Capítulo 11.

3K 190 37
                                    

Meus olhos mal se abriram e eu sabia que eu teria um dia daqueles. Senti meu estômago revirar e não tinha força para me levantar. Percebi que Lucca não estava mais ali. O máximo de esforço que consegui fazer foi alcançar meu celular na cabeceira da cama. Verifiquei as horas. Nove da manhã.

Tentei me encolher de volta debaixo das cobertas, mas fui interrompida por Josh abrindo a porta de meu quarto, fazendo-a bater na parede. Ele rapidamente pulou ao lado da minha cama e gritava, empolgadamente, para que eu acordasse, que tínhamos que aproveitar o dia lá fora. Eu continuei sem me mexer.

Josh puxou a coberta de cima de mim, lentamente.

- Luna? – ele murmurou. Eu abri meus olhos. Eu sabia que as chances de eu estar com eles inchados e com olheiras profundas era grande. Os olhos chocados de Josh comprovaram isto.

- Eu não estou bem hoje, Josh. É um daqueles dias.

- Você quer que eu traga seus remédios ou...

- Não. Preciso me sentir bem primeiro. Mas não se preocupe. Tenho certeza que Lucca pode passar o dia com você.

Sem falar nada, ele saiu e fechou a porta do quarto. Fiquei alguns minutos em silêncio, esperando que fosse me sentir melhor. Não consegui mais dormir. A porta do meu quarto se abriu de novo. Desta vez, pelo que vi ao erguer a cabeça, era Lucca com uma bandeja enorme, cheia de comida em cima.

- Já que a madame não tem condições de tomar café com a gente, a gente vai até a madame. – e ele colocou a bandeja na ponta da cama. Aproximou-se de mim e colocou meu braços sobre seu pescoço e me pôs sentada na cama, sem minha permissão. Eu não gostava de ficar naquela situação. Odiava me sentir fraca daquele jeito. Dependente. Como se todos fizessem coisas somente para me agradar.

- Por favor... saiam daqui – eu pedi, antes que fosse chorar. – Eu não estou com fome.

Lucca pegou a bandeja e a colocou gentilmente em meu colo. Ele sentou de um lado de cama e Josh, do outro.

- E quem disse que é para você? Você é nossa mesa. – Lucca deu de ombros e começou a comer. E Josh também. – Ela sempre se acha assim importante quando está ruim? – Lucca cochichou para Josh. Seus olhos me olharam semicerrados e ele se aproximou de Lucca

– Eu acho que ela fez isso só para você pegar ela no colo.

- Josh! – eu o repreendi e comecei a rir. Eu não acreditava naquilo. Eles estavam usando do meu momento sensível para tirar sarro da minha cara. E eu não podia deixar de sorrir. Era bom ver que estavam agindo normalmente.

- Tem certeza que não quer comer? – Lucca falou, um pedaço de bolo em sua boca. – Está delicioso.

Eu segurei meu estômago para não vomitar.

- Eu não quero comer... eu acho que devo ter esquecido de algum remédio, não sei. Sinto-me pior do que os outros dias que estivesse assim.

- Você quer que eu os alcance para você? – ele continuava falando de boca cheia. Eu comecei a gargalhar quando um pedaço de bolo voou de sua boca para a bochecha de Josh.

- Ew, ew, ew! Eca! Que nojo! – e ele saiu desesperado em direção ao banheiro.

- E então, vai querer os remédios? Se não – ele pegou a cobertura de chantilly do bolo e passou por todo seu lábio – vou ter que te curar com um beijo delicioso.

- Não! Não mesmo! – eu provavelmente vomitaria nele naquele estado, por mais que a ideia não fosse tão ruim – Os remédios, por favor. Ficam na última gaveta – e apontei para a estante do outro lado do quarto.

Depois da tempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora