5.

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Acordei antes de todos, tomei banho, comi algumas torradas e bebi um suco de laranja tão azedo que mais parecia de limão. Assim que sai do subsolo, muitas pessoas estavam começando o expediente. Muitos me disseram bom dia e outros apenas continuaram a organizar suas mesas.

Apressei o passo e subi para o último andar muito esperançosa de que minha proposta à Cyrus seria ouvida.
Mais uma vez estou neste andar amplo e quadrado cheio de janelas, corro para a sala o mais rápido que consigo, e lá estava ele sentado em sua poltrona de modo majestoso.

Mais um terno peculiar, laranja como o suco azedo. Em nossa sociedade é muito curioso como os alienígenas se vestem, pelo menos para mim.

- Ora, Emma - sorri e me oferece um assento, o qual eu recuso. - O que a traz aqui tão cedo?

- Para eu aceitar o treinamento especial, deve se estender essa oportunidade à todos os aspirantes. - digo sem ao menos piscar, e ele me olha como se eu estivesse louca.

- Por que eu deveria aceitar isso? - pergunta claramente pensativo.

- Vi que você tem câmeras pela área dos soldados - Cyrus me interrompe levantando a mão.

- Tenho câmeras por toda a cidade - aperta um botão embaixo da mesa, e várias telas holográficas aparecem à sua esquerda. - Somente nas áreas externas, eu tento manter a privacidade das pessoas.

Engulo em seco, será que eu era vista quando saia? Não, pelo que vejo não há câmeras nos quintais atrás das casas. Vejo meu irmão na rua de minha antiga Divisão, meu pai está no campo e minha mãe está na Divisão 3. Não pude ver o que ela estava fazendo, pois Cyrus desliga as telas.

- Enfim - respiro fundo, voltando a encará-lo. - Seria uma grande oportunidade para todos nós e você teria soldados mais habilidosos.

- Hm - ele apóia a mão no queixo e semicerra os olhos, de repente sorri radiante. - Muito bem, passarão dois anos treinando como um 100%. - eu sorri, e me curvo levemente para agradecer.

- Obrigada, senhor Hottom. - caminho para a porta, feliz por conseguir o que queria.

- Emma - paro instantaneamente e olho para ele, que estava de costas e olhando para o sol nascendo. - Pelo que você luta? - parecia uma pergunta retórica do que uma de verdade.

Mas decido responder por educação:

- Pela minha família, eles são importantes para mim. - ele se vira e sorri levemente.

- Entendo. - E acena.

Saio e fecho a porta, seu comportamento é estranho e ao mesmo tempo interessante. Não consigo entender seu interesse tão profundo em meus genes, sou a primeira dessa geração a ter essa combinação.

Minha avó era uma das melhores soldadas da geração dela, ela contava cada história interessante.

- Uma vez, eu explodi uma nave hostil - dizia ela. - Eles estavam bombardeando a Divisão 6, eu tinha que fazer algo.

Como sinto saudade dela, ela sempre me dava os melhores conselhos de como ser eficaz, mas mesmo assim eu continuo parada aqui, sem ao menos saber o que devo fazer agora.

O melhor a fazer é voltar ao subsolo.

De repente, um raio de luz passa rapidamente pelos meus olhos e desaparece, veio do meu lado esquerdo. Ando devagar até as janelas, consigo ver a Divisão 5 e 4 separadas por uma grande estrada de terra. E mais ao fundo delas, a floresta que eu tanto visitava à noite.

Alguns soldados estão correndo para a Divisão 5, não deve ser nada. Mas ao olhar para o céu, vejo uma nave. Não é uma das nossas, é metálica e prateada. Parece um jato. E mais uma vez o faixo de luz passa pelos meus olhos de novo.

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