Uma Herança diferente!

A voz dele

O sol estava surgindo entre enormes ondas de neblina, e minhas malas já estavam prontas, e enquanto puxava o zíper para fechar minha consciência lutava com fortes argumentos para me fazer ficar, enquanto minha razão deixava bem claro como era importante eu ir.

Parada olhando para as listras do papel de parede uma decisão surgiu em meios aos furacões da minha alma, eu não iria e pronto. Eu sou Hanna Shulman a garota que sempre lutava pelos indefesos da escola, à que sempre dizia "Não" para alguma injustiça, essa sou eu e não seria agora que mudaria!

Horas se passaram, estava jogada na cama com as mãos erguidas com um livro em frente ao rosto, já tinha perdido as contas de quantas ligações e mensagens o Senhor Ford tinha feito, sabia que se atendesse iria acabar mudando de ideia.

Estava tão agitada, tinha muita adrenalina no meu sangue, era engraçado, fazia tanto tempo que não me comportava desse jeito, parecia ate que estava desobedecendo o vovô, ri alto enquanto cortava um pão. De longe ouvi meu celular tocar de novo e como instinto peguei para ver quem era, e o número que aparecia na tela era desconhecido.

Sem querer acabei atendendo e uma voz grossa e estridente que me fez tremer surgiu dizendo:

- O que pensa que está fazendo?

- Alô? Quem tá falando? Como assim?

-Senhorita Hanna não brinque comigo, não teste até onde vai minha paciência, lhe garanto que não muito longe! Há três horas atrás você deveria ter embarcado em um voo e por acaso nem saiu de casa.

-Senhor...Victor? Como sabe meu número?

- Isso não importa! Criança... Não pense que pode escolher seus caminhos, pois não pode. A senhorita e todos os membros de sua família estão vivos por minha causa! Mas eu posso simplesmente acabar com tudo, então você tem uma hora para estar no aeroporto, ou então...

- Então o que?! Senhor Victor sei lá o que, eu não tenho medo de você, e não pense que pode me ligar e me  ameaçar eu não irei, não farei o que deseja!

- Ah a Senhorita fará sim, se ama seu pai e tudo o que tem virá ate mim ou irá provar como é ruim estar perdida na escuridão.

-Hey... Alô? Desligou?!

Meu coração está a mil, como ele tinha meu número ou sabia que não tinha saído de casa? Não pode ser, será que está me vigiando?
Isso é loucura, não posso pensar nessas coisas, esse Senhor Victor não parece flor que se cheire, tenho que ir mesmo não tendo vontade, mas não posso me dar ao luxo de provar tudo o  ele que disse...

Não sou mais uma menininha, fugir não é mais resposta para os medos. Ao atravessar a porta me prometi que largaria tudo por amor ao meu pai, por todos que não faziam ideia, porém teria um preço, e o Senhor Victor pagaria!