Minha mãe me acordou quinze minutos antes do previsto, me deu uma calça jeans azul dobrada nas barras e uma blusa sem mangas para eu vestir. Aposto que a maioria das pessoas estarão vestidas assim, mas não estarão tão nervosas quanto eu.
Ela prendeu meus cabelos em um coque muito bem preso e então me examinou de cima a baixo, checando se não havia nada de errado. Quem diria que eu seria como uma cópia de minha mãe, o mesmo tom de pele morena e formato do rosto.
- Irá mesmo com essas botas? - pergunta, usando seu tom delicado.
- Eu gosto delas, me sinto mais confortável. - digo, tentando parecer menos aflita, mas mamãe me conhecia bem. Não tem como mentir para ela.
- Vai dar tudo certo - meu pai diz, entrando na cozinha sorrindo.
- Não tem o que temer. - ela diz.
- Vai doer? - pergunto aos dois, já que fizeram isso uma vez.
- Não muito - ele diz. - As agulhas são finas.
- Tá bom, isso ajuda um pouco. - Quem eu estou querendo enganar? Meu medo cresce mais e mais.
Ouço o som da marcha dos soldados, seus passos eram firmes e distintos. Um bate em nossa porta, e mamãe foi abri-la. Um homem jovem, robusto e vestido em uma farda azul tão escura quanto o céu à noite adentrou em minha casa pedindo licença.
- Emma Walker, está pronta para ir? - o encaro, e ele não tinha aquela expressão carrancuda como a do outro soldado que veio buscar Logan.
- Estou. - um pouco hesitante, vou até ele.
O soldado me guia para fora colocando a mão em minhas costas, a luz da manhã quase me cega no momento em que saio.
Quando minha visão se acostuma com a luz repentina, vejo muitos dos filhos de meus vizinhos saindo de casa na companhia de mais soldados e alguns fotógrafos da Divisão 3. São todos do jornal, eu presumo.
Milles estava mais à frente, depois dos gêmeos Heartlock, sua expressão era calma. Nem parecia assustado.
Sarah Marks estava ao meu lado, agitada como sempre.- Oi, Emma. - sorri falsamente. Eu a ignoro e continuo andando, apertando o passo junto ao soldado que me escoltava até o caminhão preto à frente. Ridícula, ela e a família.
Todos os familiares dela odeiam os meus, e o motivo é que eles nos rebaixaram de divisão na época de meus avós. Por uma falsa acusação de roubo de estoque, tal coisa que foi provada ser mentira. E como consequência, eles foram para a Divisão 5.
- Senhorita Walker, vá com calma. - ele pede, não ordena. Tenho quase certeza de que ele não é daqui.
- Olha, soldado...
- Tonelli.
- Isso - sorrio forçadamente. - Quanto mais rápido isso acabar, mais rápido saberei se volto para casa.
- Permita-me dizer que, no momento, você não tem casa ou uma Divisão. - diz, calmamente. - É somente uma pessoa que descobrirá seu lugar. - Eu até diria algo, mas optei pelo silêncio. Não quero conversar com ninguém até chegar à Torre de Controle.
Caminhamos mais um pouco até chegarmos ao veículo que me levaria para uma vida nova, ou não.
Ao entrar e me sentar, encaro vários jovens com os rostos apreensivos e fitando o nada sentados nos bancos de couro preto. Não conheço nenhum deles, e acho que a maioria são da Divisao 5.- Oi - diz uma garota loura ao meu lado, não havia notado sua presença. - Zoey Denison, Divisão 5. - sorri e oferece a mão para um cumprimento.
- Emma Walker, Divisão 4. - aperto sua mão e depois a solto. Ela me analisa com o olhar, e sorri em seguida.
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ZETA
Science FictionVersão final do livro revisado e corrigido no link: https://loja.uiclap.com/titulo/ua31563 Durante a Quarta Guerra Mundial, alienígenas interferiram nos conflitos. Pregando paz e ordem para a vida dos humanos que, desesperados e assustados, aceitara...