Partir.

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vou dar uma segurada nos capítulos.

foi mal demorar, tava meio desanimada (:

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Camila olhou ao redor, a cadeira de couro parecia engoli-la, o desconforto por estar ali era palpável. Ela sabia o porquê, já que ela havia esperado por isso o ano inteiro e pouco antes dela completar dezoito já havia sido chamada para se sentar de fronte à freira que diretorava o orfanato. A senhora era pequena, quase compactada por causa da idade avançada, pele enrugada e um óculos de lente muito grossa na ponta do nariz. Uma senhorinha adorável e que cheirava como idosa.

- Aceita um chá, querida? - perguntou sem olhar para Camila, lentamente mexendo uma colher em sua xícara que exalava o cheiro doce do líquido.

- Não, obrigada. - forçou um sorriso.

- Bom, então vamos ao assunto. - pigarreou e uniu as mãos sobre a mesa de madeira escura. - Sabe que não podemos acolhê-la após completar seus dezoito, certo? - Camila assentiu novamente. - Mas pelo o que consta você conseguiu uma bolsa em Cambridge...

- Sim. - sorriu orgulhosa. - Para Ciências Naturais.

- Então pretende realmente ir para a universidade? Isso é ótimo! - sorriu curiosa. - Temos que acelerar os papeis da matricula... Muitas órfãs optam por não continuarem os estudos... Mas, apesar do assunto ser de interesse mútuo, devo dizer que temos algo um pouco mais difícil de tratar.

- Oh certo... - Camila se encolheu na cadeira.

- Nunca teve conhecimento disso, pois nós não podemos falar do passado de nossas crianças antes delas atingirem a maior idade... - ajeitou os óculos sobre o nariz, parecia desconfortável, sua mão enrugada pousou sobre um pequeno amontoado de folhas. - Esses são todos os registros que temos sobre você... Sobre sua vida antes de ser deixada aqui orfanato.

Camila engoliu em seco, seu estômago parecia um buraco, ela encarava os papéis como se fossem o objeto mais precioso naquela sala.

Asmodeus se recostou sobre a mesa, tinha o olhar sobre a garota.

- Eu não sabia que isso existia. - murmurou. - Pensei que só fosse me dizer que eu estava despachada...

- Oh não! - a freira riu e voltou a se recostar na cadeira. - Nós não jogamos nossas meninas sem amparo na rua... Buscamos diversas opções para as que não têm nenhum amparo familiar, assim como você.

- Eu não tenho nenhum familiar então? - murmurou em chateação.

- Creio que não, querida... - suspirou lento, os olhos de Camila se abaixaram para suas mãos. - Você foi deixada aqui por um tio distante, procuramos por muito tempo algum outro familiar seu, mas nada além de pontas soltas...

- Pontas soltas? - franziu o cenho. - Esse homem, meu tio... - falou com estranheza. - Ele me deixou aqui porque?

- Primos distantes... - deu de ombros. - Ninguém corajoso o suficiente para lidar com uma criança. Creio que esse seu tio também não tinha estruturas para tal alto.

- Entendo. - forçou um sorriso. - Mas e... Mas e os meus pais?

A senhora piscou lento, pensando se deveria ou não ser a portadora das notícias.

- Creio que tudo o que procura está aqui. - tocou os papéis novamente. - São registros policiais, seus registros e documentos... Burocracia necessária, certidão de nascimento e tudo mais.

Camila sabia que aquilo não significava coisa boa, mas aceitou que aquele seria o rumo das coisas. Pegou os papéis, seguros em um plástico, pareciam pesar uma tonelada apenas pelo o que significavam.

Asmodeus.Onde histórias criam vida. Descubra agora