Capítulo 17.

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Meus dias se resumiram em andar até o mercadinho da esquina, comprar guloseimas, e voltar. Durante o dia, assistíamos a filmes de terror e suspense – qualquer coisa que não fosse melosa ou amorosa – enquanto enchíamos nossas barrigas de porcarias. Somente quando o sol estava se pondo é que saíamos para dar uma volta e tentar esquecer as coisas assustadoras que assistíamos.

A pior parte desses dias foi que Lucca ligou em todos eles. Incessantemente. Pela manhã. Pela tarde. Pela noite. Na madrugada. Eu não atendia. Havia deixado o celular no mudo. Eu me sentia bem sabendo que ele estava me ligando e sentia uma vontade imensa de atendê-lo e dizer que estava tudo bem, que ele poderia vir, e que eu queria ficar com ele. Mas eu não poderia. Não era certo. Por mais que eu gostasse dele, o que ele fez comigo destroçou meu coração. Eu não merecia aquilo. Pelo menos, não enquanto a situação da Kara não estivesse resolvida.

Quando a quarta-feira chegou, não foi diferente. Assistimos os filmes, mas comemos pouco. Estávamos esperando pelo festival. Foi por isso que, quando o último filme acabou, Josh foi tomar banho e se arrumar e eu também. Usei o banheiro do quarto do meu pai, já que ele trabalharia até as sete horas da noite. Arrumei-me ali mesmo, vestindo um shorts curto e uma regata soltinha. Usei um par de tênis no pé. Segui, então, para o quarto em que Josh e eu dormíamos. Ele estava colocando uma camiseta de desenhos que eu havia comprado para ele e a mesma calça que usara no dia que veio me visitar – ele simplesmente veio sem bagagem alguma; teve de se contentar com camisetas coloridas que comprei numa vendinha próxima.

- Não está lá essas coisas... – ele murmurou.

- Não tem problema. Está perfeito para me acompanhar.

Ele estampou um sorriso no rosto e nós descemos, em direção a sala. Estávamos esperando por Jonathan, para que, então, pudéssemos ir ao festival. Eu estava assistindo televisão, sem prestar atenção, quando vi meu celular tocar. Era um número desconhecido, o qual eu não tinha gravado em meu celular. Por via das dúvidas, eu decidi atender.

- Alô?

- Luna, você tem que parar com isso. – era Chad.

- Tchau, Chad.

- Não, espera. Você tem que ouvir o que Lucca tem a dizer. Você não pode estar simplesmente acreditando numa foto que postaram na internet, não é?

- Claro que não, Chad. Não foi só a foto dele. Foram todos vocês, com garotas. E não foi qualquer garota. Foi a Kara, Chad. A única pessoa que eu deveria ter ouvida era eu mesma. Não deveria ter deixado as coisas chegarem a esse ponto. Quando Lucca conseguiu o que queria, o que ele fez? Foi correndo para a modelo famosa. Eu não tenho nada, Chad. Eu sou ninguém. Mas não é por causa disso que eu tenho que sofrer por esse tipo de coisa. E, quer saber? Avise o Lucca que deixei o colar dele em seu quarto. Eu não preciso mais daquilo.

E eu desliguei, por mais que eu ouvi Chad continuar falando. Eu sei que ele não tinha nada a ver com aquilo, mas eu não queria me abalar. Não agora, que estava prestes a conseguir limpar minha mente com meu pai e Josh.

- O que ele queria? – Josh perguntou.

- Disse que eu deveria ouvir Lucca. Que ele tinha algo a dizer. Que as coisas não eram o que parecia.

- Será mesmo? – Josh parecia na dúvida.

Eu franzi os olhos. – Você não está trocando de lado, está? – eu ameacei enchê-lo de cócegas.

- Não, claro que não... Mas, Luna, já teve outras vezes em que algumas fotos saíram e minha mãe se desesperou e ligou para Lucca... e ele desmentiu todas as histórias e fofocas. Quero dizer, tem muita coisa que é mentira.

Depois da tempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora