Sonhos

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Alice seguia por um caminho estreito repleto de flores grandes e coloridas que pareciam ter rostos humanos mas não abriam o que deviam ser os olhos. No entanto, quando ela lhes dava as costas, as flores davam uma olhadela e voltavam a ficar inertes como se fossem desenhos.
Alice se perguntou se quantos dias haviam passado, já que o tempo de noite e dia eram diferentes do seu mundo, e ela acreditou que poderia estar perdida ao menos uns três.
Não saber o tempo em que as coisas passavam deixava Alice frustrada, mas ela decidiu pensar naquilo depois e dar mais atenção ao caminho que se tornava mais amplo conforme ela andava. De repente, uma melodia doce e lenta pôde ser ouvida de um ponto mais à frente na floresta colorida.

- Uma música estranha. - Ela notou, ouvindo o som das cordas de uma harpa soando cada vez mais suave. - É tão triste.

A música foi diminuindo sua força aos poucos, e quando Alice chegou a uma clareira onde tinha certeza que estavam tocando, não havia nada lá.

- Mas isso não faz sentido algum. Olá! Ouvi você tocar uma música!

Silêncio, nada além disso.
Alice franziu o cenho e se perguntou se realmente ouviu ou imaginou aquilo, afinal, músicas não surgem do vazio. Foi então que a música voltou a tocar com leveza, dando um sono a Alice, que se sentiu cansada e deitou na grama de forma involuntária.
Seus olhos pesavam cada vez mais, e ela tinha consciência e não queria dormir, mas seus olhos fechavam como se uma força maior os controlasse.

- O que está acontecendo? Eu não quero dormir, não quero.

Seus olhos se fecharam e a música embalou seu sono forçado.
Logo, um sonho estranho começou a tomar forma, confundindo a mente de Alice.
Seu pai a segurava no colo, ela era apenas um bebê envolto em um manto violeta.
Incrédula, Alice via a cena de fora, estava ao lado do pai e ele sequer notava, pois não tirava os olhos do bebê.

- Você é a menina mais linda deste e do outro mundo, princesa. - Alice ouviu a voz do pai muito claramente, e seus olhos encheram de lágrimas, vendo também ele fazer um carinho na bochecha do bebê que ela foi um dia. - Você tem tanto o que aprender, mas não se preocupe, sua mãe e eu vamos lhe ensinar tudo.

Alice franziu o cenho e viu a cena mudar, se dando conta de que agora ela tinha cinco anos e estava no colo de sua mãe, que lhe contava uma história.

-. .  E nesse mundo existe um céu colorido, repleto de estrelas mesmo á luz do dia. As sereias são lindas e as pérolas enfeitam suas mãos e calda.

- Sereias? Eu gostaria de vê-las! - A pequena Alice disse radiante.

A mãe dela deu uma leve risada quando a pequena sobressaltou e seu colo e a abraçou de surpresa.

-  Ah sim, um dia você conhecerá todas essas coisas e será a grande rainha do mundo que foi de sua mãe. Saiba que não há como evitar a sua ida para o País das Maravilhas, e eu espero que quando você for, aprenda o máximo que puder sobre o povo, e que os ame mais que a si mesma.

A Alice jovem se ajoelhou aos pés da mãe com um choro incontrolável banhando seu rosto, a saudade era tanta que ela não conseguia falar, mas a pequena Alice fava tranquilamente.

- Por que você não é mais rainha, mamãe?

- Ora, porque eu escolhi amar o seu papai e ser a mãe da menina mais preciosa e bondosa dos dois mundos.

- Mas você não sente saudades de casa? - A pequena Alice perguntou.

A mulher fez um carinho no rosto da pequena Alice, e a Alice do presente, se surpreendeu ao sentir o toque em sua face.

Alice e o Chapeleiro (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora