Bónus - Meu Maior Amor

12.7K 1.2K 487
                                    

Os Agentes Paula Clara e Lawrence Harris se entreolharam ao ouvir a declaração de Ocean Sky. Os dois não pareciam compreender o que aquilo significava, pois discordavam totalmente.

Estavam numa sala fechada, pintada de um azul gasto e com uma mesa de metal no centro. Por cima uma lâmpada redonda os iluminava e na parede de frente tinha um grande espelho que parecia escuro, mas que era bem nítido para quem estava do lado de fora.

─ Senhor Sky, se me permite. ─ A Agente Clara parecia cansada. Aquela cidade estava atormentada de casos novos e perigosos. Tinham de dar conta de quase tudo, pois os casos mais estranhos sempre vinham parar nas mãos deles. Principalmente o de Jean Noir que tinha tido um desfecho que ninguém jamais saberia desvendar. Coçou as têmporas, seus cabelos presos num rabo-de-cavalo estavam um pouco desarrumados. Ao lado, seu colega negro e sério tinha os braços cruzados e só não vociferou como sempre fazia porque estava diante de uma personalidade muito bem influenciável dentro daquele departamento policial.

Ocean estava calmo, de rosto taciturno e barba por fazer. Seus olhos azuis estavam fulminantes, vestia uma camisa preta de magas curta e uns calções um pouco acima dos joelhos, lhe dando um ar mais jovial e mesmo com as Cicatrizes a mostra, parecia muito suave em toda sua estatura.

─ Nós temos uma confissão do senhor Walker, onde ele implica Allan Masen Newman como seu cúmplice. ─ A agente continuou um quanto indignada.

─ Eu sei. Eu estava lá. ─ O tom de voz rouco de Sky era muito sensual, assim como toda confiança que exalava. Sentado com a perna cruzada num quatro e a balançar o pé de leve, parecia o próprio dono daquele espaço. ─ Quero que retirem essa parte da acusação.

Quer? ─ Lawrence não se segurou, deixando uma gargalhada sarcástica no ar. ─ Como assim quer?

─ Ele confessou alguma coisa? ─ Ocean perguntou, mexendo pouco os lábios e olhando devagar de um para o outro, os intimidando de certa forma.

─ Nós conseguimos prendê-los, apanhamos primeiro um e depois outro. É uma questão de tempo até que confesse perante o tribunal. ─ Clara era mais paciente, mas naquele dia estava quase a perder a cabeça.

─ Até onde sei, Patrice Walker terá alterado a sua confissão, afirmando que teria dito aquilo apenas para me desestabilizar. Uma acusação sem provas não deveria ter fundamento. ─ Continuou, certeiro e cuidadoso com o que falava.

Lawrence coçou a testa.

─ Por isso o chamamos aqui. Como explica que ele tenha comprado a sua mansão na mesma noite que sucumbiu em chamas? Eu sei o que estão a tentar fazer, mas não é correcto. ─ O agente disse com a sua expressão exasperada.

─ Meus trabalhadores recebem bem, se quiser deixar a carreira de policial pode me contactar que vejo o que faço. ─ Ironizou como só ele saberia fazer e viu os risos irritados dos dois agentes.

─ Sempre o tive como um homem sensato, filantropo e justo. ─ Clara tentou polir o ego dele, sabia bem como aquele homem gostava disso.

─ Isso é o que pintam nas revistas, saiba que manipulei a minha mulher grávida só para lhe dar uma lição antes de se casar comigo. ─ Redarguiu todo cheio de graça, causando risos escondidos nos dois à sua frente.

─ Tudo o que quero é que Patrice vá preso e pague pelos crimes cometidos. Quanto ao Allan não vejo como pode ser implicado sem provas concretas e com confissões tão distorcidas.

Lawrence bateu na mesa com as duas mãos fazendo um som oco escapar pelo ar.

─ O senhor Sky tem as provas e nós, as especulações.

Something About Ocean 2: Coração FeridoOnde histórias criam vida. Descubra agora