10 - Conspiração

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— Vem aqui.

Amelie pestanejou, e seus passos falharam ao se aproximar de Sky. Era como se estivesse num sonho profundo, e que a qualquer momento pudesse acordar. Sentiu seus lábios secos, e caminhou com lentidão, sentindo como os olhos azuis corriam por todo seu corpo com uma intensidade palpável.

— O que está a acontecer? — Forçou as palavras a saírem pois estas se tinham perdido dentro da sua boca. Pareceu um bebé que aprendera a soletrar.

Vem aqui. — O tom calmo fez com que ela sentisse um peso estranho em seus ombros, e parou a alguns milímetros em frente dele, com aquela expressão de quem dizia tudo e não dizia nada. Suspirou.

— Estavas a espera para ter a certeza que não faria nenhum escândalo na sua festa de casamento? — Indagou, porque foi a única coisa que lhe ocorreu de momento.

Ocean riu numa gargalhada gutural.

— Você me surpreende, Amelie. — Levou a mão ao queixo ainda sorrindo de maneira estranha. — Quando trabalhou comigo, o que foi que lhe ensinei de mais importante?

Ela franziu o sobrolho, nervosa demais para ter aquela conversa minuciosa, mas sabia bem que Sky gostava de enrolar até chegar ao ponto importante, e por isso se colocou a pensar.

— Que nós demonstramos aquilo que queremos que as pessoas vejam? — Tentou.

— Isso também. — Ele se levantou num salto, e o susto a fez recuar para trás. Seguiu até a mesa que continham alguns papéis e regressou com um envelope. — Quando duvidou de mim acerca da fraude, qual foi o maior motivo inicial?

Jones sentia o cérebro ficar pastoso e os nervos tomarem conta do seu corpo. Queria gritar para que parasse com aquele jogo e ao mesmo tempo perceber onde queria chegar, e por isso puxou pela cabeça.

— Er... Você nunca assina nada sem ler? — Chutou mais uma vez, e viu quando ele concordou com a cabeça e lhe estendeu o envelope. — O que tem aqui?

— Abra.

Engoliu em seco e as mãos escuras tremeram sem parar ao abrir o envelope que por falta de tacto acabou por ir ao chão. Ocean o apanhou.

— Eu não... — Não conseguia completar e o raciocínio lógico fugia como um rato escapa de um gato.

— Tudo bem, sente-se aqui. — A levou pelo braço até a Long Chaise, fazendo-a sentar e depois se agachou diante dela, no meio de suas pernas, e pousou o envelope no colo feminino. — Eu sei que dou uma importância ao dinheiro, até porque sou um homem com metade da cabeça virada para os negócios.

— Metade?

— Sim, metade. — Afirmou com toda calma do mundo. — Naquele dia no Iate, Amelie, você assinou um acordo Pré-nupcial.

Os olhos dela se abriram como dois pires e o coração quase parou de bater. Sacudiu a cabeça como se não tivesse escutado direito.

— Eu enchi sua cabeça com o assunto das acções para o nosso filho, apenas para te distrair, porque te conheço bem o bastante para prever todas suas reacções daqui até mil anos. — Exagerou como só ele saberia.

— Se eu tivesse lido... — Pensou mais para si do que para contrapor.

— Você não leria. — Anuiu com sinceridade. — Eu conheço você, e por isso perguntei uma vez, se você me conhece.

— Eu conheço. — A voz dela embargou e todos os pelos do corpo estavam eriçados.

— Se me conhecesse, teria entendido há muito tempo o que eu estava a fazer. — Se soergueu e deixou as mãos deslizarem para dentro dos bolsos. — Há uns meses eu te disse que era homem de uma mulher só. E há bem pouco tempo naquele mesmo iate eu te disse que a minha alma era exclusiva sua.

Something About Ocean 2: Coração FeridoOnde histórias criam vida. Descubra agora