12 - Enlace de Amor

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─ Acho que ainda não nos conhecemos ─ O homem esticou a mão com um sorriso incandescente de quem passava a vida toda a fingir ser amável.

─ Leon Jones. ─ Ocean afastou a cadeira de couro para se sentar, mas voltou a colocar as mãos dentro dos bolsos das calças formais. Em seguida aguardou que o senhor se sentasse e só então fez o mesmo.

Ali dentro da sala do escritório nada coincidia com o barulho de música vindo do lado de fora em comparação com o lugar sóbrio de cores cinzas e beges, e estantes embutidas repletas de livros de edições raras.

─ A que devo a honra? ─ Foi irónico o bastante e finalmente repousou os braços em cima da grande mesa de mogno castanho-escuro e brilhante. Não se via nem um papel ou algo fora do lugar, sem contar que os poucos objectos que se encontravam em cima do móvel estavam organizados milimetricamente como se fizessem parte do conjunto vindo da fábrica.

─ É o casamento da minha filha. ─ Leon esboçou mais um dos sorrisos dignos de uma publicidade da televisão em horário nobre, ou de um vilão dissimulado das histórias de princesas.

─ Não me lembro de ter sido convidado. ─ Sky rebateu com uma calma assustadora pelo tom de voz rouco e amargo.

─ O que soa um pouco injusto não acha? ─ Tossicou para aclarar a garganta e se prostrou no assento tal como se estivesse numa cama em sua própria casa.

─ Tenho certeza que a Amelie não é a primeira de suas filhas a contrair matrimónio, e até onde sei nunca se indignou por não fazer parte... Pelo contrário. ─ Contestou sem pestanejar. Os olhos azuis da cor do céu e do mar estavam bravios.

─ E é a hora de começar a mudar isso. Nunca é tarde para os acertos. ─ Jones molhou os lábios com a língua assim que os olhos encontraram a magnífica garrafeira com bebidas distintas e de reservas exclusivas. ─ Não me vai oferecer nada para beber? A viagem foi longa.

─ Não tenho nada para o oferecer! ─ Foi grosso como só ele saberia ser, até porque já tinha escutado várias das histórias tristes sobre como as irmãs Jones tiveram de se virar a medida em que o pai trazia mais uma nova irmã para casa, e sumia pelo mundo a fora.

─ Aposto que tem. ─ Leon se levantou com um sorriso mesquinho, e seus passos cheios de charme o levaram até a garrafeira, parando para observar qual das garrafas iria abrir primeiro. Sorriu de lado ao sentir o fogo dos olhos que o encaravam.

─ Se não for breve, temo que deverei chamar os seguranças senhor Jones. De salientar que não sei como passou por eles. ─ Advertiu ao sentir seu território sendo invadido mais uma vez e tão facilmente.

─ Mostrei o meu documento, disse que estava atrasado. Provavelmente não devem ter imaginado que não teria um convite, afinal sou o pai da noiva! ─ Exclamou num tom óbvio demais e finalmente se decidiu por um Chatêau d'Yquem 1811.

─ Pois bem. ─ Ocean perdeu a paciência e levantou o auscultador do telefone em cima da mesa pronto para se livrar da figura que viera interromper o seu bendito casamento, e ainda se atrevia a violar a sua garrafa que custava no mínimo cento e trinta mil dólares.

─ Eu me encontrei com o Mirko. ─ Leon se serviu do vinho branco e se voltou a tempo de ver o genro pousar o telefone e o encarar de tez pálida. ─ Tivemos uma conversa interessante.

O semblante de Sky mudou num instante, e sua tez empalideceu mais do que era possível. Permaneceu calado ao ver Jones se sentar à sua frente, e degustar do vinho com todo cuidado de quem conhece o valor do que consumia.

O que quer?

─ A Amelie já sabe que...

─ Eu perguntei o que quer. ─ Sua voz soou rude, e devagar fechou o punho, enquanto via o sorriso esperto no rosto de Leon surgir como um predador que encontrou a sua caça.

Something About Ocean 2: Coração FeridoOnde histórias criam vida. Descubra agora