Capítulo 3.

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- Você vai ter que me perdoar – Ellen começou, depois que eu havia recém-chegado em sua casa –, mas eu quero conhecer ele.

- Claro – falei, cínica – E seu namorado está tranquilo com isso?

Ela semicerrou os olhos, seu nariz franzindo como um cão rosnando.

- Você não falaria nada, certo? Só quero falar com Lucca. Saber da vida dele e tudo mais. Você não tem nem um pouco de curiosidade? – ela deitou-se em sua cama e eu me contive com um dos pufes coloridos que havia no chão de seu quarto.

- Ellen, abre os olhos. Ele é um cara de vinte e dois anos que fez sucesso cedo demais para ter noção do que fazer com a vida dele. Você mesma vê as notícias. Ele só sabe comer garotas e gastar dinheiro com, sei lá, carros.

Ellen virou o rosto dela para mim, ainda deitada sobre o travesseiro.

- Você acha isso mesmo? Não acha que há nenhum ser humano por baixo?

- Não consigo acreditar nessa possibilidade – bufei, por fim. – Só quero um pouco de sossego em meu aniversário.

- Eu sei. – Ellen resmungou. – Peço desculpas por não ter te ajudado a se levantar depois que você caiu no chão toda suja de bolo, ao lado de uma celebridade, e com um vibrador entre vocês. Simplesmente não consegui conter minha emoção dupla – tanto em segurar a risada quanto em vê-lo de perto.

Balancei a cabeça negativamente. Aquilo era o máximo de desculpas que eu conseguiria e eu não poderia desperdiçar a chance.

- Tudo bem, Ellen. Não se preocupe com isso. Afinal de contas, não foi culpa sua, você me alertou sobre o boato. A única coisa que posso culpar você é se Josh aparecer brincando com aquilo pela casa. Fala sério, um vibrador?

Ela caiu na gargalhada. Eu também ri um pouco, mas nada que fosse o suficiente para conseguir diminuir minha raiva sobre as situações que eu tinha passado em um único dia.

- Anda logo, Luna, desembucha. Estou vendo em sua cara que você está precisando soltar os cachorros.

E na mesma hora que ela me deu a bandeira verde, eu me pus de pé e comecei a andar de um lado para o outro, as palavras saindo rapidamente de minha boca.

- Eu fui tomar meu banho e logo depois que você foi embora, ele apareceu em meu quarto, Ellen! Abriu a porta da porra do banheiro e estava pelado, puxou a cortina que nos separava, tudo em um milissegundo, e nós caímos enroscados na banheira! – peguei fôlego e continuei, enquanto Ellen estava com os olhos arregalados e o queixo caído – Ele ficou lá, sem roupa, e eu do lado dele, e ele me sujou de novo e, de repente, Josh entrou no quarto, e nos viu daquele jeito! Ele ia avisar Lucca que seu quarto não era mais aquele, mas, ei, lá estávamos nós! Pedi para Josh me alcançar uma toalha porque Lucca não me deixava sair com a cortina arrebentada, e então ele mandou o irmãozinho sair de lá, porque aquilo não era coisa para ele ver. Mas, Deus do céu, Josh havia tocado num vibrador minutos antes! E, porra, eu não tinha jeito de me levantar daquela banheira e me embrulhar na toalha sem ele ver minha parte de trás todinha sem roupa. – Ellen já estava gargalhando. – E ele ainda teve a cara de pau de dizer “bela bunda”!

- Garota, você está encrencada! – e deu mais algumas risadas. – Você viu Lucca Hart pelado? E está com raiva?

Eu rolei os olhos e grunhi de raiva.

- Argh, você não entende! Ele quer sempre sair por cima das situações, mas eu não sou uma dessas fãs adoidadas que daria tudo pelo que eu estou passando. Eu quero me livrar disso, Ellen, quero muito. Você sabe que não posso viver com minhas emoções oscilando dessa forma. Eu preciso de estabilidade, pelo menos por muito tempo ainda. – e deixei-me cair no pufe depois de tantas palavras vomitadas. Continuei ali, parada, enquanto percebi Ellen pegando seu notebook de cima da cabeceira e o abrindo.

Depois da tempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora