EPÍLOGO (Parte 1)

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Ocean estava deitado na cama em frente a piscina. Walter brincava na água azul e brilhante e também conversava alguma coisa com a pequena Line, mas Marlon parecia inquieto por conta da festa que acontecia no interior da casa, tanto que deixou os amigos e se aproximou com os olhos castanhos traquinas e todo molhado. Escalou a cama sem dificuldade nenhuma e não tardou a molhar Sky com a água que escorria de seu corpo pequeno e magro.

Rodrigo estava sentado ao lado, bebia um gin tónico contra todas as possibilidades daquele sol quente que os queimava. Ele e Teté tinham finalmente se entendido após tantas brigas, mas começavam a levar o relacionamento com calma.

─ Tio? ─ O Pequeno Falcão estava curioso e aguardou enquanto Ocean levantava os óculos escuros e sentia a sombra minúscula atrapalhar o seu bronzeado, pois estava sem camisa e apenas de calções de banho.

─ Eu imagino o que lhe incomoda. ─ Respondeu sem pressa, as gotas frias que chocavam contra sua pele quente não pareciam o afligir de todo, pelo contrário, permaneceu quieto mesmo quando o menino se sentou no seu colo.

─ Não é injusto que não nos deixem participar da festa? O bebé é minha irmã e é minha mamãe que é a dona dessa casa. ─ Parecia mesmo indignado com o facto de ter que ficar na piscina quando claramente estavam a divertir-se lá dentro.

─ É um Chá de Bebé, Marlon. Lá elas podem falar sobre coisas que não devemos escutar. Compreende? ─ A voz rouca estava preenchida por toda uma paciência nova, até lhe passou a mão pelos cabelos curtos e cheios de caracóis.

─ Mas e os doces? Você não quer doces? ─ Jogou aquilo como se fosse a maior justificação para a falha que sentia em não entrar na sala onde várias mulheres estavam reunidas aos risos e alguma gritaria que às vezes chegava do lado de fora.

─ Já deveria saber que detesto doces, é coisa para crianças. ─ Retorquiu num tom de brincadeira, embora estivesse com uma expressão séria que muito bem casava com o rosto esculpido.

─ Se doce é para crianças então nós deveríamos ir. ─ Apontou para Walter e Line na piscina a brincar e se sentiu traído por eles não o ajudarem na causa que parecia de vida ou morte.

─ Porque aqueles doces são apenas para mulheres. ─ Ocean tinha um olhar divertido em ler a expressão revoltada no rosto do menino.

─ E por que são diferentes dos doces das crianças? ─ Persistiu.

─ Porque tem uns formatos esquisitos. ─ Respondeu e ouviu Rodrigo rir baixo, pois nunca imaginou vê-lo naquela situação.

─ Que formatos? ─ Marlon não parecia querer desistir até estar satisfeito com uma possível explicação.

Ocean prendeu o maxilar.

─ Podemos negociar? ─ A voz rouca se mostrou branda.

─ Já não me engana com sorvete como quando não queria ter a conversa de homem. ─ Ainda por cima tinha uma boa memória. Ele queria os doces, não de nenhum outro lugar que não fosse daquela pequena festa a qual tinha sido excluído.

─ Você está esperto... ─ Fez um ar pensativo. ─ Aceita uma contra proposta?

Rodrigo revirou os olhos, sabia muito bem o que o irmão fazia. Ensinava as crianças desde cedo a aprender a Arte de Negociar. Até tinha lido o livro dele, pela metade, pois tinha achado cansativo.

─ Vinte dólares.

─ Meu Deus, Ocean! O que anda fazendo com a cabeça dessas crianças? ─ Pistachio não escondeu a indignação. Parou até de beber só por poucos segundos.

Something About Ocean 2: Coração FeridoOnde histórias criam vida. Descubra agora