morango deixando o gostinho levemente açucarado, a massa do bolo parecendo um pedaço de nuvem. Céus, estava mesmo delicioso.

Eu havia enchido outra garfada e minhas bochechas estavam parecendo com a de um esquilo faminto. Josh estava rindo e tentando me imitar quando a porta da cozinha se abriu e Lucca entrou. Nós nos ajeitamos nas banquetas e fingimos que estava tudo normal.

- Parece-me que você estava errada. Ninguém caiu duro depois de comer o bolo.

Eu sorri de boca fechada, ainda com as bochechas cheias. – Bom dia para você também – falei por entre os dentes, para a comida não jorrar fora. Droga, precisava mastigar logo aquilo. Estava patético. Josh se segurava para não rir.

Depois da tempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora