Capítulo 5.

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A sensação de tomar banho e não ter de me preocupar com pessoas entrando em meu quarto era incrível. Agora que Lucca sabia que aquele não era mais o lugar dele, eu sabia que poderia até mesmo cantar sem ser interrompida. Saí do chuveiro, me sequei e embrulhei a toalha ao meu redor, fazendo-a de vestido. Arrumei meu cabelo no espelho e saí. Fui em direção às gavetas que haviam do outro lado da cama e aproveitei o espelho que estava pendurado em cima dela para me olhar mais uma vez. Olheiras malditas. Eu precisaria de vinte horas de sono até voltar ao normal.

Abri a primeira gaveta e comecei a escolher uma calcinha. Estava as olhando pacientemente quando ouvi a porta de meu quarto ranger e se abrir lentamente. A mão de Lucca a estava abrindo e o percebi me observando com uma cara maliciosa e um skate embaixo dos braços. Vestia uma regata com alguns desenhos e uma calça jeans preta. No pé, um par de all star.

Eu bufei. – Você precisa parar de aparecer em meu quarto quando eu não estou vestida! – repreendi.

O sorriso dele aumentou e eu fiz barulho de ânsia de vômito. – Sabe como é... quando eu estou por perto, as roupas das garotas simplesmente caem! E, sinto lhe informar, este era o meu quarto. Ainda sinto falta dele. Então, vai ter de se acostumar comigo por aqui.

Eu chacoalhei a cabeça e voltei a olhar para a gaveta. – Vaza.

- Não ainda. – ele murmurou ao colocar seu skate no chão e um pé em cima do mesmo; deu um impulso e logo estava passando por trás de mim, segurando minha toalha na tentativa de fazê-la soltar. Eu puxei-a com força e não foi o suficiente para ele conseguir o que queria. – Ah! Está ficando esperta! – ele pareceu surpreso.

- Sério. Vaza. – eu falei, ao que vi o olhar dele pousar sobre as minhas calcinhas. Empurrei a gaveta com força, mas ele impediu o ato; abriu-a novamente e começou a remexê-las.

- Olha só isso! – ele disse, pegando uma que tinha estampa de oncinha.

- Me devolve isso! – eu falei, tentando alcançá-la enquanto ele a balançava para o alto como um vaqueiro sobre um touro.

- Na verdade... – ele se afastou um pouco de mim, pegou a calcinha pelos lados e a esticou. – Hmmm. – e, em seguida, segurou a parte de baixo junto com um dos lados e arrebentou o elástico da mesma ao colocá-la na cabeça. Fez um pequeno nó atrás enquanto eu o olhava de queixo caído com minhas bochechas fervilhando de ódio. – Estava mesmo precisando de algo para prender meus cachos. – e minha calcinha de oncinha tinha se transformando em uma bandana mal-feita.

- Sai. Da. Porra.Do. Meu. Quarto. Agora. – eu grunhi, sem tentar atacá-lo, com medo de que minha toalha fosse vacilar. Ele pegou impulso com seu skate e saiu gargalhando pelo corredor. – Maldito seja, Lucca! – eu berrei para que todos ouvissem.

- Não há de quê, Luna! – eu o ouvi berrando lá debaixo.

Eu havia terminado de me trocar e ainda sentia meu coração acelerado. Não só pelo fato de ele ter invadido meu quarto, como também tinha levado e estragado uma das minhas calcinhas favoritas. Não demorou muito para Josh bater à porta.

- O que foi essa gritaria toda? – ele estava com os olhos inchados. Não havia dormido o suficiente ainda.

- Seu irmão, para variar. Levou uma das minhas calcinhas embora.

- Mas que...! – e Josh segurou a boca para não xingá-lo. – Isto não está certo!

- Diga isso a ele. – e eu comecei a calçar o tênis. – Não precisa acordar ainda, Josh. Vá lá, volte a dormir. Está cedo. Eu acordei apenas para ir ao meu curso. Sua mãe logo chegará, e eu sei que ela vai ir te ver.

Depois da tempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora