─ Se afastem! ─ Ocean empurrou as pessoas à sua frente, cortando o caminho pelo meio da multidão, mas sentindo que era ele quem estava praticamente cortado ao meio.
Despedaçado seria a palavra ideal.
─ Senhor. Não pode passar! ─ Uma mulher que estava por trás das faixas amarelas e vestida com um uniforme militar o impediu de continuar. Era negra como a noite e usava tranças longas por baixo do chapéu.
─ É a minha mulher que está lá dentro. ─ Não havia mais nenhum traço do homem contido e reservado. Agora o rosto reflectia um infinito de sombras que indicavam desespero, impotência e o quanto estava perdido.
─ Tudo bem. ─ A mulher deu sinal para que o deixassem atravessar e andou em todo o estilo firme até se aproximar. ─ Antonella Emiliano. Chefe da Esquadrão Anti-Bombas.
─ Como ela está? Quando vão tirar ela lá de dentro? ─ Tentou caminhar até lá onde um grupo de homens altamente equipados trabalhava perto de alguns bombeiros, mas foi impedido por Antonella.
─ Senhor Sky, nós estamos trabalhando. Soube que contactou até o Exército Nacional, mas lhe peço para ter calma. ─ Ela era firme ao usar as palavras e olhava nos olhos dele sem pestanejar. Isso ganhou sua confiança.
─ Calma? ─ Ocean riu de nervoso.
─ A bomba colocada dentro do carro de sua mulher é muito avançada. De criação minuciosa e por isso o Esquadrão Anti Terrorista vai tentar intervir. Ela estava marcada para acionar após uma distância certa percorrida, mas não temos certeza se não poderá explodir no caso de abrir as portas. Foi muito bem elaborada e precisamos de tempo e cuidado certeiro. ─ Não dizia nada que Sky já não soubesse e por isso a veia da sua testa começou a piscar involuntariamente. Não tinha por onde se acalmar, era como segurar na barra de um ferro quente com as mãos besuntadas de manteiga.
─ Eu sei tudo isso. ─ Tentou não gritar e detestou quando a mulher colocou a mão no seu ombro, numa clara tentativa de o dar uma força que não serviria no momento. Não queria nada daquilo, só queria Amelie em seus braços.
Ao longe o carro preto brilhava e por trás das linhas amarelas podia-se ver as pessoas que filmavam e fotografavam sem parar. Ocean levou a mão para a boca, precisava pensar e tudo dentro da sua mente parecia nublado como num dia de chuva. A bomba não tinha sido implantada na GaSky, não tinha como e as câmaras não mostravam ninguém a se aproximar do carro.
Patrice Walker queria que fosse estrondosamente fatal, no meio de uma estrada movimentada e de preferência que causasse acidentes, tal como tinha acontecido com eles, há poucos anos.
─ Você matou a mulher da minha vida e agora vai sentir a dor da perda. ─ Foi o que lhe disse ao telefone assim que Amelie deixara as instalações da maior empresa de Gás do país. ─ Dessa vez não vão sobrar aleijados e desfigurados. Vai ser ao retalho, não vai restar nada para colocar dentro do caixão. A última lembrança que terá dela será alguma parte do seu corpo espalhada pela calçada.
Ocean tinha vomitado.
O pai dos seus sobrinhos estava claramente louco, a Heaven já não o amava fazia muito tempo e era ele quem a perseguia sem parar, obcecado em reatar o casamento. Deveriam ter tomado medidas imediatas naquela altura, mas deixaram as águas correrem na esperança de encontrar outros rios e tudo o que tinha restado era a lembrança do banho de sangue. Do corpo destruído, da falta de locomoção de Walter. E o maldito ainda tinha sobrevivido! Não era justo e não iria destruir sua família mais uma vez.
─ Sky.
Levantou os olhos azuis brilhantes para encontrar a figura alta e esguia de Janine Keating. Ele deixou um riso amargo.
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Something About Ocean 2: Coração Ferido
RomantizmLIVRO II Mesmo após provar sua inocência, Ocean viu sua assistente partir sem poder se explicar, deixando um horrível sabor da decepção em sua alma. Decidido a seguir a sua vida, marca a data do seu casamento com Rebecca. Cada vez mais fechado e...