Capítulo 14.

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Meus olhos se abriram e eu logo fui inundada por um sentimento bom, por todo o corpo. Exatamente aquele tipo de sensação que temos quando as coisas estão tão boas, mas tão boas, que mal conseguimos acreditar. Eu ainda não estava totalmente crente com tudo aquilo. De uma hora para outra, a única coisa que você queria afastar de sua vida, agora faz parte dela. A vida tem um jeito engraçado de nos ensinar a viver.

Eu me remexi nas cobertas antes de alcançar meu celular e ver as horas. Oito horas! Eu tinha que levar Josh para a escola e... uma mensagem recebida?

"Não se preocupe, estou levando Josh para a aula. Coma algo e se arrume, logo iremos sair", Lucca escrevera. Eu sorri sozinha, bestamente. Tinha me esquecido do que ele havia dito. Levantei-me em um pulo e me troquei. Se iríamos mesmo investigar um cara que havia dado um soco em Lucca por causa de mulher, eu precisaria me vestir a caráter. Coloquei o shorts mais curto que eu tinha – que, por um lado, deixava meu traseiro razoavelmente arrebitado – e um top cropped soltinho, deixando minha barriga à mostra. Coloquei meu tênis no pé e penteei meu cabelo para, depois, desajeitá-lo. Deixei a franja desarrumada pela testa. Passei um batom vermelho para combinar com os desenhos que haviam na top. Por cima de minha roupa, vesti um sobretudo. Somente iria entrar em ação quando chegássemos lá.

Aproveitei que estava sozinha em casa e fui até a cozinha para comer algo. Não comi nada pesado – apenas uma maçã. Estava terminado de mordiscá-la no instante em que Lucca entrou pela porta da cozinha e veio em minha direção, beijando-me mesmo enquanto eu mastigava.

- Bom dia – ele disse, sentando ao meu lado.

Eu engoli. – Bom dia. Pronto para as investigações?

- Não mais que você. Para que esse sobretudo? Está quente demais lá fora!

- Se quero investigar, tenho que estar caracterizada. É assim que as melhores investigações são feitas e, as informações, colhidas.

Lucca deu de ombros. – Contanto que consigamos encontrar algo e você não desmaie de calor, tudo bem.

Ele mal esperava o que estava por vir.

*

Lucca tinha estacionado há uma quadra da pista de skate pública, que ficava no centro da cidade. Ele me pegou pela mão e nos levou para a parte cheia de árvores do lado de fora da cerca que ficava ao redor da pista. Agachamo-nos entre alguns arbustos e começamos a observar as pessoas. Havia pessoas de todos os estilos. Garotas com todas as cores de pele, todos os tipos de cabelo, tatuagens, piercings. Os garotos, também. Vestiam regatas, bermudas e tinham o cabelo de acordo com sua personalidade. Ficava difícil encontrar alguém específico no meio daquelas pessoas.

- Tente procurar por alguém que tenha uma tatuagem na perna. Eu lembro-me bem dele se afastando de mim depois do soco. Tinha uma tatuagem na panturrilha. Acho que era uma águia.

Eu continuei agachada e tentei olhar o maior número possível de garotos.

- Acho que ele não veio hoje.

- Ah, ele veio. Eu sei que veio. – e Lucca continuou olhando. Eu já estava quase desistindo – estava realmente muito quente –, no momento em que ele me cutucou sem parar. – Ali! Está vendo? Está conversando com uma garota na sombra.

Eu semicerrei os olhos, como se isso fosse regular minha visão. Eu olhei para onde Lucca apontava e vi o garoto. Tinha o cabelo raspado nas laterais e uma espécie de moicano no topo. Estava vestindo uma regata preta e uma bermuda colorida. Seu skate estava apoiado na cerca – ele estava do outro lado da pista –, enquanto ele conversava animadamente com uma garota

Depois da tempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora