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Não há soldados no Ponto 7 e não vejo drones no céu. Voltamos à mesma posição da última vez, mas é diferente agora.

O cuidado que temos que tomar deve ser mil vezes maior do que antes. Estou atenta e não vejo nenhuma movimentação estranha.

Relaxo os meus olhos, Zachary disse que consigo ver melhor à noite quando eles estão ativos. Parece que têm um sensor de movimento que só eu vejo, e outros 100% devem ver também.

- Aparentemente está tudo limpo aqui. - diz Zachary com seus olhos ativos.

- Não podemos ser descobertos. - digo, apreensiva.

- Vamos ficar bem. - ele tenta me confortar.

- Acredito em você. - sorrio, Zachary retribui o sorriso.

Apesar de ainda estar com uma sensação ruim, não posso deixar isso me atrapalhar. Não posso falhar hoje.

Teremos que ir em divisões separadas, Milles e eu iremos à Divisão 4. Zachary não virá comigo, ele irá com Trissa e Glinder pegar a nave Tornado.

Tirar todas essas pessoas daqui não será fácil a pé, Tornado é grande e vai nos ajudar a levar quantas pudermos.

Devo estar apreensiva por ficar longe de Zachary, muitas possibilidades passam pela minha cabeça.

- Consigo sentir sua preocupação. - diz ele, o encaro. - Sempre tive cautela e não vai ser hoje que Cyrus vai me prender.

Levo minhas mãos à sua nuca e o beijo devagar, sinto sua tranquilidade e sua intensidade. Seus braços me envolvem em um abraço confortável e eu me sinto mais calma.

Ouço a sirene do toque de recolher, esse é nosso sinal.

- Nos vemos mais tarde. - digo, lhe dando um abraço apertado antes de me afastar.

- Prometo tentar não levar um tiro. - diz Zachary, rindo.

- Isso não tem graça. - balanço a cabeça e ele sorri mais ainda.

Milles e eu começamos a andar, a única coisa que precisamos fazer é deixar as pessoas cientes de que vamos tirá-las daqui.

E falar com a nossa família é claro, mas não podemos andar rápido e nem chamar atenção.

Nossos rostos são conhecidos.

Meu cabelo está preso em uma única trança, alguns fios soltos se movem com a brisa da noite. Assim deve facilitar minha movimentação.

Milles queria raspar a cabeça, mas Krista o convenceu a não fazê-lo. Seria estranho ver meu amigo careca.

Só a imagem dele sem cabelo algum é engraçada, começo a rir.

Em péssima hora.

- O que foi? - Milles pergunta, sussurrando.

O riso me impede de responder de imediato, eu não devia estar pensando nisso agora. Mas pelo menos tirou a tensão dos meus músculos.

- Não é nada - tento segurar o riso. - Só te imaginei careca.

Milles arregala os olhos e alguns segundos depois começa a rir.

- Não vai esquecer isso tão cedo, não é? - diz ele e eu balanço a cabeça.

- Vou contar isso aos seus irmãos.

- Pelo menos eles vão poder rir também. - Milles suspira. - Estou preocupado com a minha mãe, podemos ir à minha casa primeiro?

- Claro. - sorrio e ele também.

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