Capítulo 18.

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Eu não fazia ideia de como tinha ficado resfriada. Eu estava acabada. Desde que chegara em casa, na quinta, eu não tinha saído da cama. Lucca foi quem levou Josh para as aulas e cuidou de mim. Cozinhou-me sopas, trouxe filmes para assistirmos. Eu estava adorando o tempo que passávamos juntos. Toda noite, era a mesma coisa. Ele esperava que Josh – e Teresa, caso ela estivesse em casa – dormisse e, então, vinha até o meu quarto para se deitar comigo e cuidar de mim durante a noite.

Eu creio que nunca tive noites tão boas de sono. Não desde os tempos em que minha mãe acariciava meus cabelos até que eu dormisse. Lucca fazia o mesmo. Mexia em minhas mechas curtas e dedilhava sobre meu rosto... meu pescoço... meus lábios... e eu acaba pegando no sono. Tudo isso para que, pela manhã, eu acordasse com um beijo quente nos lábios e aquela voz rouca me desejando um "bom dia". Eu sorria antes de fungar o nariz resfriado e fazê-lo rir outra vez.

- Acho que vou ter que comprar remédios mais fortes – ele comentou, embaixo das cobertas.

- Não! Chega de remédios – meu nariz trancado deixava a voz engraçada. – Já basta os que eu tomo todos os dias...

- Eu não quero ser chato – até porque tudo o que eu mais quero é passar o dia inteiro na cama com você –, mas você tem curso. E eu sei que você tem que entregar um trabalho e que está na reta final. Então, se não se importa, eu quero ir com você. Sabe, para ficar de olho e ver como as coisas funcionam lá.

Eu fiquei feliz pelo modo como ele se preocupou.

- Claro, Lucca. Adoraria que você fosse.

Ele me ajudou a andar até o banheiro, onde tomei um rápido banho e troquei de roupa. Enquanto eu o fazia, Lucca também foi se arrumar. Penteei os cabelos, ajeitei a minha roupa e passei um pouco de maquiagem na tentativa de dar um ar mais vívido ao meu rosto. Céus, eu estava acabada. Maldito resfriado.

Saí do banheiro e dei de cara com Lucca sentado em minha cama, esperando.

- Eu conversei com Josh, ele disse que vai ficar em casa até Teresa chegar e que não vai aprontar nada.

- Eu duvido que ele apronte.

- Está pronta?

- Uhum. – e ele agachou-se para que eu pudesse subir em suas costas. Eu o fiz e ele se dirigiu às escadas, ao hall, à garagem. Abriu a porta para que eu entrasse no carro e fechou-a por mim. Deu a volta no veículo e entrou pela porta do piloto.

- Vamos descobrir se esse seu curso aí serve para alguma coisa. – ele me lançou um olhar desconfiado e malicioso ao dar partida no carro e arranjar nossa rota em direção ao prédio em que eu estudava. Lucca lembrou-se da regra de estacionar a alguns metros de distância de nosso destino final e, assim que o fez, caminhamos lentamente até a porta de entrada.

A porta de vidro correu ao que o sensor nos detectou. Atravessamo-la, cumprimentei com um aceno de cabeça a secretária do prédio, e pegamos o elevador. O destino era o andar do auditório, onde teríamos aula com advogados, criminólogos, investigadores privados e de polícia. Passamos pelo corredor do andar em direção à porta de entrada. Logo em nossa frente, inúmeras fileiras subiam, em degraus não muito altos, para dar espaço ao pequeno palco próximo a entrada. Subimos até a última fileira – mas não antes de eu colocar meu trabalho em cima da mesa do professor –, onde ficamos sozinhos e esperando a aula começar. Lucca se remexia na cadeira, ansioso por estar ali. Eu podia ver que ele mal se lembrava o que era ficar em uma sala de aula.

O professor Roger entrou na sala pouco depois que todos os alunos ocuparam seus acentos. Ele observou a pilha de trabalhos em sua mesa.

- Muito bem! – ele bateu as mãos – Parece-me que todos cumpriram o prazo para a entrega do trabalho final. Agora, resta-nos a prova! Espero que estejam estudando bastante para tirarem uma nota boa. Hoje, para que todos tirem suas mentes de prazos, provas, estudos críticos, irei fazer algo diferente. – ele abriu sua maleta e, de dentro, tirou um saquinho preto. – Aqui dentro há diversos papeis cortados e, em cada um deles, situações diferentes que vocês devem atuar e improvisar, em pares, pelo tempo que acharem necessário até cumprir com o que está no papel. Darei uma nota para a atuação de vocês. Eu quero que, com isso, vocês treinem as improvisações e atuações caso estejam trabalhando disfarçados.

Depois da tempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora